18/12/2015

ENTÃO É NATAL...

Na vila do Papai Noel, na Lapônia. (Não me pergunte por quê, mas já fui três vezes pra essa bagaça)


A menina senta no colo do papai Noel: 

"Papai Noel, você rói unha?"

"Roo-roo-roo"

Então é Natal! E como é para falar de coisas bonitas e alegres, resolvi compartilhar com vocês minha playlist de clássicos natalinos. Pensei em fazer no Soundcloud, mas dá um trabalho desgraçado editar as músicas e depois só a Ivana Arruda Leite e mais meia dúzia de pessoas escutam. Mais fácil disponibilizar algumas dicas aqui via Youtube e vocês que corram atrás. 

Vamos lá: 


Acabei de baixar o CD de Natal da Kylie Minogue. E é ÓTIMO. Sério, melhor CD dela em muito tempo, dos melhores álbuns natalinos de TODOS OS TEMPOS. São 16 faixas na edição de luxo, incluindo muitos standards em arranjos clássicos, um ou outro som mais dance, músicas natalinas inéditas e alguns covers interessantes como de "Only You" (da Alison Moyet, que não é bem uma música natalina). Tem até um cover dela com o Iggy Pop. Geralmente quando um artista grava álbum de Natal é porque não sabe mais o que fazer para vender disco no final de ano, mas Kylie fez bonito. Uma delícia. 



Esse é provavelmente o álbum natalino mais clássico que existe (e o vídeo tem o álbum inteiro; disponha). Lançado originalmente em 1963, apresenta os maiores sucessos interpretados por girl groups como as Ronettes, com a produção do lendário Phil Spector. Para um bom Natal das antigas. 


A dupla norueguesa Röyksopp - das minhas favoritas de todos os tempos - há alguns anos disponibilizou essa faixa natalina para download gratuito. Cover de uma música não tão conhecida por aqui, que apesar da roupagem eletrônica não deixa de ver uma vibe bem natalina, etérea; dá para tocar no jantar de família sem medo. 


A versão de Santa Claus is Coming to Town da Cyndi Lauper com o Frank Sinatra é das mais clássicas (e foi bem copiada pela Kylie no disco novo). 


Falando em clássicos, Bing Crosby gravou vários. O tema da "rena do nariz vermelho" é dos meus favoritos. Clássico com uma pegada kitsch. 


Os Jackson 5 também gravaram um álbum de Natal em 1970, com diversos clássicos. Minha favorita é essa, Frosty the Snowman. 


Simplesmente outra das mais clássicas que se pode ter. 


Annie Lennox lançou um CD solo de Natal em 2010, provavelmente quando não sabia o que gravar, e é um disco bem fraquinho. Mas essa versão de Winter Wonderland que ela gravou com os Eurythmics para uma coletânea de 1987 é bem bacana. 


Entrando num terreno trash, Jordy, aquele francesinho fofinho, também gravou um álbum de Natal em 1993 (basicamente para tentar capitalizar seu sucesso no ano). Tem músicas inéditas e versões dance para clássicos franceses de Natal. 


O Brasil tem poucos temas natalinos, sendo a maioria versões em português de músicas de fora. Mas Assis Valente, compositor de Carmen Miranda, escreveu essa que, pelo menos na minha casa, é um clássico. Tem uma letra bem deprê (especialmente sabendo que ele se suicidou por dívidas): "já faz tempo que eu pedi, mas o meu Papai Noel não vem. Com certeza já morreu, ou então felicidade é brinquedo que não tem." Continua atualíssima no Natal 2015. 


E para ter vários temas natalinos revisitados nos tempos politicamente corretos, fique com Jon Cozart, gatcheeenho norte-americano que grava tudo sozinho, a capela, em arranjos geniais. 



Silent Night (a versão original de Noite Feliz) já foi gravada trocentas vezes, mas continuo achando a versão da Sinéad a melhor. Tristíssima, dá para você colocar no fim da festa, quando quiser que a família vá embora. 


Se o povo não for embora, apele para essa versão da MARLI!



E essa fica de bônus. Para mim, não deixa de ser um clássico. E não creio que ainda tenha menos de dez mil visualizações. (Só eu partilhei essa porra umas dez mil vezes...)


AH! Quase esquecendo. Fique com essa também, da melhor boy band de todos os tempos. É um tema de ano novo, pois na Rússia a comemoração e a troca de presentes se dão principalmente na virada. É para entrar em 2016 com o pé direito. 



15/12/2015

BURIED ALIVE BY LOVE

HIM, sexta passada, no Carioca Club. 

Não sou lá muito fã de show. Nunca fui. Prefiro ouvir música em alta qualidade, em casa ou nos fones de ouvido, acabo indo só nos shows de artista de que gosto muito.

