10/07/2017

CONTRAPEDAL

A mesa de ontem. 

Há algumas semanas me pediram indicações de escritores brasileiros com alguma relação interessante com a América Latina. Apenas de cabeça fui dizendo meia dúzia de nomes e qual era a relação; então me convidaram para mediar uma mesa no Fest Contrapedal, tradicional festival de cultura latina do Uruguai que chegou nesse fim de semana pela primeira vez a São Paulo.

Os autores eram Carola Saavedra - premiada escritora nascida no Chile -, Joca Terron – que organizou uma coleção de livros hispano-americanos -, Douglas Diegues – o grande nome da poesia em portugnol selvage -, Ronaldo Bressane – que lança um romance que passeia pela América Latina -, e o onipresente Marcelino Freire – que já trouxe tantos autores latinos para cá. Tivemos um debate na tarde do último domingo, no Centro Cultural São Paulo, dentro da programação do Contrapedal.

Lindo ver a plateia cheia e um bate-papo tão fluído, mesmo com tanta gente participando. Estou longe de ser especialista no tema, pesquisei bem sobre os autores, e uma boa mesa é construída assim, dando as deixas para que quem sabe possa discorrer. Esse é o lado fácil e gostoso de estar há quinze anos no meio, participando de mesas e acompanhando discussões. É uma pós-graduação em si. A gente aprende naturalmente. Eu, que “também escrevo”, tanto traduzo e escrevi dezenas de textos para Folha, Bravo, Estado, Suplemento Pernambuco poderia mediar mais mesas. Mas, ao menos este ano, não posso reclamar dos eventos literários – que abundam!

Com Dani Umpi. 


O Contrapedal também teve cinema, gastronomia e música. Aproveitei meu domingo no CCSP para conferir. Encontrei meu querido amigo Dani Umpi – escritor e cantor uruguaio, com quem sempre cruzo nas andanças mundo a fora -, e assistimos ao show de encerramento, do incrível (cantor paraense) Jaloo. Eu já gostava do som, mas o menino tem uma puta presença de palco; trouxe o CCSP abaixo, com uma petizada que cantava junto, dançava, tirava selfies, menino com menino, menina com menina, uma energia que depois deixava difícil acreditar que no mundo lá fora os tiozões ainda falam que “órgão excretor não reproduz”, ou mesmo que a molecada está matando travestis a pedradas...

Jaloo em casa lotada. 

Jaloo foi especialmente “refrescante” ´por um discurso que ouvi de alguns músicos e escritores no festival: da velha bandeira da latinoamerica contra o “Imperialismo” ou contra o “comercial”. Ele é um autor paraense mergulhado na música pop americana, nas divas gays, mas recicla isso com suas próprias referências, do techno brega, do urbano e do carimbó, canta (parte do repertório) em inglês (macarrônico) e com tudo isso cria uma identidade mais viva, de onde vive, do que se ficasse preso a purismos, regionalismos e tradicionalismos.


E essa foi uma ótima viagem que fiz em julho, a 40 minutos a pé de casa, cruzando a Paulista fechada.

O segundo semestre trará outras – já tem lançamento marcado em BH, RJ e SALVADOR, que nunca fui e tanto queria – e viagens pelo interior de SP e do Paraná. Vou atualizando tudo na aba “agenda.”

NESTE SÁBADO!