28/12/2008

MINHAS FÉRIAS

Pastel de areia.

Estou indo para o Rio, passar o reveillon como se deve. Volto já no comecinho de janeiro - para São Paulo e o blog.
Fique com minhas vibrações positivas. Boas viradas. Nos encontramos em 2009.
Para quem fica, deixo uma crônica de férias, que publiquei verão passado na revista Joyce Pascowitch.
Beijos!
Eterno Janeiro Distante.

Depois do Natal é sempre muito quente e não gosto de ficar em casa. Prefiro ir pra praia, mas nem sempre tem alguém pra me levar. Às vezes meu pai tem de trabalhar, às vezes minha mãe, às vezes os dois. Ás vezes acho que eles estão é cansados de viajar comigo, e fica um empurrando pro outro. Daí, às vezes eu vou só com minha mãe, para a casa da minha avó. É legal, mas não como ir pra praia.

Agora meu pai mora em outra casa, e nesta época de calor, minha mãe diz que é ele quem devia me levar pra viajar. Eles já não viajam juntos. Nem se falam direito. Meu pai não me leva pra praia porque tem muito trabalho. Minha mãe agora também tem. Mas eu não ligo de ficar aqui em casa, aproveito para jogar videogame o dia todo, não preciso estudar. Só é duro agüentar o calor...

Melhor ficar aqui do que quando minha mãe quer me mandar pra casa da minha avó. Ou pro acampamento. Detesto acampamento. Detesto ter de jogar futebol com aqueles moleques que nunca vi na vida, nunca mais vou ver e que tenho de ficar amiguinho só porque eles têm minha idade. Eles não têm nada a ver comigo. Também não quero ir pra praia. Detesto praia. Detesto calor. Se esta cidade não fosse tão quente, eu passava janeiro numa boa, lendo no meu quarto.

Porque viajar com os MEUS amigos mesmo minha mãe não deixa. Diz que só se for com algum adulto responsável. Como se a gente fosse criança. Como se desgraça só acontecesse quando a gente viaja. Desgraça é ficar nesta cidade. Neste calor. Minha mãe tem medo que eu morra na estrada, mas vou acabar me matando é neste quarto, na frente da Internet ou da TV a cabo.

Acho que vou é ficar trabalhando. Janeiro inteiro. Pra juntar dinheiro. Quero comprar um carro, e ainda tenho de pagar a faculdade. Não tá fácil este ano. Às vezes penso que deveria estar aproveitando enquanto sou jovem, tirando o mês de férias pra viajar, como meus amigos, mas ainda tenho tempo, quem sabe no próximo ano? O duro de trabalhar em janeiro é o calor que fica nesta cidade. E o vazio. Janeiro é um mês melancólico...

Também por que todo mundo inventa de viajar em janeiro? Para quem tem filho, eu até entendo. Mas pra quem é solteiro, quem trabalha, melhor tirar outro mês. Os lugares todos cheios. As passagens absurdamente caras. Melhor curtir a cidade mais vazia, trabalhar sossegado. Lá pra maio, junho, fica mais fácil eu tirar férias. Daí é tranqüilo eu conseguir uma folga. O duro é que o calor já vai ter passado...

Eu até que poderia tirar o mês de férias este ano. Trabalho sempre todo janeiro, enquanto todo mundo sai do escritório. Mas a Regina vai ter de trabalhar de qualquer jeito, e não teria graça viajar sem ela. Bom, além disso ela me mataria. Ela me mataria se eu fosse viajar enquanto ela tem de ficar aqui, trabalhando. Há tanto tempo a gente está planejando... De repente Campos do Jordão no inverno? Ou Gramado? Pode ser romântico. Mas seria tão lindo ver a Regina de biquíni...

Se bem que a mãe dela tá certa. Nem pensar que vou admitir isso pra ela, mas a mãe dela tá certa. Tá muito quente e o Thomas é muito pequeno pra gente viajar com ele ainda. Mesmo que seja só pra praia. Ele vai ter de ficar a maior parte do tempo no berço, a Regina vai ter de ficar com ele, ninguém vai aproveitar coisa alguma. Então este ano não vai dar. Este ano, nada de viajar. Pena viver numa cidade tão abafada, tão poluída, com meu filho.

