25/07/2005

A ARTE E A MORTE DE FRACOS E FORTES

Ah, viu só? É só eu expressar um pouquinho minha alegria para meu siso inflamar e dar pau na minha Internet. Olho gordo é foda...

Falando em olhos, gordos e dentes, fui ver "A Fantástica Fábrica de Chocolate", claro. Eu sempre assistia a versão antiga na sessão da tarde, mas agora faz tempo e nem lembro mais. De qualquer forma, gostei bastante da versão nova, esse tom fabulesco do Tim Burton, todo o tratamento visual que ele deu, a textura das peles e dos doces. Também adoro o Johnny Depp, mas acho que ele exagerou um pouco. Tudo bem que é uma fábula, o personagem é caricato, mas cada vez mais eu sinto que ele se esforça ao máximo para ficar esquisito e vencer a própria beleza. Acho que deviam ter escalado outro ator para o papel.

Tim Burton é um diretor que eu acompanho desde a infância (com "Beetlejuice") e que nunca posso deixar de assistir (mesmo quando dirige merdas como "Planeta dos Macacos"). Ele é um gótico que venceu em Hollywood. Como alguém consegue fazer um mega estúdio financiar um filme com um roteiro esdrúxulo como "Edward Mãos de Tesoura"? Eu gosto, mas meus favoritos dele ainda são "Peixe Grande" e "Ed Wood" (que foi a menor bilheteria dele).

Parece que, antes de ser diretor, ele era animador dos estúdios Disney. Dizia que sofria em ter de desenhar animações como "O Cão e Raposa". Haha. Atualmente, ele vem abandonando a estética gótica e se tornando cada vez mais psicodélico, apesar de que o próximo filme (de animação) dele se chama "A Noiva Defunta"... Ui!

Tenho também um livrinho dele de "poemas góticos para crianças". Chama-se "The Melancholy Death of Oyster Boy & Other Stories". Vale pela edição e pelas ilustrações.

Ai, meu siso...

Mas como Hollywood não paga minhas contas, esta semana estou trabalhando com as legendas de 9 filmes da trupe do Godard, que minha mãe traduziu, além do Kieslowski, que eu também traduzi. Aprendam comigo essa proeza, crianças, assistam Hollywood por diversão e ganhem dinheiro com o cinema de arte!

Falando em cinema, Luis Gastão, que eu ainda não conheci pessoalmente, mas que sempre deu força para minha literatura, publicou uma entrevista comigo no blog dele. http://www.cinemaecia.blogspot.com/ Vai aí uma das perguntas (e respostas):

Cinema e Cia: Você acabou de lançar "Feriado de Mim Mesmo" e já tem outro livro pronto. A literatura é uma compulsão?

SN: Não. "Feriado de Mim Mesmo" foi escrito em julho de 2003. Esse próximo foi escrito entre final de 2004 e começo de 2005. Ou seja, existe mais de um ano de intervalo entre eles. Eu sou um escritor, é isso o que eu faço. Então como eu poderia ficar mais de um ano sem escrever um livro? Não entendo isso. Existe um artista plástico em atividade que dê um ano de intervalo entre a pintura de cada quadro? O problema é que os processos são lentos. Publicar um livro por ano já é considerado excessivo. Eu tenho prazer em escrever, só isso, mas vou satisfazendo esses prazer em textos menores, em contos, até no blog, porque o mercado editorial não consegue absorver minha produção. Isso às vezes me deixa um pouco ansioso. E esse deve ser um "mal da juventude".

NESTE SÁBADO!