Fui ver um dos filmes mais comentados atualmente.
Não tinha NENHUMA sessão legendada. E todas as mortes do filme ocorrem off-screen. Ainda assim, gostei bastante...
Piadolas à parte, estava curioso para ver "Ainda Estou Aqui". O livro do Marcelo Rubens Paiva é bem jornalístico, objetivo - queria entender como conseguiram adaptar para algo mais emotivo, nível Oscar.
E, para mim, funcionou.
Tanto o livro como o filme têm um universo muito próximo a mim, parece (e é) algo que aconteceu pouco antes de eu nascer... com gente próxima... citam tanto gente da minha família materna quanto paterna, amigos dos meus pais.... (a classe média intelectual carioca-paulistana é um ovo, afinal), mas o filme torna isso ainda mais palpável.
A primeira parte me remeteu muito aos próprios álbuns da minha família, a fotografia, os figurinos, os cabelos. Teve uma cena numa cozinha que eu parecia identificar vários utensílios, a decoração das casas de quando eu era pequeno, queria ter pausado, entrado na cena, aberto as gavetas e revisto parte da minha infância lá.
Mas daí o filme dá aquela virada, a prisão do Rubens Paiva, e a própria nostalgia que eu sentia foi embora. Parece que aquela época se perdeu de vez, a fotografia muda, as casas se tornam menos reconhecíveis... O filme é sobre isso, afinal.
Adorei, e fico surpreso de o filme estar tão popular. Não me parece uma isca tão óbvia quanto Central do Brasil (que eu também adoro). Acho que o filme deve ecoar para cada um de uma forma diferente...
Também me lembrou muito o livro da Tracy Mann, que traduzi no começo do ano, que se passa na mesma época e cenários, mais focado na MPB, e que parece que AINDA NÃO TEM EDITORA NO BRASIL, incrivelmente...
(Fernanda Torres tá um espetáculo, claro, mas fico me perguntando se Oscar não gosta mais de mulher se esperneando....)