Decidi, não quero nem saber. Este ano vou pra praia com minha família. Não importa a apresentação de fevereiro. Não importa as prestações que ainda falta pagar. Regina conseguiu tirar um mês de folga. O Thomas está de férias na escola. Faz um calor invernal e a casa da praia está lá, só esperando por nós. Faz tanto tempo que nem sei. Faz tanto tempo que nem parece mais minha casa. Minha casa na praia, um privilégio e um luxo, que eu nem aproveito. Preciso ver onde deixei as chaves. Precisamos ir antes que fique tarde. O congestionamento. Acho que vou levar a mamãe com a gente, faz tanto tempo. Faz tanto tempo que a gente não viaja. Será que a previsão está mesmo certa? Não vai parar de chover?

23/12/2008

SEE YOU IN THE NEXT LIFE...





(Musiquinha semi-natalina para aquecer seus corações). Boas festas. Não façam biscoitinhos da sorte. (Hoje aprendi a fazer rabanadas com a palmirinha, é mais garantido).

Volto aqui ainda esta semana. Beijos.

18/12/2008

COZINHANDO COM TIO SANTI



Assim se foi Sylvia Plath...



Hoje vou falar mal da Madonna!


Não... resolvi aproveitar o clima festivo para dar uma ótima receita de fim de ano. Você sabe que, apesar de ter matado Thomas Schimidt com um frango, sou um prendado cozinheiro, não? Não teria como não ser, eu faço todas as refeições da semana aqui em casa, não tenho cozinheira, cozinho para mim mesmo no almoço e no jantar (que geralmente acontecem na mesma hora, depois das 7 da noite). Uma hora a gente acaba aprendendo....


Então fiquei pensando em como poderia colaborar com as ceias de fim de ano. Com família chicosa não adianta chegar de cidra na mão, nem se oferecer pra fazer salada de maionese. A saída é ter criatividade e investir num prato que se enriqueça com nossos dotes literários.



Por isso, hoje trago a vocês minha receita de BISCOITINHOS DA SORTE!





Esse é um regalito barato para se comprar pronto, mas daí não tem a mesma graça. Como fica no meio-termo entre quitute de festa e literatura de auto-ajuda, é melhor que a parte da literatura você mesmo garanta.

Comece escrevendo meia dúzia de frases de efeitos numa folha sulfite. E recorte.


Fazer frases de efeito é a coisa mais fácil, e não vou explicar. Já te dou uma de presente: Trate a felicidade como um souvenir, que vale mais pela lembrança do que pela posse.

Se quiser mais, pode tirar direto dos meus livros. (Quero dizer, copiar, não RECORTAR dos meus livros, hein?). Tipo: “Todos os prazeres são orais”, “o creme não compensa”, “a vida é triste pra quem come alpiste”.

A massa é básica, um biju. Para dez biscoitos, fica assim:

1 colher de sobremesa de essência de baunilha.
1 clara de ovo.
1 pitada de sal.
¼ de xícara de farinha.
¼ de xícara de açúcar.
250 gramas de peito de frango desfiado.

(Ok, o frango não precisa.)

Primeiro bata ligeiramente a clara com a baunilha.
Olha, pra quem não sabe quebrar ovo (como eu), é só fazer um furinho, que a gema fica dentro, a clara escorre pra fora.

Você consegue, sua mão direita já bateu coisas parecidas.

Tem um segredinho aí, que não vou contar.

Ok, o segredinho: mais 1 colher de café de essência de amêndoa (merchandising espontâneo da Dr Oetker, aguardando crédito em conta).

Depois misture todo o resto.

Em termos literários, isso parece algo tirado de "O Terceiro Travesseiro".

Unte papel-manteiga com manteiga sobre uma assadeira, despeje a gosma em círculos achatados e leve ao forno bem quente por 5 minutos.

Na forma, fica assim.
Quem tem iguana em casa, tome cuidado para ele não ser atraído pelo calor do forno. Isso na China, onde os biscoitos chineses nasceram, é mais incomum, mas aqui neste país tropical, nós sabemos que há iguanas espreitando por todos os cantos.

