O HOMEM TRAVESSEIRO
The Pillowman é a melhor peça que vi em 2012, de longe.
Um escritor (Flávio Tolezani) é interrogado sobre uma série de assassinatos de crianças, cometidos de formas muito semelhantes às suas histórias. E contar mais do que isso seria arruinar a magia... negra do espetáculo.
É uma peça grotesca, no melhor sentido, com pitadas de um humor tenebroso e atuações insanas de Danilo Infantini, Bruno Autran, Bruno Guida e Wandré Gouveia. Direção de Bruno Guida e Dagoberto Feliz. Não conheço nenhum deles, fui sozinho (como de costume) e fiquei um pouco ressabiado ao saber que a peça tinha 2 horas e meia. Mas é daquelas raras, raras experiências teatrais que você quer que nunca acabe; eu, como ser ultra ansioso que sou, fico sempre torcendo para chegar logo ao final, nessa eu ficaria por mais horas, horas. Agora estou procurando o texto para ter em casa, para colocar na estante, para guardar para sempre.
O autor é o irlandês Martin McDonagh, que eu não conhecia. O texto é de uma crueldade e de uma genialidade absurda, que eu só posso invejar, porque está muito além da minha capacidade. E apesar de tudo (ou exatamente por isso) cheguei ao teatro melancólico e saí sorridente. Talvez por ver que ainda dá para ir muito mais longe, que coisas assim são possíveis. Ou talvez apenas por eu só me divertir com o sofrimento humano...
Engraçado também quando começam peças assim. Aquele publicozinho de teatro que faz questão de se divertir, de ser feliz, de mostrar que está gostando, que ri com qualquer expressão mais caricata ou engraçadinha dos atores. A peça começou assim. Mas aos poucos foram surgindo os risos de nervoso. A sala mais silenciosa. Percebi uma reação parecida quando fui ver o (também ótimo) Caderno Rosa de Lory Lambi, da Hilda Hilst, com a Iara Jamra, lá no final dos anos 90.
Enfim, cumprindo minha função de DEFORMADOR DE OPINIÃO, recomendo ASSISTA The Pillowman - O Homem Travesseiro, que já está em cartaz há um bom tempo e fica só mais até o final da semana que vem, no Parlapatões (adoro esse teatro também), aqui em São Paulo. Sábados 20h, domingo 19h.