Eu andava pela estrada no final da tarde de ontem, depois de perguntar em todos os mercadinhos, restaurantes e lojas da cidade – o que não levou nem meia hora - se alguém podia me alugar uma bicicleta. Nada de bicicleta. Resolvi caminhar mesmo e tentar cumprir a missão de fotografar uma rena.
Estava em Karisganiemi, cidadezinha de TREZENTOS habitantes (isso, só) na Fronteira da Finlândia com a Noruega. Vivem do turismo pesqueiro e dos viajantes que param a caminho da Noruega. Eu basicamente só queria chegar à fronteira, ver umas renas e andar de bicicleta entre a natureza...
No meio da caminhada, vi uns veados ao longe num pasto. Acho que eram veados mesmo, não eram renas, mas estava longe e tentei me aproximar. Eles fugiram rapidinho por uma trilha e eu fui seguindo, seguindo, subindo, quando vi, estava subindo uma montanha...
A estrada.Caminhei duas horas e não vi mais veado algum, nem rena. Só umas corujas e uns roedores que pareciam umas cotias. Poderia ter visto um urso, um lobo, nada. Voltei escurecendo.
O chalezinho que aluguei.
Aluguei um chalezinho ao lado da estrada e peguei hoje o ônibus de volta para Rovaniemi, capital da Lapônia. Lá sim pude andar de bicicleta, visitar o Museu do Ártico, comer o melhor filé de rena do mundo. Passei a semana por aqui, depois de uma breve passagem em Helsinque, que deve ser minha casa pelos próximos meses.
Fronteira da Finlândia com a Noruega, lá em cima. Vê no mapa como subi na vida.
Isso, saí novamente de São Paulo. Fui convidado para uma turnê de apresentação da minha obra na Alemanha, e pedi a passagem um pouco antes, para visitar novamente a Finlândia. Enquanto planejava a viagem, fiquei pensando por que voltar. Nada me prende a São Paulo, e eu não tenho motivo mesmo para ancorar por lá. Descobri que uma menina que conheci em Tóquio estava alugando o apartamento dela em Helsinque, eu estava com uma graninha, resolvi aproveitar a oportunidade. Deixei meu apartamento em São Paulo com um ex-namorado. A turnê na Alemanha está marcada para o começo de novembro, mas depois volto para a Finlândia, passar Natal, réveillon e o começo do ano. Isso, sozinho. Isso, a um frio de menos vinte.
Onde ficava mesmo a porra da Vila do Papai Noel? Não tem sinalização aqui?