Tire do forno, espere esfriar só um pouquinho, coloque o papelzinho com a frase dentro do círculo da massa e dobre, para fazer o biscoito.

Sai do forno assim.

Voilá!
Que porra é essa?

Ok, não deu muito certo. Mas foi primeira tentativa. Acho que o erro foi só no excesso de massa em cada bolota para assar. Tem de ser beeeeeeeem fininho... eu acho.
De qualquer forma, as frases do recheio eu garanto.



Para não perder a viagem: 2 doses de vodca + 1 dose de suco de pitanga, complete com H2OH. Esse eu garanto!!!

11/12/2008

MOMENTO ECOLÓGICO





(Pichação sobre o viaduto Nove de Julho, SP)


A culpa é sua!!!

Me pedem para escrever sobre a eleição de Barack Obama, sobre a tragédia de Santa Catarina, sobre a vitória do Corinthians, como se eu tivesse opinião sobre tudo, ou uma opinião consistente, consciente, diferente, que mereça ser manifesta.

Eu passo meus finais de semana jogando Castlevania, minha gente...



(Space-Space-Space-Firebombs, Firebombs-Firebombs-Space-Space, Space-Firebombs-Space-Space, Space-Heart-Axe-Space = Dracula)


E quando não falo mais nada, é porque concordo com você. Mas ainda rumino o pronunciamento em rede nacional do excelentíssimo Ministro Carlos Minc, da semana passada.


Teve toda aquela mensagem de “você pode fazer mais pelo meio-ambiente” (ou “o meio-ambiente é onde você está”, que parece ser o slogan que estão usando atualmente), que eu acho bem válida, isso se a sociedade já não estivesse totalmente equivocada nesse sentido, e o(s) governo(s) não contribuísse(m) ainda mais para fortalecer os equívocos.

O governo é espelho da sociedade, não foi planejado para ser revolucionário, nem fazer a gente pensar diferente. Não queira que um presidente de língua presa e quatro dedos aponte a você a direção certa. Você é que foi para a escola para isso.








A culpa é sua! E minha, nossa, do barraco que desliza a encosta, e do bebê que morre soterrado.

Sério, eu procuro ter consciência ecológica. Eu acho essa uma causa justa. Acho relativo proteger a família, a vida, até as minorias, mas não dá para ser niilista e querer destruir o planeta como um todo. E é isso que está se praticando, protegendo a família, a economia, até as minorias.

Foi isso o que matou os dinossauros.




Pisa! Pisa!



Chegamos agora à uma crise econômica mundial, montadoras quebrando, e o governo decidindo INJETAR DINHEIRO NAS MONTADORAS!!!




Puta merda. A culpa é sua!

Você que é o filho da puta que tira o carro todo dia da garagem, e prefere ficar uma hora no trânsito do que caminhar trinta minutos a pé. É longe? Não há transporte público? Você que prefere ficar uma hora no trânsito do que caminhar trinta minutos a pé...

Eu não culpo o governo porque o governo não tem culpa. O governo não tem personalidade, não pensa, não quebra nozes com os dente, são apenas as pessoas. E “as pessoas somos nozes”, eu, você e o Lula. E se você acha que políticos têm idéias próprias e exclusivas, então você acha que eles estão realmente acima. Saia da urna e vá para uma igreja. Reze para que Luiz Henrique da Silveira salve Santa Catarina.

A culpa é sua...

Que joga lixo todo dia na rua. Bituca de cigarro, que seja, que joga pilha no lixo, óleo na pia, não recicla seu lixo. Eu também não reciclo. Mas a culpa também é minha!!!




Aqui no meu prédio, não há coleta seletiva de lixo. É impressionante o que eu produzo por mês de papel (sulfite, limpo, reciclável), vidro (garrafas, vodca, que limpo até a última gota), adubo... Sinceramente me dói a cada dia que jogo 220 páginas de seu romance no lixo. Acho que eu deveria receber por isso. Acho que eu deveria levar cada garrafa de vodca ao mercado e só trocar o refil. Mas o que eu posso fazer?



