COMO DESOVAR COGUMELOS
Acabo de acabar um conto extenso, de 13 laudas, para uma antologia que sai em breve. "Como Desovar Cogumelos" é o título (do meu conto), e pode ser visto como uma alegoria das competições e camaradagens que existem na cena literária. Ah?
Esta semana está linda, à base de antibióticos, antiinflamatórios e analgésicos, por causa do siso. Minha mandíbula está parcialmente travada. Eu estou anestesiado. E começo a ter flashbacks de meus períodos junkies da infância (Lyvia, não tente isso em casa. Bom é ser bonito, saudável e bronzeado, com o peito amplo e o hálito puro).
Esta semana também tive experiências que me fizeram perceber o quanto tenho sido egoísta, individualista e injusto com aqueles que gostam de mim. Meu tempo e meu espaço se tornaram uma coisa só e cada vez menos estou disposto a cedê-los, seja para um café, jantar ou telefonema. Saio de casa sempre de fone de ouvido, não falo com ninguém, não sei o nome de nenhum porteiro do meu prédio e de nenhum colega da academia, praticamente as únicas pessoas que vejo quase todos os dias. E eu preciso das pessoas tanto quanto qualquer outro, só que nunca estou disposto, raramente tenho vontade. É isso. Eu preciso dos outros, mas não tenho vontade.
Vou acabar no fundo do poço, mas nem assim ficarei sozinho. Lá embaixo encontrarei a Samara, que não vai me deixar trocar o canal da TV (Ah, as mulheres...).
Sai, sai, capeta!
O individualismo é praticamente uma tradição nas mulheres da minha família (haha). Minha avó passa todos os anos o Natal e o Ano Novo sozinha. Ela prefere ir viajar, e sempre viajou sozinha. Minha mãe também tem dessas, foi morar no meio do mato, sempre viaja sozinha. Mas ao menos ela mais sociável, com os porteiros, no maldito telefone...
Eu também tenho o outro lado, a quantidade imensa de pessoas que eu conheço, que eu já namorei ou simplesmente troquei fluídos. Os vários amigos queridos, que vejo pouco, mas que estão sempre lá quando eu preciso. Enfim, tudo isso não é problema, o problema é só me sentir culpado porque as vezes acho que os outros precisam de mim e eu não consigo...
Mas passou, passou, e vou dormir.
Espera... falando em pessoas queridas, amanhã (quinta) tem a Andrea del Fuego e a Índigo na Livraria Lima Barreto (Inácio Pereira da Rocha, SP), lendo contos e conversando com o pessoal. Eu devo passar lá, se meu siso me permitir.