Este ano não assisti a quase ninguém. Esperava ansiosamente o show da Sinéad O'Connor em agosto - que já suspeitava que não fosse acontecer. Ela anda louca de pedra e cancelou semanas antes do evento. Morrissey também eu nunca vi; fiquei sabendo dos shows dele bem em cima e desisti. Semana passada fiquei sabendo do show do HIM, vi que tinha uma promoção da Kiss FM no Facebook sorteando ingressos, participei e ganhei horas depois, fácil assim.

Já tinha visto um show do Peter Murphy no Carioca Club, e tinha achado o som ok. Mas sexta agora estava muito, muito ruim, tudo uma maçaroca grave só. A banda também não ajudou - pau mole, tocando no piloto automático, sem grandes performances. O vocalista Ville Valo está em boa forma física e vocal, mas parecia sem saco nenhum de estar lá, tanto que nem deu bis. Blasé, mal falou com a plateia, conversava com a banda de costas para o público, mal se movimentou. Pau no cu.

Tudo bem que nunca fui grande fã de HIM. Acompanhava mais no começo dos anos 2000, quando estudava finlandês; tenho três álbuns e um DVD; cheguei a ver o Ville Valo uma vez na rua em Helsinque, rapidinho. Para mim eles foram uma espécie de precursores do emo - com o que eles chamam de "Love Metal", um som pesado com letras melosas e títulos como "Join in me in Death", "Your Sweet Six Six Six" e "Buried Alive by Love" (das minhas favoritas). Daquelas coisas divertidas, mas que a gente sabe que é de gosto discutível.

Infelizmente o show só piorou minha imagem em relação ao som dos caras. Eles tocaram todas minhas favoritas que eu esperava ouvir, sem o menor tesão. E para o Murilo, que não conhecia, foi decepção total.

Ainda assim, como fomos de graça, valeu. Me fez ficar com vontade de ir mais em shows, na verdade. Melhor do que o som deles foi ver a animação da plateia cantando junto, essa energia que só se tem ao vivo. E, apesar do som do Carioca Club estar muito ruim, ainda é um lugar tranquilo para chegar, sair, beber, ir ao banheiro.

Observando os fãs, Murilo comentou: "É um povo bem nerd." Ao que tive de responder: "Góticos são apenas nerds vestidos de preto."

Setlist:

Buried Alive By Love
Poison Girl
The Kiss of Dawn
Pretending
Killing Loneliness
Your Sweet Six Six Six
Join Me in Death
Bleed Well
In Joy and Sorrow
The Sacrament
Rip Out the Wings of a Butterfly
Wicked Game
Heartache Every Moment
Right Here in My Arms
The Funeral of Hearts
Razorblade Kiss
Soul on Fire
When Love and Death Embrace
Rebel Yell


11/12/2015

O TERROR DE 2015



É Natal. Época de falar só coisas bonitas e alegres. Eu pouco a pouco vou me tornando um autor/roteirista de horror. Além do Biofobia e do livro novo, estou envolvido em outros projetos do gênero, que dependem sempre do resultado de editais. É o universo que mais me interessa, principalmente as coisas mais obscuras e psicológicas (menos "fantásticas") e eu e Murilo assistimos a uma quantidade absurda de filmes de terror todos os finais de semana.

A imensa maioria é tosca, descartável, embora alguns sejam divertidos. De muitos eu mal me lembro, tendo assistido em avançado estado alcoólico, em muitos nem chegamos até o fim. Mas puxando pela memória, dando uma olhada pelos sites, lembro os melhores (ou mais interessantes) filmes de terror que vimos este ano, mesmo com ressalvas e defeitos. 

Infelizmente, apesar de ser um gênero crescente no país, não consegui colocar nenhum título nacional entre os dez melhores. Bem que eu queria. (“A Bruxa” quase chega lá - a ser brasileiro, digo - tendo entre os produtores o Rodrigo Teixeira). Os exemplos abaixo mostram que nós ainda temos um longo caminho a percorrer...


FOUND



Ok, já falei desse aqui, é um filme que beira o amador, nas atuações, no roteiro, mas tem um argumento estranhíssimo e um desfecho ultra hardcore. Sobre um pré-adolescente que descobre que seu irmão mais velho é um serial-killer. Já gerou um spin-off – o filme que o personagem assiste neste filme foi transformado num longa próprio, “Headless”, graças a uma campanha do Kickstarter. (Esse acho que é exploitation total – daqueles filmes dirigidos por maquiador de efeitos especiais - mas ainda quero ver.)


THE WITCH


No século XVII, uma família isolada numa fazenda à beira da floresta começa a sentir a presença do mal rondando. Filme de arte que está sendo bem aclamado, com ótima atuações e um clima de tensão permanente. É um pouco "etéreo" pro meu gosto, mas não deixa de ser um filmaço. 