Já toquei lá embaixo. Já avisei o porteiro. “Há algum catador de lixo – de braços torneados - alguém que vem buscar meu papel?” Eles não querem nem saber disso. Passo os dias na janela, fazendo aviõezinhos com seus poemas. Cada original que avalio, voa pelas ruas... e entope os bueiros, mata seus filhos. Cada frase sua ejetada tem mais efeito do que romances e romances que eu publico.

Os entusiastas da reciclagem dizem que é só um pequeno esforço, juntar as coisas em casa, e uma vez de semana levar a um posto de reciclagem. Levar como (?), eu me pergunto, de ônibus, de táxi, a pé pelo caminho da floresta? Não, DE CARRO!!!!

Quem utiliza o carro para fazer a reciclagem está tacando fogo em casa para matar as baratas.

Merchandising espontâneo, aguardando crédito em conta.

(Ah... Me esforcei tanto para criar uma alegoria melhor...)

Você enfiar seu palitinho de sorvete... no bolso, não vai adiantar mais nada para salvar o planeta. Precisa guiar o caminhão da Kibom para o fim da curva, atrás do barranco, no fundo do mar, numa cratera sem fundo.Vai ser necessário uma grande, filosófica, ideológica mudança de pensamento. Você vai ter de levantar a bunda da cadeira e caminhar, caminhar, caminhar (Isso eu já faço; e cansei de passar por “exótico” apenas porque caminho do centro até a marginal. Você faz isso de carro, eu sei, e leva mais tempo.)

Sem querer criar pânico, sem tirar gotas de chocolate do seu panetone, você precisa reformatar o seu cérebro.




Está chegando (já está passando, aliás) a hora em que vamos ter de ter a consciência ambiental como prioridade máxima. Você vai ter de tirar seus filhos do inglês, sua filha da ginástica, se não pode levá-los a pé. Vamos ter de usar papel-higiênico dos dois lados, e tomar banho de água salgada.

(Consciência ambiental não tem – feliz ou infelizmente – nada a ver com consciência animal. Vegetarianos e vegans são tão nocivos – ou mais – do que carnívoros nesse ponto. Não apenas pela questão do uso de poluentes – como o carro – mas pela praga da soja, a vaca dos desmatamentos.)

O que eu quero dizer é que é tudo paliativo, são todas medidas homeopáticas e equivocadas; se continuarmos com nossa alma de porco, nenhum gás nos fará flutuar. Eu acho que quem sonha com carro novo, com vitória de time de futebol e show da Madonna, não merece viver. E certamente está arrastando o país para sua cova. Está tudo interligado: carro – futebol – madonna – toda a ideologia dominante é que nos trouxe aonde estamos.



Sugiro a alternativa: patins – castlevania – sinéad o’connor.




Queria achar uma foto da Sinéad como Virgem Maria, no filme "The Butcher Boy". Não rolou, então fica só o Castlevania



Me desculpe, só podemos culpar os dominantes, se as alternativas (e patins, Castlevania, e Sinéad) não tiveram sua chance.



(Como leitura alternativa, sugiro “Sinal Fechado” Freire, Marcelino. Rasif, Ed. Record, 2008. Ouvindo: "Nothing Can be Done", Joni Mitchell)

07/12/2008

MELHORES DE 2008.


Aniversariante do dia, funcionário do mês, o melhor do ano.

Ah... o ano já está acabando e parece que eu não fiz nada, que foi tudo parado, um ano inteiro desperdiçado.

Não acho isso todo ano. Ano passado foi bem bom pra mim. Este foi meio truncado, trancado; comecei a lembrar agora tudo o que fiz, os trabalhos que peguei, e acho que eu devia – eu merecia – eu poderia ter ficado milionário.

Ao invés disso, só aumentei meu limite de cheque especial... para estourá-lo.

Deixa eu lembrar um pouquinho do que rolou...

O ano começou bem... reveillon em Floripa. Neste verão volto pra Santa Catarina de qualquer jeito, nem que seja a nado. Viu como Deus é um ser perverso, pra afogar a catarinada? E você ainda paga seu dízimo...



