04/11/2008

MÚSICA DE VERDADE

Thiago.

Ai, meus amigos têm me dado tanto orgulho...

Recebi estes dias aqui – e estou ouvindo sem parar – o EP de estréia do Thiago Pethit. Já falei dele aqui, no começo do ano. Tinha visto um show dele no Loveland (lugar bacana, tipo cabaré, com shows “burlescos” e bebidas psicodélicas) e tinha gostado da coisa meio spoken word, meio argentina – não é à toa que ele passou grande parte do ano passado estudando em Buenos Aires. O resultado foi ótimo.

Mas este cd me surpreendeu. Sofisticadíssimo, tanto nas melodias quanto nos arranjos (com cellos, acordeons, piano e o caralho). Thiago canta em português, francês e inglês tudo muito bem, muito gostoso e – voilá! – sem soar pretensioso. O lado spoken word está presente em espanhol, numa faixa bônus (agora vou ensinar para ele umas palavrinhas de finlandês).

As faixas são muito bem produzidas. Thiago compõe melodia e letras e está cercado de gente boa aqui da zona baixa-augusta na produção e instrumentos: Tata Aeroplano, Dudu Tsuda, Maurício Fleury, Tiê e outros. O som lembra Rufus Wainwright, Tom Waits, Leonard Cohen – tudo coisa fina. Verdade que algumas vezes lembra a fase “fina estampa” de Caetano (principalmente na faixa “Birdhouse”) e talvez falte uma perturbação maior por parte dos vocais, que são sempre afinadinhos e comportadinhos. Ainda assim, é uma mescla deliciosa de folk, melodias circenses e pop de cabaré. Eu diria que o único grande defeito é ser um EP... apenas seis faixas.

Ah, tem outro defeito - a capa é uma porra, olha só:



Thiago Pethit é, sem dúvida, das melhores coisas que eu ouvi este ano. E olha que não me faltam amigos fazendo música.


Dá pra comprar o EP no Garimpo+Fuxique ( Rua Bela Cintra 1677 - Jds ), é baratin. E podem ter mais informações aqui: http://www.thiagopethit.com/





Outra coisa que ando ouvindo direto, direto, direto é o novo da Grace Jones. Isso NOVO, depois de quase VINTE ANOS sem gravar.

Tenho todos os cds dela. Sou fã. Se você não conhece, ela é a mulher que inventou os anos 80: ex-modelo, com aquele visual andrógino, vocais meio declamados, ainda que com uma voz poderosíssima. Ela é o marido dela na época, o artista plástico Jean Paul Goude, criaram essa personagem no início da new wave, e acabaram influenciando uma legião de artistas que vieram depois.



Musicalmente, o som era – e continua sendo – uma mistura de reggae, street-jazz, pop, gospel e ritmos jamaicanos, que podemos chamar de dub. Seu clássico álbum Nightclubbing, que ela lançou em 81, sempre entra na lista de melhores álbuns de todos os tempos, em revistas como Rolling Stone e Mojo, e certamente é meu favorito. (Só a faixa “I’ve Seen that Face Before”, uma recriação de “Libertango”, do Piazola, já pode ser considerada uma das faixas mais influentes da música pop – inclusive da MPB; todo artista nacional que quer gravar um tango, acaba fazendo esse Libertango – de todos os tempos.)

Veja só:




Tá, mas é o cd novo? Vai pela mesma linha. Tudo bem que não é mais novidade, mas ainda soa atual. E Grace Jones continua em pleno frescor, com a voz idêntica a que tinha nos anos 80.

Faixas como “This is” (com uma pegada Timbaland), “Sunset Sunrise” (bem dub) e “I´m Crying” (um lounge jamaicano gostosinho) mostram a força e a musicalidade do cd. O primeiro single “Corporate Cannibal” um spoken trevoso, tem seu impacto, mas ainda acho a das mais fracas do disco.

O clipe:




Espero que agora ela volte a ser produtiva (e reprodutiva). Quero mais álbuns e quero vê-la ao vivo. Até estive num festival em Londres onde ela iria cantar, mas tive de ir embora antes, porque trabalhava naquela noite. Ficou devendo...

NESTE SÁBADO!