Regina Duarte, Rafael Primot, Bárbara Paz (O Globo)
Fui hoje à pré-estreia de Gata Velha Ainda Mia, filme do querido Rafael Primot, estrelado por Regina Duarte, Bárbara Paz e Gilda Nomacce.
Já tinha assistido uma primeira versão - ano passado - mas mantive a mesma impressão. É um grande, grande thriller psicológico louquíssimo, com pitadas de humor absurdo.
O filme traz Regina Duarte como uma escritora decadente que concede uma entrevista à jornalista interpretada por Bárbara Paz. Contar mais do que isso já é entregar parte das surpresas, mas o filme se desenvolve assim, com as duas num apartamento, apoiadas muito no texto, que tem algo de Deus da Carnificina. É curioso ver um autor-diretor razoavelmente jovem (nos meados dos trinta) escrever tão bem sobre o envelhecimento feminino.
O filme tem um tom muito particular. Nos primeiros minutos talvez o espectador fique meio perdido com o registro não-realista, meio teatral, meio literário, com algo até de trash. Mas quando se percebe a pegada de humor do texto, se embarca no jogo delicioso que Primot arma com as duas protagonistas, no texto afiado, nas ousadias cinematográficas tão raras de ver em nosso cinema.
Certamente está entre meus favoritos, talvez "O" meu favorito filme nacional. E fiquei feliz e aliviado da primeira vez que vi, pois o Rafael, além de amigo querido, está com os direitos para cinema de Feriado de Mim Mesmo, que deverá ser seu próximo longa.
Ao meu ver, se Gata Velha Ainda Mia tem um grande defeito é esse: o título, que remete a pornochanchada, parece comédia tosca, e não faz jus ao conteúdo. Mas coisa pequena. O filme é imperdível, e estreia nesta quinta, nas principais capitais do Brasil.