- No começo do ano fechei o roteiro do longa metragem do “Chupacabra”, com Christiano Metri. Agora é esperar as filmagens (ainda sem previsão).
- No começo do ano também fiz as legendas/tradução de filmes do Festival de Verão, lá de Porto Alegre. Foi uma viagem gostosa de trabalho.

Porto Alegre, em março. Meses depois, a loira linda aí da esquerda já é mãe, mais motivos para eu voltar.

- Teve as legendas do Cimbeline, montagem teatral do grupo Britânico Kneehigh Theatre, uma das melhores coisas que fiz este ano. Fiquei 13 apresentações em cartaz com eles, e não enjoei da peça.


Kirsty, minha atriz favorita.


A companhia ensaiando.



- Cobri mais dois SPFW para a Erika Palomino, com uma página inteira, diária, no jornal do evento. A temporada de primavera-verão (em junho) foi a mais gostosa.


Erika, sempre fofa.


Na redação, com Janessa e Leon.


- Fiz os roteiros do Prêmio Abril de Jornalismo e dos programetes do Motomix, com o Edgar Picoli, no Multishow. Mas o melhor desses trabalhos foi conhecer a Bianca Bertolacini.

Gostosa!

- Entrevistei Carolina Ferraz, pra Joyce, e João Gilberto Noll, pra Simples. Também fiz umas poucas resenhas pra Rolling Stone, crônica para a Revista da Folha e para a Júnior. Mas não foi um ano de grandes trabalhos jornalísticos, não.

- Em compensação, trabalhei horrores para as editoras. Perdi a conta de quantos pareceres/leituras críticas fiz pra Ediouro, Record, Geração Editorial e Mercuryo. Tive de ler muita merda, é verdade, mas também vieram umas pérolas, e esse trabalho me garantiu uma média de leitura de 6 livros por mês (sendo pago para ler, posso reclamar?).

- Também fiz tradução de dois juvenis pra Ática, um livro de filosofia pra Ediouro e um romance pra Mercuryo.

- Fui júri do Prêmio Sesc (categoria romance), que ainda não deu o resultado (está na segunda fase, com um segundo juri). Devo confessar que foi constrangedor ler TANTA COISA RUIM, mas ao mesmo tempo foi lindo descobrir, no meio do lixo, quatro autores de verdade, ótimos, que merecem os três o primeiro lugar (não vou dar o nome não, claro, até porque, são pseudônimos).

- E para a Mostra Sesc de Artes, criei a bela instalação “Samba”, em parceria com Alexandre Matos. Foi das coisas mais gostosas de criar.

Alê e eu no Sesc. Estamos criando coisas novas por aí...



- Fiz uma letra pra banda Montage. Eles já gravaram para disco novo, mas ainda não ouvi...


Aqui passei boa parte dos meus finais de semana.

- Comecei a escrever um romance juvenil, para adolescentes revoltados. Talvez saia no final do ano que vem, mas provavelmente só em 2010...

- O engavetamento do meu quinto romance foi a pior coisa para mim em 2008. Mas pelo menos todo esse atraso serviu para eu reler e re-trabalhar bem o livro. E felizmente terminei o ano com editora nova, contrato assinado com a Record, e a promessa do livro ser lançado em meados do próximo ano.

Eu com Luciana Villas-bôas e Ana Paula Costa, minhas novas editoras na Record. (Diabos, eu estou usando sempre a mesma roupa? Precisamos corrigir isso em 2009...)

- Ah, teve a seleção de “Mastigando Humanos” para o PNBE. Isso foi bem bacana. Espero que renda uma boa graninha de direitos autorais no ano que vem...

- Surgiram também três projetos de companhias teatrais para adaptarem meus livros para o palco, todas inscritas em editais. Talvez eu esteja até competindo comigo mesmo em certos casos, mas espero que ALGUM saia.

- Contos e romances meus foram comprados para Europa e América Latina, mas NADA saiu este ano.

- Eventos literários foram poucos. Como eu não estava lançando livro, não vi muito sentido em participar, e também não recebi grandes convites. Meu debate na Feira do Livro de Ribeirão Preto foi bem legal, e só. Da Bienal de SP eu não vou nem comentar...
Na Bienal... traumático.

