O ARTISTA ALÉM DO REAL
"Essa é atual realidade do cinema brasileiro: esqueceu-se totalmente o lúdico, o alegórico, o salto além. Não que não existam belas produções que procuram mostrar a realidade brasileira (o próprio Madame Satã). Mas, ao meu ver, já é mais do que hora do cinema brasileiro transcender. Nossos cineastas são a elite econômica e intelectual fascinada por suas empregadas domésticas, por locações no nordeste ou em favelas cariocas."
O que vai ter gente me xingando por esse texto... Mas que ao menos alguns aprendam o recadinho. Está no Portal Literal, meio um resumo do que disse no meu seminário na Puc-Rio. Uma crítica ao realismo no cinema e na literatura brasileira atuais. O link:
http://portalliteral.terra.com.br/
No Portal Literal também tem uma entrevista com o Botika, um jovem autor carioca que lançou seu primeiro romance pela Azougue. Nunca li. Fui apresentado só de passagem, mas basta ler três linhas do texto dele ("Búfalo", lá no Portal) que já se vê que o cara sabe o que está fazendo. Pois é, é tanta gente nova, tantos textos que me mandam e tanta bobagem... Daí a gente vê que para reconhecer um novo escritor basta uma espiadinha. Dá uma espiadinha nesse Botika, lá no Portal.
Também está no ar uma entrevista bem divertida que dei para o Armazém Literário.
A frase "todos os prazeres são orais" sintetiza bem o sentimento que rege o livro. É um livro muito sexual. Mas pelo fato do protagonista ser um jacaré, isso é colocado como uma necessidade de comida. É uma alegoria óbvia, sim, mas muito verdadeira, porque o prazer do sexo tem muito a ver com introjetar o outro, colocá-lo para dentro, incorporá-lo, seja você ativo ou passivo, homem ou mulher.
Dá para ler na íntegra no: http://www.armazemliterario.com.br/
E recebi esta semana (finalmente) a edição portuguesa de A MORTE SEM NOME. Ficou linda. Eles se basearam na ilustração da mulher de costas (que é do meu pai) e colocaram uma foto semelhante, só que mais "cinematográfica". O mais interessante foi as páginas pintadas de vermelho (nas bordas). Bem sangrento... E tem uma apresentação do escritor português José Luís Peixoto. Trecho:
"As páginas deste livro, aos poucos, constróem um muro à nossa volta. Tijolo após tijolo, palavra após palavra, dentro de nós."
E não se esqueçam de que neste sábado estarei em Porto Alegre, na Feira do Livro, em debate com Cinthia Moscovich, 17h, na Sala "O Retrato" do CEE Érico Veríssimo. Em seguida teremos lançamento e autógrafo do livro.
Bem, esta semana está uma loucura, corridíssima. Parece que depois da eleição todo mundo se lembrou que precisa de tradução e textos mil. Então, beijos.