13/06/2012

O QUE ANDA LENDO?

Jairo Bouer, médico psiquiatra e comunicador.


Nazarian: Jairo, bora fazer minha entrevistinha?

Bouer: Beleza. De quanto tempo precisa?

Nazarian: Ah, uns quinze minutinhos...

Bouer: Onde estás?

Nazarian: Tô em casa, SP. Mas eu faço por aqui mesmo. A ideia é ser esse chat.

Bouer: Ok, manda bala Santi.

Nazarian: Então, como eu falei, o que está lendo, ou um último livro que leu. Se for ficção, melhor.

Bouer: Ok. Vamos lá.

Nazarian: Me fala o livro! Hahah.

Bouer: Então, pode ser mais de um... Ou eu escolho? É que sempre leio 3-4 ao mesmo tempo.

Nazarian: Me fala um livro bacana que dê para a gente conversar, ou que renda conversas paralelas interesantes.

Bouer: Ok. Manda. Escolhi.


Nazarian: É para eu adivinhar?!

Bouer: Claro... Haha.

Nazarian: Pornofantasma, de Santiago Nazarian.

Bouer: Haha... Não... Pois então, tô lendo o último livro que encontrei do Armistead Maupin... Já ouviu falar dele?

Nazarian: Ahhh, ótimo. Gosto bem do Night Listener. Qual está lendo?

Bouer: Night Listener é incrível, Maybe the Moon também. Mas agora ele voltou à série Tales of the City. O novo livro se chama Mary Ann in Autumn; a protagonista da série volta a São Francisco vinte anos depois para reencontrar os amigos...

Nazarian: Você já leu a série toda? São oito, não? É meio obrigatório seguir ou dá para ser lido independentemente?

Bouer: Sim, sim, comecei há uns vinte anos quando morava em Londres. Dá para ler sem ter lido os outros. Mas acho que há muito mais signficados e desdobramentos se você tem pelo menos uma ideia do que já se passou.

Nazarian: Acho que eu só segui assim com a série infantil O Pequeno Vampiro, haha, e os livros do João Carlos Marinho. Sou pré-Harry Potter. Os livros do Maupin foram inicialmente publicados em jornal, é isso? Uma espécie de folhetim...

Bouer: Ele começou no San Francisco Chronicle, se não me engano, como um folhetim mesmo. Daí foi publicando alguns livros. É a vida de um grupo de amigos em SF na passagem dos 70 para os 80... Ex-hippies, yuppies, AIDS, as diversas possibilidades de se viver a sexualidade humana, drogas, media power...

Nazarian: É muito gostoso quando você pega um romance, convive com o personagem, depois sente falta dele. É bacana trazer essa sensação que as pessoas hoje só têm com novelas, com seriados... A série vai se atualizando ou fica naquela época?

Bouer: Pois é... É muito legal isso que você disse. É como se você deixasse os personagens na geladeira por vinte anos. Daí sente saudades e resolve "ver" como eles estão hoje. Nesse livro, a Mary Ann tá com 57, e volta a SF para entender/resolver uma série de crises e nós que deixou amarrados no passado. A Mary Ann e sua turma passaram por muita coisa nesses 20 anos... Daí você faz uma ponte e os joga no futuro. Incrível, não? E para o leitor é tão bom reencontrá-los... Sentia uma puta falta deles, sabe? Tipo sete livros é foda, muita intimidade, hehehe.

Nazarian: Putz, adoraria fazer isso. Mas eu mato todos os meus personagem. Só se deixasse na geladeira literalmente, como criogenia. Estava comentando inclusive que se eu tivesse filho, não teria mais nome para dar, porque já gastei todos que eu gosto nos meus personagens... que tiveram destinos trágicos.

Bouer: Você vê novela, Santi?

Nazarian: Não vejo. A última que segui foi Senhora do Destino. Mas acho que uma série de livros assim pode ser uma boa pedida. Fiquei com vontade... Morre muita gente?

(A série Histórias de Uma Cidade foi publicada no Brasil pela Record.)

ENTÂO VOCÊ SE CONSIDERA ESCRITOR?

Então você se considera escritor? (Trago questões, não trago respostas...) Eu sempre vejo com certo cinismo, quando alguém coloca: fulan...