02/03/2007

QUESTÕES HEMOFÍLICAS


(A mocinha da Fotóptica: "Entorta a boca, isso, agora o olho esquerdo, peraí, bagunça o cabelo, certo, combinou com a gravata.")

Manhã dessas, depois de noitada especialmente vigorosa, encontrei um único pingo de sangue em minha sala. Examinei meu nariz, cicatrizes e onze tatuagens, sem encontrar nenhum vazamento aparente. Me perguntei se não eram antigos amores derramados, o que sobrou de um coração pulsante, e limpei a gota com esmero que não me é convencional...

Haha.

Então, dia seguinte chego na sala, e encontro no mesmo taco, talvez mesmíssimo lugar, aquela gota que eu já limpara. A mesma que eu já limpara? De repente uma gota gêmea, próxima e esquecida. De repente uma ferida aberta, nas minhas costas, não-identificada. Então olhei para cima, para o teto do apartamento, quem sabe no apartamento de cima... Sempre se pode ter uma nova Lorena como vizinha.

Mas não, meus vazamentos são mesmo os mais convencionais (e mantém meu apartamento nazarianamente poético – ou amaldiçoado?. Inclusive esta semana os pedreiros vieram aqui, tiraram todos os azulejos do banheiro, quebram os canos e... simplesmente desapareceram! Não voltaram mais, desde quarta. Será que ficaram sentidos porque eu disse que não eram pitéus? Aliás, pitéus ou piteis? Questão do recheio dos pastéis). Pensei que poderia ser de repente a mesma gota de ontem, que eu sonhei que limpei, mas não limpei. Ou então a gota de ontem foi só no sonho, uma premonição, e hoje ela realmente estava lá. Sei lá, algo assim, metafisicamente deja vu...

Então decidi manter a gota onde estava. O pingo no taco. Acha muito nojento? É só um pinguinho de sangue (“Oh, quem sabe do que morreu aquele que derramou?”). E estou tendo a ligeira impressão, a leve surpresa, uma suave desconfiança de que a gota está mudando de cor. Ok, tudo bem, claro que o sangue envelhece e vai escurecendo, e vai enferrujando (“Oh, quem sabe o que comeu aquele...”), mas a questão é que a cor está mudando com um propósito... eu acho... que a cor está mudando seguindo um padrão. Tipo assim, um galinho do tempo, sabe? Aqueles bonecos que mudam de cor quando vai chover, vai fazer sol ou ventar? Isso pode acontecer com restos humanos. Tenho uma cicatriz que faz isso, me avisa se eu devo sair agasalhado (hohoho). E acho que essa gota de sangue no chão também está mudando de cor anunciando a previsão meteorológica.

Mas se eu não saio de casa, que diferença faz?

Algum químico, meteorologista ou hematófago me explique se é possível. De repente o sangue tem substância que de fato muda de cor, reagindo com o clima. Prometo nunca mais esfregar este chão (“ah, não, este não”). Aliás, deve chover amanhã de tarde...

E quando você ventila, empalideço...
(Por falar nisso, ontem vi uma mensagem de doação de sangue num... CAMINHÃO DE LIXO! Eles são espertos para anunciar né?)

Viu como nada muda no Mundo Mágico de San?


Ps – Le Kitsch C´est Chic de terça que vem deve ser com... TRASH POUR 4! Sensacional banda kitsch, trash e ainda assim sofisticada.

NESTE SÁBADO!