Essa semana do Orgulho (gay) foi intensa e importante para eu reafirmar minhas escolhas, meus orgulhos, perceber que há caminhos para eu ser quem eu sou...
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Raphael sempre foi um querido e merece o sucesso que faz. |
Começou com a Feira do Livro do Pacaembu, onde assisti a várias mesas, encontrei editores, recebi propostas e pude refletir sobre minha trajetória de escritor. Encontrei também amigos queridos - o Raphael Montes e a Tati Bernardi – que defendem propostas mais comerciais de literatura e sempre me estimulam a seguir esse caminho. Mas eu nasci para ser alternativo. Nunca gostei do que todo mundo gosta e não poderia ser esse tipo de escritor. Tati Bernardi fala que o histórico dela de publicidade é que a levou a fazer uma literatura que vende. Comigo foi o contrário, eu larguei a publicidade para fazer o que acredito, trazer a minha visão de mundo; se fosse para fazer o que vende eu ficaria na publicidade... que rende mais.
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A Tati fazia tempo que eu não via. |
Isso tem muito a ver com a minha formação. Na minha família, a arte nunca foi um meio de ascensão financeira, pelo contrário. Tanto minha família paterna quanto materna tinham grana, e a arte foi meio que uma maldição, um voto de pobreza... Eu não consegui escapar disso.
(E ainda assim, vez ou outra, as minhas propostas mais
absurdas – como um livro narrador por um jacaré de esgoto – até que vendem bem...)
E para seguir no Orgulho de ser quem eu sou, pude levar
minha sobrinha pela primeira vez na Parada LGBT+. Ela está com treze, é uma aliada
forte dessa geração fluida, e estava na hora de ela ver o que é realmente essa
parcela da população.
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Pode ser aliada, mas se aparecer com namorada eu deserdo! |
Chegamos cedo para ela ver a parte mais política, engajada
(e o povo ainda não tão louco e colocado). Ela durou pouco, mas se divertiu,
comprou uma bandeira, e encontramos alguns amigos queridos, como o Marcelino
Freire com o Gero Camilo.
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Marcelino e Gero. |
Depois de levá-la para almoçar e entregá-la em casa, voltei
para a outra parada, do final do dia, em que o povo já tá tudo se
pegando, mijando e vomitando pelos cantos. Acho que nunca fui tão paquerado. O
chifre deve ter ajudado, porque traz certo humor e uma entrada para o povo se
aproximar, porque eu não sei sorrir e sempre passo como carão...
Então, enfim, tirei a seca... Povo não acredita, mas fazia
quase TRÊS ANOS que eu não dava nem um beijo. Tem a ver com a idade, com estar
de saco cheio dos gays, mas também com minhas próprias escolhas... Gay gosta é
de padrãozinho – homem fantasiado de homenzinho -, e um cabelo comprido, um
olho pintado não são atrativos. Mas essa é outra concessão que não faço. É
assim que eu gosto de ser e assim que vai ter que rolar (ou não). O que eu
posso fazer é me esforçar para emagrecer, malhar, até para eu mesmo ter a
autoestima que ajuda as coisas a acontecerem. (Até porque, não tenho pelos
suficiente para passar por urso. Eu não me depilo nada e os poucos pelos que eu
tenho mal registram em foto...)
De qualquer forma, ontem, funcionou, com o cabelo comprido, com os cabelos pintados, e com os chifres... Acho que a mágica estava nos chifres. Agora só vou sair de casa com chifres.
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O Veado ontem tava matador... |