ELISA
Saiu na Casa & Jardim deste mês uma matéria de dez páginas com a casa da escritora Elisa Nazarian. Ela mora em São Roque, no meio do mato, com mais de 4 mil livros e dois cachorros. Alguns dias da semana ela trabalha na Biblioteca José Mindlim, aqui em São Paulo. Além disso, é mãe de Santiago Nazarian, escritor que se tornou conhecido depois de um romance relâmpago com Ana Maria Braga. Haha.
Elisa está lançando mês que vem seu primeiro livro, uma novela em prosa poética chamada "Resposta", pela Atelier Editorial. A noite de autógrafos em São Paulo acontecerá junto com "Feriado de Mim Mesmo", na Casa do Saber, dia 29 de março.
A orelha do livro dela é assinada por mim mesmo. E vai aí de aperitivo:
"Disse a ele que em seu transbordar de amor não cabia amizade. Por alguns dias, deixou de escrever suas dores, colocou os amigos de lado. Revestiu tudo o que ele lhe dizia em cadência de aço, revestiu todo o verdadeiro com o peso do falso."
É tudo verdade. E talvez seja essa honestidade dolorosa o que mais perturba e encanta no texto de Elisa Nazarian. Nos faz pensar em como a realidade pode trazer tanta poesia ou como a poesia pode ser colhida nos mais simples fatos da vida. É com essa simplicidade quase hermética que a autora cria um jogo de contrastes entre um homem e uma mulher. A simplicidade que separa o masculino do feminino; a simplicidade que separa duas pessoas, que as faz tentarem ser uma só, um casal. "Por três vezes ela rasgou o peito e lhe contou da morte em que estava vivendo. Por cinco ou seis vezes ele virou o rosto e não reconheceu que a amava. Mas amava." Acolhendo filhotes, rodeando-se de livros e fazendo queijo, essa mulher expressa sua feminilidade diante do masculino que se torna apenas omissão. E é isso o que faz o texto de Elisa Nazarian tão feminino, uma expressão honesta da verdade. Eu, como homem, só posso tentar explicar. E ainda assim apertar meu peito para reconhecer que toda essa mulher é muito mais, muito mais do que simplesmente minha mãe.
Santiago Nazarian