11/06/2009

ORGULHO

Eu e Fábio, por Nana Moraes.


Fiquei orgulhoso.

Fiquei orgulhoso que na Criativa deste mês, mês dos namorados, num ensaio entre os casaizinhos - Fernanda Paes Leme e Thiago Martins, Nívea Stelmann e Thierry Figueira, Paula Reboredo e Gilberto França – estejamos lá, Fábio e eu. Nessa foto que você vê aí.

Acho importante. Acho vital. Acho que casais gays têm mais do que nunca dar as caras, aparecer publicamente, principalmente em veículos não dirigidos especificamente a gays. Já é uma coisa normal, claro. Todos nós conhecemos gays, convivemos com gays. achamos gays divertidos e somos gays, mas a vida selvagem aí fora persiste.

Digo, se você chegou até aqui (no meu blog) já sabe o que quer, mas o Brasil ainda é dominado pelos índios.... E quem vive nos jardins, anda pelo Morumbi e passa pela Paulista sabe que “eles” existem. Mas o resto ainda não.

O resto ainda não.

Homossexuais ainda morrem. Todos os dias E jovens gays ainda morrem.... de vontade. Sério, o povo se mata, se morre, o povo se esgana, por esse frescurinha à toa que você (politicamente correto) chama de homossexualidade.

Acho esquisito.

Ainda é motivo de piada, ainda é sinônimo de xingamento. Não há modelos de homossexual na grande mídia. Bem, há aqueles mais afetados que não conseguem esconder – então acaba sendo sempre os mesmos tipos, que não é com quem muitos enrustidos se identificam.

O gay também sempre é visto com sua sexualidade contraposta a do hétero – sempre como coitadinho, doente, passivo, passando vontade. O gay não pode se vangloriar (claro) de ter uma vida sexual ativa, de ser conquistador, de já ter “comido vários”, como qualquer homem hétero faz.
Bem, eu mesmo devo ter comido mais gente que você, meu senhor... Se bobear já comi até mais MULHER do que você, meu colega. Mas isso não faz de mim bissexual não...

Dizem que os gays são promíscuos... Bem, são. Porque HOMENS em geral são promíscuos, e se estamos falando de dois homens (ou mais), já sabe no que dá. Mas claro que ainda há os gays tímidos, travados, esperando um príncipe encantado... E claro que, de alguma forma, todos têm seus gostos e suas próprias escolhas...

Se você é gay, se você sabe das coisas, sabe que o mundo homossexual é muito maior do que se mostra por aí. Coisa que nossas mães não vêem, que nossas avós não percebem; que o padeiro da esquina piscou pra você, que o pai da sua amiga freqüenta uma sauna, que aquele galãzinho da TV pode ser visto com o namorado, nas boates e inferninhos de São Paulo.

Daí vemos Gilberto Braga dizendo neste número da Júnior: “Galã Gay não deve se assumir”, será? Pode ser como (visão de) funcionário da Globo, entendo. Ele diz que gay que se assume perde a aura de galã. Concordo – entre a massa populacha de donas de casa que assistem a Globo. Já entre as adolescentes moderninhas, um ícone homossexual poderia reascender bandeirinhas. Talvez o que falta seja uma rede de fato com culhões, para mostrar um ícone homo (ou bi) sexual - David Bowie não fazia isso nos anos 70? Por que essas coisas só funcionam na Inglaterra? – Se fizessem aqui, meia dúzia de mil milhões poderiam torcer a cara? Talvez. Mas em meia-meia-dúzia de anos todo mundo acharia normal... E talvez até achasse legal.

Mas por que devemos incentivar a homossexualidade, não é? Não vivemos em superpopulação, e a família e a procriação precisam ser propagadas a todo custo.

É melhor que a senhora crie seu filho para ser hétero, a todo custo. Porque se ele tiver algo de gay, vai ter de sufocar. Vai ter de aprender a falar grosso. Vai ter de se esforçar para comer a mulher – e não vai encontrar nenhum incentivo, nenhum modelo positivo para ser gay. No final, é claro que ele vai sair escondido para catar traveco de madrugada. Vai trazer doenças para casa. Mas o que importa é que ele te deu o neto que a senhora tanto quer.



Aproveitando. Este final de semana/feriado prolongado do dia dos namorados (que coisa “Feriado de Mim Mesmo”) tem aquela mega parada gay- que já virou palhaçada – aqui em São Paulo. Se joga. Eu estou indo viajar com o Fábio.

NESTE SÁBADO!