APOCALYPTIC



Um found footage bem convincente, sobre uma seita que vive isolada no meio da floresta. Uma dupla de repórteres fazendo um documentário descobre que só restam mulheres por lá, e um patriarca. “The Witch” me lembrou bem dele, mas esse é menos sobrenatural, mais sobre os horrores do fanatismo. Tem um clima bem creepy, e final excelente.

THE VISIT 


A volta do Shyamalan (“Sexto Sentido”) ao terror. Tem um argumento brilhante: um casal de irmãos pré-adolescentes vai visitar os avós maternos, que eles nunca conheceram, e se deparam com o “pesadelo da velhice”: demência, incontinência, caretice. Aos poucos vão percebendo que o terror não termina aí... É bem divertido, apesar de os dois atores mirins serem péssimos e o filme ser feito em found footage (whyyyyyy?!!).


THE BOY


Esse já é um filme de arte - lento, psicológico - sobre um garoto que mora num motel de beira de estrada, coleta restos de animais atropelados e começa a desenvolver instintos psicóticos. O final é meio pau-no-cu, muito didático, mas é um filme bem bonito e impactante.

HOWL


Filme de lobisomem. Bem descartável. Mas tem uma ambientação ótima e um belo clima. Um trem sofre um acidente, para no meio de uma floresta, no interior da Inglaterra, e os passageiros são encurralados por criaturas...


FLOWERS


Esse é outro que beira o amador, mais um projeto artístico do que um filme convencional, sobre mulheres aprisionadas num purgatório. Não tem diálogos e é bem asqueroso. Mas é uma “experiência” e tanto.


IT FOLLOWS


Outro dos mais festejados do ano, numa boa medida entre o indie e o comercial. Após uma transa com um desconhecido, uma garota passa a ser perseguida por uma “entidade” que caminha lentamente, mas nunca a deixa. Uma alegoria esperta de DST, que poderia ter um “monstro” de visual mais marcante.

A GIRLS WALKS HOME ALONE AT NIGHT


Filme iraniano que mistura máfia e vampiros.  Tem um roteiro meio sem sal, mas um visual lindo, preto e branco. Vale ver no cinema, se estrear.


GOODNIGHT MOMMY



É dos meus favoritos. Filme austríaco minimalista de dois irmãos gêmeos que desconfiam que a mãe – que voltou para casa com o rosto enfaixado, depois de um acidente – não é quem realmente diz ser. Tem uma “sacadinha” extremamente previsível no final, mas é um filme bonito, lento e com cenas bem corajosas. 



E para terminar o terror de 2015, vamos hoje ao show do HIM, banda de metal farofa finlandesa que eu ouvia bastante no começo dos 2000. Participei meio por acaso de uma promoção da Kiss FM e GANHEI dois ingressos para o show de hoje. Viu, quem precisa de Jabuti, Oceanos, Prêmio São Paulo quando ganha um prêmio da Kiss FM?



04/12/2015

MINHA RETROSPECTIVA


Pedindo ajuda divina para 2016, na Armênia. 

2015 foi um ano siniiiiistro. Mar de lama de todas as formas, crise econômica, crise ideológica, muitos absurdos. Mas talvez, vendo de forma positiva, tudo fique mais aparente porque estamos mais conectados, menos alheios. O absurdo parece maior porque agora nos damos conta dele, podemos nos indignar, e cobrar...

A virada foi em Itapoá, Santa Catarina.
Pessoalmente, para mim, foi até um belo ano. Teve meses melhores, meses piores, esse final parece que deu uma puxada de freio, mas apesar da crise nacional, não me faltou trabalho, consegui emplacar alguns bons projetos e recebi algumas encomendas que estão movimentando minha carreira como autor e roteirista. 

Uma das primeiras mesas do ano, em Lajes, SC. 

Não foi tão movimentado de eventos como ano passado – porque também eu não estava lançando livro novo – mas tive algumas boas mesas; curiosamente foi dos anos que mais tive eventos literários em São Paulo – só em novembro foram três (talvez a crise tenha feito com que se investisse menos em passagens e hotel e se investisse mais no autor local – pelo menos uma vez na vida vejo algum valor em ser autor paulistano).

Fliaraxá

Das viagens para outros estados, destaco a mesa na Festa Literária de Lajes (SC), em abril; a Fliaxará (MG), de que participei novamente em agosto, e a Armação Literária em Búzios, em outubro.


Em Búzios. 

O meu aniversário passei em Florianópolis com o Murilo, fazendo meus programas favoritos de longas pedaladas, ótimas refeições com frutos do mar e a linda acolhida na Pousada do Marujo. Este ano também voltei a nadar e malhar, e chego em dezembro seis quilos mais magro do que entrei em janeiro. 


