O romance de Ivana Arruda Leite.
31/08/2011
O romance de Ivana Arruda Leite.
26/08/2011
E hoje fui ver A Árvore da Vida....
Confesso que fui com uma certa má vontade, sei lá por quê, talvez por ser estrelado por Brad Pitt, o que me deixava certo que era um cultzinho de Kinoplex. O diretor Terrence Malick também nunca me sensibilizou. Mas as comparações com Melancolia, do Von Trier, grande candidato a meu filme favorito de todos os tempos, acabaram me arrastando.
E as comparações têm fundamento, claro; Á Arvore da Vida e Melancolia são filmes irmãos, mas ao mesmo tempo não poderiam ser mais diferentes...
Uma mãe perde o filho e questiona o sentido da vida para Deus. O diretor acha que ela está falando com ele e se põe a explicar, desde o comecinho, com vulcões e dinossauros. As imagens são lindas, mas já me deixaram constrangido. Eu estava vendo isso mesmo? O diretor estava empenhado em mostrar a sério o sentido da vida?
Depois da longa sequência da história natural (culminando com a morte dos dinossauros - ei, o que aconteceu com o surgimento do homem? As civilizações? As pirâmides do Egito?) o filme se concentra na história pessoal da família em questão - que, ok, é bem bonita, mas meio déjà vu - e se encerra com uma redenção etérea pau no cu, cafonérrima. Até Sean Penn questionou o papel dele e a montagem do filme em si. Bem, ele também deve ter ficado puto que não faz absolutamente nada lá.
Para resumir, achei o filme mais pretensioso da história. Me fez sair com raiva do cinema.
Já o Melancolia só me fez feliz, e não sei se quero ver de novo para não estragar esse deslumbramento inicial. Sei que muita gente ficou mal com o filme, mas para mim ele passa uma mensagem dubiamente positiva, que a aflição que vive o indivíduo pertence a todos. Que estamos todos sozinhos, e nos vermos excluídos de algo é apenas uma ilusão. O problema não pertence a nós e não há o que lamentar. É tudo uma grande bobagem.
Von Trier oferece uma visão pessimista, cínica, mas ao mesmo tempo reconfortante. Ele afasta a ideia de Deus, coloca o ser humano como seu próprio dono, a natureza como uma geração espontânea. Um ótimo desdobramento de ideias que ele já explorava em Anticristo.
A Árvore da vida e Melancolia são praticamente inversos, enquanto o primeiro se sustenta na família, no sentido da vida como algo maior e evolucionista, o segundo se encerra no indivíduo, numa lógica niilista. A cena em que Kirsten Dunst diz que não existe mais vida alguma, em lugar algum do universo, que é um acidente que só aconteceu na Terra e que vai deixar de existir é das melhores coisas que já ouvi. Enquanto isso, Malick pau no cu está botando fé no Deus dos dinossauros e dos girassóis. Haha.
22/08/2011
Carlos Schroeder, Daniel Galera, Marne Guedes, Ivana Arruda Leite, eu, Tony Monti, Marcelino Freire.
Aconteceu neste final de semana em Jaraguá do Sul, Santa Catarina, o Festival Nacional do Conto, uma ótima iniciativa do escritor e editor Carlos Schroeder, num estado que carece mesmo de mais vida cultural. São raros os eventos literários por aqui.
O Festival teve mesas de debates e oficinas, com contistas nacionais de diversas vertentes. As mesas estavam cheias e o público foi bem bacana.
Minha mesa foi na sexta, com Ivana Arruda Leite, mediados por Schroeder.
Com Daniel Galera, num restaurante de comida alemã. Coisa pesada, mas de primeira.
Isabel, mulher de Joca Terron, e Tony Monti.
Luan.
Provei da hackepeter, especialidade alemã local, algo entre o steak tartare e o kibe cru. Bom, mas enjoativo.
O pessoal de lá me levou sábado para uma festa no meio do mato, com fogueira e banda ao vivo. Bacaninha.
Agora estou em Floripa. Frio do caralho... Hoje tentei ir de bicicleta para Ingleses (da Barra) mas a chuva me pegou na metade. Voltei congelado.
Fico até quarta. É bom que esse tempo melhore logo.
Com irmãzinha Trishya, em Floripa.
19/08/2011
A peça.
Confesso que eu estava com medo...
Há uns bons anos meu romance Feriado de Mim Mesmo está para ser adaptado para o cinema, para o teatro. Fiz o roteiro para o longa com a Eliane Caffé, depois com o Christiano Metri, mas por enquanto está engavetado. No teatro, surgiram alguns grupos interessados; desde o começo o Fabiano de Freitas, do Teatro de Extremos, mostrou bastante entusiasmo, e eu acabei entregando a adaptação teatral para ele, sem querer me envolver.
A peça estreou ontem, e eu ainda não tinha visto nada.
Mas foi uma linda, linda surpresa. Gostei muito. São três atores o tempo todo em cena, fazendo o mesmo personagem, caracterizados iguais, divindindo o texto. O texto é bem fiel ao livro, mas Fabiano soube selecionar muito bem, fragmentar e montar de forma que funcionasse como espetáculo teatral. É teatro de primeira. Foi lindo ver essa transposição, como o texto pode ser retrabalhado para funcionar, de maneira nada óbvia, como arte no palco.
Eles fizeram de uma forma que eu jamais faria, deram a sua própria visão, que eu achei muito melhor do que qualquer visão que eu poderia dar no teatro. Os três atores são ótimos e a produção e cenografia são simples, mas bem bacanas, na trilha, nas projeções, na iluminação...
Eu com os 4 barbudos da peça.
Enfim, fiquei super feliz. Espero que a peça tenha uma carreira longa, viaje o Brasil e vá em breve a SP.
