21/03/2023

HOMEM TAMBÉM MENSTRUA?

Trevosa e barbuda na academia...


Há uns dias, tava vendo um filme em que uma menina adolescente reclamava das primeiras cólicas menstruais. Me bateu uma sensação estranha, porque eu sabia (ou achava que sabia) exatamente o que ela sentia, mesmo nunca tendo menstruado...

Cólica é algo exclusivamente menstrual? Homem também pode sentir? Mesmo homem que não menstrua? É uma lembrança de vida passada? Um apêndice como os mamilos? Mamilos são polêmicos para o ornitorrinco?

(Tenho mais peito do que muita mulher... Mas menos cólica.)

Daí hoje, na academia, no auge da testosteronice, bati com um peso nas partes íntimas... Senti a dor de ser mulher.

Para os homens que nunca sentiram (cólica), para as mulheres que nunca sentiram (as bolas): cólica menstrual é exatamente como a dor de acertar as bolas, só que em menor grau e duração contínua. Talvez como a dor que persiste alguns minutos depois.

O que significa que a mulher é um homem com o saco comprometido? É só uma teoria. Mas faz sentido...

(É o masculino que cresce sobre o feminino? Ou o ovo? Ou a galinha?)

Hoje pisamos em ovos para dizer o que é masculino, o que é feminino... Acho curioso que a nova geração adote tanto o termo “não-binário”, termos dos mais contraditórios, porque pressupõe que tem de haver uma caixinha específica para o masculino, para o feminino – que só pode se definir como homem ou mulher quem se enquadra em estereótipos.
 
Na minha juventude, na virada do milênio, no século passado, éramos “andróginos” – essa coisa de pintar as unhas, pintar os olhos, se montar. Um dos meus melhores amigos, um menino lindo e hétero, era mais mulher do que eu. Cogitava até fazer laser para acabar com a barba. Hoje é um tiozinho barbado (como eu), casado, pai de família, comedor de torresmo. Se tivéssemos 20 anos hoje, provavelmente seríamos não-binários... Como não tenho, estou longe de ser – mesmo com os cabelos compridos, mesmo com os olhos pintados...

(Sou só um emo, um emo velho. Mas infelizmente isso não contemplado em editais...)

Será que não-binário é só uma fase? Uma transição até se assumir mulher? Até desistir e se assumir homem? Ser homem é uma fraqueza de caráter? Ser mulher e ter o saco na lua? Existe velho não-binário? Existe não-binário há vinte anos?
 
Sempre me debati com essas questões, dos limites do masculino, do feminino, mesmo me reconhecendo como homem-cis-gay (Ou talvez por me reconhecer como homem-cis-gay). Meus namoros recentes, com meninas trans, me fizeram aprofundar... e levei a discussão para meu novo romance (quase em pré-venda). Acho um horror que a comunidade gay busque tanto essa hipermasculinidade. E acho triste que os meninos que se enxerguem minimamente femininos hoje tenham de se enquadrar como trans. A binaridade anda mais forte do que nunca. Mas onde há debate há esperança...

Neste final de semana, no MASP, fui ao banheiro. Só as cabines eram separadas para homens, para mulheres (e o melhor de ser homem é mijar de pé). Lavando as mãos, checando a maquiagem, comentei com a menina ao meu lado: “Que horror. Foi só o PT assumir que pintaram o museu de vermelho e fizeram um banheiro unissex...”

Infelizmente, essa nova geração ainda não descobriu o sarcasmo.


TIREM AS CRIANÇAS DA SALA

(Publicado na Ilustríssima da Folha deste domingo) Do que devemos proteger nossas crianças? Como não ofender quem acredita no pecado? Que ga...