Enfim, a melhor coisa de 2008, sem dúvida, foi o mocinho de cima. E vou arrastá-lo para 2009.

Mas o ano ainda não acabou não, viu? Nem o blog, porque não tiro férias de mim mesmo. Ainda dá tempo de você encomendar sua crônica de Natal. Faço precinho camarada...

06/12/2008

RITMO DE FESTA


Almocinho entre amigos: Jader, Maria Eugênia, eu, Laerte Késsimos e Bruno, degustando meu "Frango Thomas Schimidt".

Já entrei em clima de festas, comemorações e confraternizações, e aproveitei este sábado para rever amigos, num almoço especialíssimo. Confira nossa coluna social particular, porque fotolog é pra isso...



Laerte, o anfitrião, espreme dezembro até o bagaço.

Cléo de Páris já engoliu coisas bem mais estranhas em 2008...

Eu, planejando o assassinato da cebola.

Maria Eugênia não come animais bonzinhos, então prepara uma soja maligna para os não-carnívoros.


Discussões acaloradas sobre a decadência, a insipiência e as incongruências do cinema brasileiro.



Próton observa tudo, de olho no frango. O último pedaço foi dele.



Cléo, eu, Laerte. Levemente lubrificados.
Amanhã tem mais...

04/12/2008

PROMOÇÃO JOGOS MORTAIS



Uau! O povo demorou... Mas ontem e hoje chegaram coisas bizarríssimas por email... Bom saber que não sou o único doente por aqui.
Então vamos lá, ao resultado da promoção "Jogos Mortais". Era pra criar uma armadilha, com texto e ilustração, no estilo do filme. Dá só uma olhada em algumas das coisas que chegaram...



"Péricles, tu és ator e, por conta disso, pretendeste ser maior do que tudo à sua volta. Roteiristas, dramaturgos, diretores, colegas de cena: todos menores do que tua estrela, teu talento.Autores perderam chances, até mesmo seus empregos, por conta da tua vaidade e pretensão. Falas reescritas, personagens redimensionados: tudo em nome da tua liberdade criativa. Agora estás recluso neste palco nu, onde será possível comprovar se és mesmo um artista completo. Deverás encenar um texto improvisado, no qual poderás cantar, dançar, até mesmo declamar.
O tema é livre... considerando as circunstâncias. Estando descalço, não será possível simplesmente sair do palco.Todo o piso da platéia, da coxia e até dos camarins está forrado com afiados espinhos de metal.
O mesmo vale para as poltronas. Há várias maracações no palco.
A cada piscar da lâmpada da entrada da platéia, tu deverás mudar de marca. Caso não obedeças às mudanças de posição, sacos de areia com o dobro do teu tamanho cairão exatamente onde tu estás. Se tentares te desviar de qualquer um desses sacos em queda, outro cairá exatamente onde estiveres. Caso permaneças em qualquer um dos lugares que fugir à marcação, outros sacos de areia poderão cair. E assim deverás agir durante vinte e quatro horas seguidas. Caso não tentes apressar as coisas, um alçapão se abrirá, levando à única saída segura do teatro, após encerrado o prazo. Melhor não dormir durante esse tempo. Algum saco de areia pode prolongar esse sono indefinidamente.Aceitarás o desafio que propus, ou preferes destroçar seus pés tentando sair do palco antes do prazo marcado? Decida-te. Que o jogo comece."
Esse aí é do André Luiz Dias de Carvalho, ele se puxou, e gostei do desenho, mas acabou ficando tudo muito complicado, muito profundo, e Jogos Mortais é mais podreira. Não deu.





O Thiago Cardoso mandou a armadilha acima, que pretendia torturar o Rufus Wainwright ao som de Rihanna! (Haha, não sei se ele odeia Rufus, odeia Riahanna ou é fã dos dois); anyway, o texto acabou fugindo muito da estrutura 'Jogos Mortais', mas foi bem original.

O desenho do Richard, aí abaixo, foi o que eu mais gostei, tosquéeeeeeeeeerrimo. O texto dele não foi tão original, me mandaram outras coisas parecidas, e ele não fez exatamente no tom "Jigsaw" (não era prerrogativa...), mas foi bem.