Trishyia, Ida e Murilo, no meu aniversário em Floripa. 

Logo depois, Murilo estreou no Masterchef Brasil, o que mudou totalmente a vida dele e, por tabela, um pouco da minha. Pude conferir de perto esse louco mundo dos realities – divertido, mas bem esquizofrênico. Disso ficaram frutos que Murilo segue colhendo e bons amigos, como a Jiang, Aritana, Cecília, Carla...

No dia que ele entrou. 
Com os amigos "famosos". 

Em meio ao Masterchef tivemos também o momento mais triste do ano, um dos mais tristes da vida... Asda, nossa amada coelhinha morreu de complicações de uma cirurgia. Ficou um vazio enorme aqui em casa, roído por ela, que não conseguiremos preencher. Mas ainda quero compensar um pouco com uma nova coelha aqui em casa, logo no começo do ano.

Saudades. 

Um grande momento foi a viagem com minha mãe para a Armênia, em outubro. País de nossos antepassados, foi lindo, emocionante e surpreendente. Consegui cumprir a meta de “um país novo por ano” (foi o 27º) e ainda pude esticar para dois outros que há muito não visitava: França e Inglaterra. Londres foi especialmente agradável, com boas compras, longas caminhadas por parques e canais, revisitando cenários do meu passado. Ano que vem quero ver se consigo fazer uma viagem dessas com o Murilo.

Armênia. 


As perspectivas para 2016... são as piores. Nah, pessimismos à parte, as perspectivas para o MUNDO não parecem boas; não parecem boas também para mim. Não deve haver livro novo, já adianto. Estou com um livro encomendado, pago, muito bem encaminhado, mas devo entregar até julho, o que muito provavelmente significava que sairá no começo de 2017 (pois é, os processos são lentos), vamos ver.


Desembarcando em Paris. 

Estou com outra meia dúzia de projetos de filmes, séries, o longa de BIOFOBIA já inscrito em vários editais, mas nada disso será lançado em 2016. Se eu conseguir viabilizar algumas dessas coisas para serem produzidas (filmadas) no próximo ano, eu já fico feliz.


Londres. 

Reveillon deve ser aqui do ladinho, com o Murilo, no “Solar Biofobia”, a minha casa de campo, em que minha mãe não vai estar. Poderemos passar só nós dois tranquilos, com boa comida, boa bebida, mato, cachorros, uma jacuzzi ao ar livre. Não dá para reclamar. 


Floripa ainda é a melhor do mundo. 


01/12/2015

A ENTREGA

Íntegra da resenha que assinei na Folha, semana passada. 


“A Entrega” é um filme dirigido por Michäel R. Roskam, com roteiro de

Dennis Lehane, baseado num conto seu. Com o lançamento do filme em 2014,

Lehane decidiu romancear o roteiro e o resultado é uma novela noir recheada de

clichês.


Bob é um “bartender solitário” que trabalha servindo bebuns e mafiosos,

tentando deixar para trás um passado obscuro. Uma noite, encontra numa lata de

lixo um filhote de cachorro vítima de maus tratos e resolve adotá-lo. O cachorro

redirecionará seu rumo na vida, ao mesmo tempo que o aproxima de Nadia, uma

mulher problemática também vítima de agressões.


Se o enredo está longe de ser brilhante e original, funciona como

representante de um gênero cinematográfico. Infelizmente, se como romancista

Lehane se tornou um bom roteirista, como roteirista não conseguiu dar vida ao

romance. “A Entrega” é um dos raros casos em que o filme é melhor do que o

livro, ainda que o filme nem seja lá grande coisa.


Além de clichê, o texto é raso e mal estruturado. Bob aparentemente é o

protagonista da história, mas o foco narrativo oscila constantemente, de forma

desequilibrada, migrando para personagens secundários que ganham uma

importância parcial sem nunca justificar o discurso indireto livre. A ideia de

“homem durão amolecido por cachorrinho” já é de gosto discutível, mas nem na

pieguice o livro consegue se apoiar. A relação de Bob com o cachorro não se

materializa e não justifica as ações do bartender no terço final do livro. O autor

não consegue dar uma personalidade ao cão, tornando-o o personagem mais

apagado da história.  As metáforas são pobres, colocadas como comparações:

“começou a sacudir[...] como se fosse a cordinha de um motor de popa [...] Era

um som horrível como se ele estivesse inalando cacos de vidro [...] o rosto

esticado como uma espécie de  máscara mortuária” – isso tudo apenas como

exemplos tirado de um único parágrafo.


No final, A Entrega se mostra um romance pulp dos mais baratos,

moderadamente divertido. Faz mais feio pelo nome do autor – que escreveu

“Entre Meninos e Lobos”, entre outros - e da editora que o publica aqui.

Avaliação: Ruim.

NESTE SÁBADO!