Fim de semana em Maresias. |
A neve enfim chegou. Semana mais fria do ano no Brasil
coincidiu com a publicação de meu nono livro, Neve Negra, pela Companhia das
Letras. Nove livros é muita coisa, mas nunca é apenas “mais um”; cada livro é
uma história dentro e fora das páginas, é uma conquista diferente, é um espaço
físico que minhas ideias ocupam no mundo.
O romance nasceu de um convite do Joca Terron e da RT Features, que pediu uma história de terror e já comprou os direitos para cinema. Tive o privilégio de publicar sempre por grandes editoras,
mas é um orgulho especial ser recebido com tanto carinho pela Companhia das
Letras, fazendo o que faço, sem concessões....
...bem, talvez só a concessão do título. O título original era
“Trevoso”, que se justifica bem para quem lê o livro, mas talvez não tivesse
tanto apelo literário e comercial. A editora pediu outras opções. Eu mesmo vim
com o “Neve Negra”, embora num Google básico já tivesse descoberto que havia um
filme com esse título. Ninguém viu problema. Assim temos a minha Neve Negra.
O livro tem muito de neve, afinal. É um “raro registro
ficcional da neve no Brasil” (na Serra Catarinense). Temos pouca neve no país,
e menos narrativas que foquem esse contraste com o “sonho tropical”. Achei
que essa noite tão única – anunciada por meteorologistas, esperada por turistas
– gerava um bom cenário de terror.
O texto completo de orelha:
Na noite mais fria do
ano, na cidade mais fria do Brasil, um pai de família volta para casa. Pintor
de sucesso com uma arte de gosto discutível, passa boa parte do seu tempo em
feiras e exposições no exterior. E ao chegar à sua cidade natal, na Serra
Catarinense, tem início uma sequência de eventos que porão em xeque suas
certezas.
Enquanto a neve cai lá
fora e sua família dorme, um estranho ronda a casa e sua pastora-belga agoniza
sangrando no quintal. Mas só quando seu filho de sete anos desperta é que de
fato começa o pesadelo que acabará com o aconchego do lar.
Ambientado num raro
cenário de neve no Brasil, este habilidoso misto de terror psicológico e drama
familiar expõe paranoias ancestrais da paternidade: Não reconheço mais meu
filho. O filho é mesmo meu? Há algo de errado com ele?
Nona obra de Santiago
Nazarian, um dos autores mais originais da cena brasileira contemporânea, Neve
Negra retrata a perturbadora luta de um pai contra os próprios demônios, num
romance que mescla questões existenciais com o humor nego de que só Nazarian é
capaz.
Para quem quiser um gostinho, as 20 primeiras páginas já
estão no site da Companhia:
As noites de autógrafo começam em agosto. Dê uma olhada na
aba “agenda”, aí de cima, que coloco tudo lá. Antes disso, já fui comemorar com
marido, amigos e coelha.
Menu degustação de quarta passada. |
Quarta jantamos no Dom – Murilo ganhou de presente de onde
trabalha; só tivemos de vender um rim para pagar as bebidas. Já comi em ótimos
restaurantes pelo mundo, e consigo entender porque o Dom está lá no topo. É uma
experiência gastronômica essencialmente brasileira, que gourmets e críticos
internacionais não teriam em restaurantes estrelados em outros países.
Pessoalmente, se eu fosse pagar aquele valor exorbitante, preferia estar
comendo caviar, lagosta e foie gras a pirarucu, beiju e cumarú, mas vale como uma experiência
para se ter uma vez na vida (tirando o pão de queijo; o pão de queijo é
horrível-vergonhoso; colocaria a codorna como ponto alto).
Masterchefs na praia. |
Quinta já viemos para Maresias, onde Murilo participou com o
Guató do Arraial beneficente do Projeto
Buscapé, junto a grandes chefs e Masterchefs. Recebemos um casal de amigos em
casa e tivemos um ótimo fim de semana de
solzinho de inverno.
Bárbara e Ambooleg, amigos das antigas. |
Passo a próxima semana aqui no litoral, já que temos uma casa grande e Murilo fica aqui por causa do restaurante. Como de costume não estarei na Flip, mas logo volto à estrada.