Um pedófilo que abusava de crianças acorda preso em uma cadeira, de frente para um telão, no telão passa imagens das criancinhas que ele abusou e assassinou depois, todas destruidas, detonadas e tal. A unica forma dele sair desse quarto é pressionando um botão(que solta as correntes que amarram ele) colocado na frente do seu penis e só tendo uma ereção ele pode alcançar esse botão, mas tem uma gilete presa ao penis dele. Ele pode ficar ali pra sempre sendo torturado com as imagens de seus crimes ou perder o penis e ir embora pra casa!



Eu quase dei o PRIMEIRO PRÊMIO pra armadilha abaixo, do Thiago G (e ele mandou hoje, 23:59 pra mim, no talo). Estava no tom do filme, e ele conseguiu trazer pra um contexto brasileiro, coisa e tal. Mas daí fui vendo que, para a vítima escapar da armadilha, ela não tem de fazer nenhum sacrifício, ela não tem escolha, só depende da "boa vontade dos ratos" e depois de sorte. Então perdeu pontos. Mas foi dos que eu mais gostei, inclusive o desenho:


A venda de pastéis vai bem, não é dona Yoshika? O negócio indo bem, outras Yoshika’s Pastel surgindo, quem sabe uma grande rede? Seria ótimo ver mais e mais fregueses consumindo sua carne de terceira e você vendo sua rua livre dos gatos. Sendo assim, mais pessoas com intoxicação alimentar, sofrendo de dores pelo seu péssimo palmito, seu queijo embolorado. Ah, também há o detalhe da péssima higine daquele quartinho onde a senhora e seu marido, o senhor Yokiko, costumam fazer a saborosa massa de pastel tão procurada na feira de domingo. Seus dias de pasteleira estão contados. A não ser que, assim que a partir de agora você consiga se livrar dessas cordas com a ajuda desses ratos que vou soltar, que por sinal estão famintos. Cordas banhadas de provolone, assim como seu corpo todo. De onde a senhora está pode ver uma sala e lá está seu marido Yokiko, com as mãos prestes a serem trituradas no moedor de carnes. Assim que você se soltar, vá até o armário à sua frente e encontre entre os 100 pastéis, a palavra correta que é a chave para você desativar a fechadura da porta onde seu marido está se preparando para fazer um pastel de carne delicioso. Você tem 10 minutos. Vamos brincar de pastel da sorte? Que o jogo comece!

(Ah, observação: no Japão, nomes terminados com "Ko" são femininos, então seria o contrário, Yoshika seria o homem, Yokiko a mulher - mas isso não contou pontos contra, não.)

Teve o doente do Gustavo Fonseca de Souza que ME colocou como vítima. Foi bem feito, o desenho até que estava bacana, podia ganhar o primeiro lugar, mas fiquei meio perturbado, e eu sou o juri, e acho que ameaçar o juri pode ser motivo de desclassificação...

Agora olha só o trabalho do Igres, abaixo:



Lá estava Pereira, preso entre quatro paredes brancas, sem nenhuma fenda, sem nenhuma brecha. Em seu rosto, estranhos fios de aço fincados, ligados ainda a um cronômetro e a um cubo mágico. Não fazia nenhum sentido. Não fazia sentido dormir e acordar naquele lugar que dopava seus olhos. Foi aí então que uma voz rouca fez questão de refrescar sua memória:
- Caro Pereira, como você só faz besteira, hein? O vi de primeira no meio da multidão e soube o quão era atormentado o seu coração. Talvez você não perceba essa dor, mas eu, mesmo sem calor, posso sentir a sua cor. Pereira, não ache que isso aqui é uma peneira. Eu não escolho ninguém. São vocês quem vêm a mim, que dizem sim. Lembra-se do Miguel, aquele ex-presidiário? Você anotava tudo sobre ele no seu diário. Sabia todos os seus pontos fracos, todas suas fragilidades. Miguel naquela idade acreditou, não foi? Você se fez de amigo, Miguel procurava um abrigo, mas só encontrou o perigo verdadeiro. De Miguel a polícia não sabe o paradeiro, mas eu sei que ele se atirou daquela ponte em janeiro. Isto não te atormenta o ano inteiro? E a Lorena? Ela encontrou a morte definitiva em suas mãos. Enquanto vivia aquele turbilhão de sentimentos, você se aproximou por um momento e, cheio de argumentos, a fez chegar ao fundo poço, de onde ela já tinha voltado milhares de vezes. Só que dessa vez foi diferente. Lorena viu a morte de frente e não pôde mais olhar para trás. Não, não pense que sua alma agora descansa em paz.
Agora você se lembra, não é? O poder sobre a vida e a morte das pessoas te excita. Que tal agora poder brincar comigo? Minhas regras são mais claras do que as suas. Para alguém que nunca sujou as mãos para conseguir prazer, você dependerá muito delas. Portanto, não trema. Está segurando firme o cubo? Consiga a combinação certa das cores em um minuto. Cada cor representa as almas das quais você se apropriou. Saindo-se bem, a armadilha em seu rosto será desativada e você poderá ir para casa, caso contrário, os fios de aço voltarão à posição original e você precisará de muito botox. Que o jogo comece! Enquanto isso, vou mastigar alguns humanos.


