12/07/2020

A VIDA POR UMA JANELA


Largado e pelado na quarentena.
Esta semana fiz meu “lançamento virtual”, que na verdade foi mais uma “live” no Instagram. Foi bacaninha, teve uns problemas de som, não teve lá muita gente, mas pude discorrer mais profundamente sobre o livro novo e responder perguntas dos leitores, além da ótima conversa com o Márcio Menezes.

Dá pra ver no @janela_livraria

 
(aproveitando, quem ainda quiser autografado, HOJE é o último dia, só por aqui: https://janelalivraria.com.br/produto/fe-no-inferno/

E esta semana também se encerrou o curso que fiz sobre A História dos Armênios, com os professores Monique Goldfeld e Heitor Loureiro (que tanto me orientou na pesquisa do meu livro).


No curso. 

Apesar de eu já conhecer grande parte do conteúdo histórico, a visão aprofundada e as discussões sobre a identidade armênia (com grande parte dos alunos fazendo parte da comunidade), principalmente nas duas últimas aulas, foram a parte mais interessante para mim. Também foi bacana ver a importância e o papel da minha própria família (os Gasparian e Nazarian) nessa história.

Para quem se interessar, em agosto eles abrirão outra turma. Aqui:



Foi a primeira vez que fiz um curso por videoconferência - não dá comparar com a experiência social de estar numa turma, toda a troca (como o curso de publicação que fiz ano passado com o André Conti ou os cursos de cinema de horror que fiz com o Carlos Primati), mas é o que dá para fazer hoje em dia e quebra um belo galho.

O problema maior é que agora fico o dia todo diante de telas: seja nesse curso, na aula de funcional, no trabalho de tradução, nas redes sociais, pedir comida. TUDO é por uma tela. Nem de madrugada tenho descanso, que acordo com insônia e fico no Insta, no Tinder, no Grindr...

(Sexo virtual eu NUNCA fiz, juro, nunca na VIDA. Acho mega broxante ficar interpretando no sexo.)

E isso porque, apesar de estar longe de ser dos seres mais tecnológicos, sempre interagi mais com as pessoas através das telas.

Mas foi ISSO, de ficar o dia todo na frente das telas que acabou causando minha conjuntivite (que tantos profetizaram como covid) e que todo dia ameaça voltar. Termino todos os dias com olhos ardendo.


Me assumindo gay no final dos anos 90, junto à chegada da Internet no Brasil, os chats, aplicativos e rede sociais sempre foram a melhor forma de conhecer outros gays, arrumar namorados (ou apenas dates) (o falecido mesmo, conheci pelo Grindr) ou mesmo encontrar gente com gosto musical (alternativo) parecido. Mas agora que essa parece ser a ÚNICA possibilidade, tem me cansado tanto...


Estamos todos nos desdobrando, encontrando novas formas de fazer encontros (virtuais) de realizar nossos trabalhos, promover nossos lançamentos... Na sexta que fiz minha live, também teve lançamento virtual do Ricardo Lísias e do Alexandre Willer (esse por sinal eu já li, e adorei – contos gays bem afetivos – que evitarei a comparação inevitável com Caio Fernando Abreu).

A live do Alexandre Willer com o (editor) Alexandre Staut. 

A minha irmã (que é palhaça – literalmente – atriz e diretora) criou com o marido um canal no Youtube, com episódios impagáveis. O mais recente é esse:



 (Adorei a "Baixa Augusta", a Diaba da Procrastinação)


Minha querida amiga Cléo de Páris está apresentando toda terça uma peça em live por Instagram. Toda semana ela me convida... e eu perco.



A verdade é que ODEIO live. Odeio ver essas coisas por celular. Acho o som ruim, a imagem pequena, me disperso... e tenho conjuntivite. (É, posso usar essa desculpa, lives me causam conjuntivite). A graça de ver por uma tela é poder pausar, pular, voltar, então pra mim live não faz sentido. 


Numa live com meu editor, Emilio Fraia, no Insta da Companhia das Letras. 

Muita gente responde a esse ódio por lives com “apenas não assista”, mas a questão é que fica aquele aviso de “fulano está em live”, dá uma importância que muitas vezes não há. Tem gente que faz live TODO SANTO DIA.

Mas enfim, eu sei, todo mundo está procurando maneiras de sobreviver, de se expressar, de se comunicar... 

(E PODE me convidar pra live,  porque eu não gosto, mas é o que dá pra fazer. E tenho livro novo pra promover. Me chama que eu vou.) 

Eu mesmo, fico biscoitando em seminudes porque estou sozinho há muito tempo neste apartamento com a coelha, sem amor, só biscoitos... Solidão, né, minha filha?

Então uma seminude recente. Dá cookie é bom. 

 
Para dizer que não tenho visto ninguém, semana passada meu amigo-colega-vizinho escritor-editor Alexandre Staut me chamou para uma reuniãozinha na casa dele, exatamente para o lançamento do livro do Alexandre Willer. Fui, que é literalmente no prédio ao lado. Nos sentamos cada um a um metro do outro e pudemos conversar, beber... Antes disso, durante os 4 meses de quarentena, só tinha tido um encontro com mais de uma pessoa no enterro da minha avó...


Ensaiando o fim da quarentena...

TIREM AS CRIANÇAS DA SALA

(Publicado na Ilustríssima da Folha deste domingo) Do que devemos proteger nossas crianças? Como não ofender quem acredita no pecado? Que ga...