12/01/2007

INFERNIZANDO OS DIÁLOGOS



(Nazarian diz: “Ninguém pode me chamar de emo porque meu cabelo é um ninho de rato.” Strausser diz: “Não, ninguém pode te chamar de emo porque você circula pela Augusta com gente erudita.”)

Vocês já repararam que isto aqui é um fotolog travestido de blog para dar um ar mais cult, né? Tipo um clip da Christina Aguilera dirigido pela Floria Sigismondi. Haha. Mas acabo de perder todas as minhas fotos e arquivos e emuladores e pornografias e mensagens de outlook e amigos queridos e felicidade do mundo pelo meu HD queimado. Abusei do coitadinho, oito anos de atividades intensas. Agora terei de adiantar os planos de comprar meu novo PC... Sorte que não estou na pior das fases finaceiras.

Sorte também – sorte não, astúcia – que tenho backup recente de tudo o que era realmente “sério”, meus livros, minhas traduções e roteiros. Mas sempre há uma lágrima perdida, não é? Dizem até que eu tinha a foto de um jovem vicking lambendo o próprio mamilo. Se eu tinha, perdi. Nunca poderei postar aqui... Chuif.

Passei a semana inteira numa lan house, seguindo no teclado as digitais meladas de adolescentes que só requerem a tecnologia para diversão. Oh! E gritavam ao meu redor enquanto eu tentava ordenar as sentenças e hifenizar os diálogos (por que afinal as editoras não ficam com as áspas?). Agora uma alma caridosa, uma irmã de fé, uma amiga camarada me cedeu o laptop por uns dias e estou até pensando em levá-lo para os trens do metrô e ficar mirando o além com as patinhas sobre o colo, como se estivesse captando alguma grande inspiração nos túneis metropolitanos. Não seria bonito? Só até algum piranhita surrupiar minha inspiração com tudo mais que houvesse no meu bolso.

No momento trabalho em duas traduções de livros, uma de filme, um texto para fascículos em banca, um roteiro e um argumento de longa e duas matérias para revista. No tempo livre, assisto a DVDs da Sinéad O’Connor e planejo ler um livro do Nabokov. Se eu fosse generoso – como meus amigos que me emprestam laptops – não daria conta e estaria por aí bebendo na Vila, comparecendo a festinhas na Augusta, papeando com os amigos. Por isso acho que a maior virtude que um escritor pode ter é o egoísmo. Assim, se ele trabalha em casa consegue organizar o tempo só para si – e consegue organizar o tempo. Pode acordar 11h da manhã, ir ao cinema de tarde e passar a madrugada no ofício.

Oh, mas já escrevi um livro inteiro sobre isso... Deixa disso.

Meu próximo livro será baseado na mitologia do He-man.

Hum, o que não me faz a falta de identificação com esta máquina que não responde às minhas carícias. Estou tentando me reafirmar com clichês de mim mesmo. É isso, não é? Voltarei montado em megas, verás só.

NESTE SÁBADO!