Ok, isso foi sonho, o tipo de sonho recorrente que tenho ainda hoje em dia. Achei que já tinha superado isso, que já pudesse deixar os crocodilianos para trás, mas eles insistem, me assombram e me incitam (Oh!) Pior que com meu atual Phd em Freddy Krueger, agora tenho sido capaz de controlar meus sonhos, sonhar com o que eu quero, e a história do crocodilo vai continuando e se desdobrando em novos ataques, novas mortes. Já sonhei até com o caso sendo dado pelo Datena. “Meu chapa, não tem essa história de preservação. Preservação uma ova! Pra mim é assim: matou ser-humano, é pena de morte pra esse crocodilo!”
(Na verdade, o sonho deve ter vindo de “Primitivo”, filme de crocodilo assassino que vi recentemente em DVD. Não é ruim, mas esse é o problema, é menos bagaceiro do que deveria ser. Afinal, num filme de crocodilo assassino queremos... um crocodilo assassino! não um retrato da situação política da África, onde a corrupção e o poder paralelo matam mais do que as feras. E o crocodilo aparece menos do que deveria. O melhor filme desse gênero – de crocodilianos assassinos – continua sendo “Pânico no Lago”, ao menos se assume como divertimento trash e satírico. Mas queria rever o clássico “Alligator”, que passava no SBT. Alguém tem? Alguém me dá? Alguém me diz onde vende? – Não, claro que não vou chegar ao ponto de pedir na Amazon.)
Deixando o crocodilo descansar, estou lidando agora com a pós-produção do meu quinto romance. Estou meio perdido, confesso. O livro está pronto, a capa está pronta, e agora Alexandre Matos e eu temos de afinar as ilustrações, a orelha, a quarta-capa. A editora aparentemente não quer se envolver. Deixou nas nossas mãos. Não posso nem pedir opinião. O rascunho lá de cima era uma idéia para quarta-capa, como uma história em quadrinhos, mas fiquei com medo que o livro (mais uma vez) fosse interpretado como infanto-juvenil. Sabe como é, o meio literário brasileiro é meio... limitado, e se você carrega um pouco no pop eles acham que não pode ser literatura. Ah... se ao menos eu fosse gordo... careca.... usasse óculos ao menos...
Falando do meio literário brasileiro. Recebi uns livros bem bacanas recentemente. Sergio Keuchgerian me enviou seu “Contos Indiscretos”, que ao que me parece, vai muito além da sacanagem: “Nunca senti faca rasgando meu peito, mas acordar sem poder ver um sonho concluído dói tanto quanto” - dizem as primeiras linhas do segundo conto. Ótimo. E linda ficou a edição pela Mundo Editorial, da capa ao miolo.
Walther Moreira Santos me mandou seu “Um Certo Rumor de Asas”, romance que recebeu o Prêmio Casa de Cultura Mário Quintana. Eu abro e encontro: “Parada, copo nas mãos, ela o vê botar foto em gato, estripar sapo, correr atrás dela com cobra. Mentir.” Quero ler.
Luís Antônio Cajazeira Ramos me mandou “Mais que Sempre”, livro de sonetos. Me parece ter um certo humor kitsch, que eu adoro, indico e pratico. Vou ler.
E Samir Mesquita me deu (em mãos) seu “Dois Palitos”, livrinho de micro-contos em formato de caixa de fósforo. Não gosto muito de micro-contos. E acho que livro de micro-contos é para quem quer ser chamado de escritor sem precisar escrever, mas o projeto do Samir é despretensioso e divertido, um presente mimoso. Literatura nem sempre precisa ser aquela coisa árdua, tu sais.
Falando nisso, em contos, micro-contos, etc, ainda quero. Ainda quero escrever um livro de contos. Quer dizer, preciso, né? Cinco romances... tá na hora. Mas embora a idéia esteja me martelando e eu já tenha um tema... É isso, eu penso num tema. E nos personagens. E que os personagens podem se entrecruzar. E que um conto pode ter relação com o outro. Daí ele vai virando menos um livro de contos. Vamos ver. Eu também não quero pensar em publicação nos próximos anos. Escrever sim, publicar não – é meu lema. E você me escreve dizendo estar desesperado por editora? Não entre nessa. Editora é só decepção. É mais ou menos como sexo e masturbação, sabe? Quando você faz sozinho, imaginando aquela pessoa, é uma delícia. Quando chega lá, tem de agüentar todos os sabores, odores, pudores...
Por isso preservo minha virgindade até o casamento.