No Rio, fica em cartaz no Sesc Copacaba até 11 de setembro. Corre! Mais detalhes aqui:
http://feriadodemimmesmoapeca.wordpress.com/
Ontem, depois ainda rolou autógrafos do PORNOFANTASMA, e esticamos para comer com o pessoal da Record, da peça, alguns amigos e leitores. Hoje acordei cedinho para vir ao sul.
As queridas da Record.
Agora estou em Jaraguá do Sul (SC), no Festival Nacional do Conto, organizado pelo Carlos Schroeder. Já encontrei Ivana, Marcelino, Galera, Tony Monti... O quarto de hotel onde eu estou é maior do que o meu apartamento. Até cancelei minha estadia em Joinville amanhã, vou passar o final de semana aqui. A festa promete. Em breve posto fotos.
Depois de tanta melancolia, tem sido uma semana e tanto.
17/08/2011
E sexta tem debate e lançamento em Jaraguá do Sul (SC), no Festival Nacional do Conto.
Apareçam.
15/08/2011
E nesta terça vai ao ar nova entrevista no Programa do Jô. Gravei há mais de dois meses, então eu não sabia dos eventos desta semana (post abaixo), mas falamos bem do PORNOFANTASMA, além de outras coisinhas. No total foi meia hora de entrevista, num bloco só. Vamos ver se não será editado...
14/08/2011
Ok, vocês pediram... (bom, meia dúzia de gente pediu, na verdade) e vai ter o lançamento do PORNOFANTASMA no Rio, nesta quinta, 21:30, no Sesc Copacabana, Sala Multi Uso. Apareçam, prestigiem, divulguem.
Eu detesto, DETESTO fazer esses eventos. Detesto ter de convidar gente para qualquer coisa, na real, desde lançamento de livro a festa de aniversário, porque sempre tenho a sensação de que estou pedindo um favor, que as pessoas não querem realmente ir e vêm com aquelas de "ah, tenho ensaio", "vou viajar", "trabalho até mais tarde." Aquela sensação de mendicância cultural, de que já falei uma vez aqui.
Então estou aproveitando que vai ter a estreia da peça FERIADO DE MIM MESMO, vou ao Rio para assistir, e faço a noite de autógrafos logo em seguida, com um coquetelzinho que celebra também o espetáculo. Se estiver vazio, nunca mais faço lançamento no Rio.
A peça em si deve estar meio lotada na quinta, é estreia e tal, mas ficará em cartaz um tempo, e vocês podem ver mais detalhes aqui:
http://www.overmundo.com.br/agenda/feriado-de-mim-mesmo-a-peca"
Eu e Ivana, no aniversário dela.
E sexta já parto para Jaraguá do Sul - Festival Nacional do Conto. Às 19h tenho uma mesa com Ivana Arruda Leite, seguida de autógrafos do meu livro e do dela. Esses eventos eu gosto de fazer sim, porque não fica nas minhas costas levar o público, não depende de convidados meus, eu não conheço quase ninguém em Jaraguá mesmo, e é sempre gostoso ver o que rola. O festival vai estar bem bacana, cheio de escritores queridos na cidade, grande parte da Geração Zero Zero, mais Marcelino Freire, Joca Terron e tudo mais.
A programação completa está aqui:
http://issuu.com/xroeder/docs/festival_nacional_do_conto"
E de lá eu estico uns dias pra Joinville e Floripa, só de passeio. Espero que o tempo colabore e eu consiga pegar praia, andar de bicicleta, de repente fazer kite-surf.... Porque São Paulo tem sido um cinza só, em todos os sentidos.
11/08/2011
Tem sido dias bastante melancólicos...
Na verdade, tenho me sentido bastante fechado, com rompantes de ansiedade, querendo apenas que tudo se resolva e, como sempre, para se resolver é preciso a minha iniciativa, eu não posso contar com ninguém e eu estou sempre sozinho. E fui eu que escolhi assim.
Fim de semana foi mais pesado por eu ter de fazer isso por outro – um amigo realmente com problemas – o que me deixou claro como estamos todos ilhados e não há nada a fazer, nenhuma ponte verdadeira, a vida não se divide com ninguém...
Por isso eu fui ao cinema.
Tenho ido muito ao cinema e ao teatro, para isso. Deixar a vida passar, o tempo passar e eu apenas assistindo. Tenho conseguido ler bastante também. E escrever. É assim, quando a gente não quer, não consegue, não precisa ou percebe que não pode contar com o outro. Pode ser produtivo.
Mas também tem sido frustrante porque não vi nenhuma grande peça, não li nenhum grande livro, não assisti nenhum grande filme. Até agora.
Acabei de assistir Melancolia.
E longe de eu estar depressivo – estava melancólico – fiquei com certo medo de Lars Von Trier.
Gosto de quase todos os filmes dele (talvez a única exceção seja Manderlay), mas quase todos são dos mais pesados. Anticristo é uma bomba. Os Idiotas também. E quando comecei a me encantar com Melancolia, ainda na cena do casamento, rezei secretamente para que o filme não descesse a ladeira do desespero. Eu não estava deprimido, e não queria ficar.
Mas na metade para o final do filme, quando consegui perceber o que ele estava fazendo, só consegui me maravilhar.
Ele conseguiu outra vez. Melancolia é uma obra-prima. Uma anti-ficção científica. E, estranhamente, apesar do título e de ter sido feito durante seu período de depressão, é um filme de uma pureza que só me despertou alegria.
No final, apesar do que é dito textualmente, a conclusão que me deixou o filme é a mesma de toda grande obra de arte: podemos estar ilhados, mas não estamos sozinhos.
04/08/2011
(foto: Hau Truong)
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