Royksopp & Robyn
Esta semana baixei três álbuns novos de algumas de minhas bandas favoritas. E já começou a se desenhar para mim a lista dos melhores do ano.
Röyksopp é uma dupla norueguesa de produtores de música eletrônica que tem a Escandinávia na veia. Sou apaixonado por aquela região - que já visitei várias vezes e morei alguns meses (a foto de capa aí do blog é na Noruega, por sinal) - e não poderia deixar de ser fã da música. Acho que reconhecer a Escandinávia nesse som é como um estrangeiro reconhecer o Brasil ouvindo samba.
Os meninos do Royksopp têm discos que vão do dance à new age, às vezes assumem vocais, mas geralmente contam com vocalistas convidados. Agora acabam de lançar um "mini-álbum" (ou EP) com a Robyn, uma cantora pop sueca que eu detesto. Ainda assim, tinha grandes esperanças de que ela só entraria como coadjuvante.
O disco abre com "Monument", uma faixa de dez minutos que tem tudo o que Röyksopp faz de melhor. Começa lenta, com camadas de teclados espaciais e uma batida ambient, com o vocal de Robyn. Parece que vai crescer para um épico dance com batidas eletrônicas, mas com a genialidade de Royksopp acontece exatamente o oposto. A música se dissipa em teclados etéreos, para ressuscitar com um saxofone e batidas acústicas. Foda. Minha música do ano passado foi "Running to the Sea", também do Royksopp com a norueguesa Susanne Sundfor nos vocais. É bem mais melódica e emotiva do que "Monument", mas também mais óbvia. A nova faixa traz um grau de experimentalismo que reafirma o talento dessa dupla. Forte candidata à música deste ano. Se alguma vez eu tomar ácido novamente nesta vida, quero que seja com essa trilha.
Infelizmente, as faixas seguintes estão milênios, milênios aquém da abertura. Só posso acreditar que foi Robyn quem as trouxe, e os meninos do Roy só deram um tapa, porque, tirando a faixa final instrumental, que é Ok, o EP é uma merda. Felizmente, já tinha ouvido (e me decepcionado) com coisas como Do it Again, uma dance music vagabunda, porque se tivesse ouvido "Monument" antes teria expectativas bem maiores.
Eles ainda prometem lançar um álbum inteiro no final do ano, com uma releitura de Monument. Esse sim é para se esperar ansiosamente. O EP já pode ser ouvido na íntegra clicando aqui (mas sugiro parar na primeira).
Nova do Blondie.
E o Blondie é uma banda que gosto desde a adolescência, que continua na ativa mesmo com sua vocalista Debbie Harry chegando aos 70 anos. Lançaram há poucas semanas Ghosts of Download, décimo álbum de estúdio, que é divertidíssimo. Tem todo uma pegada latina, com batidas eletrônicas. Eles faziam isso desde o início (vide "Attack of the Giant Ants", do disco de estreia, de 1976), mas parece que nos últimos anos eles foram deixando o lado punk rock de lado, e assumindo de vez essa coisa tecnobrega. Eu gosto, mas parece mais Debbie Harry solo do que uma banda. Tosco, mas divertido.
O disco contém diversas participações especiais, como os venezuelanos do Systema Solar na faixa de abertura, "Sugar on the Side", que é ótima; e Beth Ditto (Gossip) no single de estreia, "A Rose by Any Name", que é ok. Minha favorita é "Make a Way", que apesar de ter essa coisa latina, tem um refrão meio 60's que remete ao Blondie dos velhos tempos. Enfim, longe de ser genial, é um disco bem divertido, embora um pouco longo e redundante (as edições especiais tem 16 faixas!). Pode se ouvir o disco inteiro clicando aqui.
Outro forte candidato a disco do ano é a estreia do Plaza Francia, projeto dos caras do Gotan Project com a francesa Catherine Ringer, ex-vocalista do Les Rita Mitsouko. Catherine é das minhas favoritas de todos os tempos, e continua com uma voz absurda e uma presença estonteante. O disco é todo em espanhol, naquela coisa tango eletrônico. É uma delícia; disco para se deixar tocando em festinhas em casa. Acho inteiro bom, mas minha favorita é essa aqui:
E já que estou falando dos favoritos, não poderia deixar de colocar o Suede, a minha banda número um da vida. Eles não lançaram nada novo este ano - estão compondo o próximo álbum que só deve sair em 2015 - mas já tocaram em alguns shows uma música fodástica que remete ao que eles têm de melhor. Escuta só (gravação de show, mas com som ok; já toca direto aqui em casa):