Tudo bem que ele mandou o melhor desenho de todos. Tudo bem que ele tem o nome coolíssimo de "Igres" (esquisito, mas eu gosto bem), e ainda tentou puxar meu saco colocando vários dos meus personagens e fazendo um texto cheio de rimas (é, eu gosto de rimas). Mas a armadilha dele não era lá essas coisas, e não tinha muito a lógica "Jogos Mortais", de exigir um sacrifício físico em troca da vida. Então fica com o segundo lugar. Ganhou um "Olívio" (sorry, jacaré.)

E o primeiro lugar foi pra...



Melanie Hale você sempre foi tão vaidosa, passando por cima de tudo e de todos, inclusive da própria saúde, tornando-se anorexica para subir na carreira de modelo. Orgulhava-se da inveja que causava naquelas que não possuíam a perfeição de seus traços e não tinham o glamour de sua vida. Mas você terá uma chance de se redimir.
Para sair desse lugar onde você está presa basta que coma, coma sem parar até que fique como aquelas garotas deprimidas que você esnobava. A cada quatro dias você terá que engordar 400gr, sucessivamente. Mas preste atenção, você está em cima de uma balança embora não possa vê-la. Caso o marcador da balança não atinja o valor esperado um dispositivo com uma lâmina será acionado e cortará seu lindo rosto, que ficará desfigurado para sempre! Dentro de um mês, você estará livre, seja obediente e sairá ilesa. Prove que você é capaz de abrir mão do corpo com o qual sempre causou inveja para resguardar sua face.


Obviamente não é o mais engraçado, e nem o mais original, mas é o que tem melhor equílibrio: ótima ilustração, texto bem no estilo "Jogos Mortais", armadilha bem bolada em relação ao dilema da vítima, etc. Acho que é o único que poderia estar mesmo no filme.

Adriano, me diga qual livro você quer de prêmio, e me mande seu endereço. Igres, me mande seu endereço também.

Os perdedores, losers, derrotados e fracassados, não fiquem tristes. Serve como prêmio de consolação saber que vocês abriram um sorriso no meu rosto e que aqueceram meu coração. Sério, achei lindinho todo mundo que participou (e NENHUM amigo pessoal mandou nada; acho que meus amigos nem lêem este blog...).

Parabéns a todos. Não se preocupem que em breve faço novas promoções (e certamente vou sortear meu livro novo, assim que sair).

Ps - Viram que passou "Pague para Entrar, Reze para Sair", na Globo, ontem de madrugada? Milêeeeeeeeenios que não via esse filme. Achei bacana. É tosco, mas foi dirigido pelo Tober Hooper (de "O Massacre da Serra Elétrica" e "Poltergeist"), então ao menos tem o clima insano que bons filmes de terror devem ter. E foi (vagamente) baseado no romance "The Funhouse", do Dean Koontz, que foi dos primeiros romances que li em inglês, quando tinha 15 anos (acho que o primeiro mesmo foi IT, do Stephen King). Recordar é viver...

NESTE SÁBADO!