07/02/2006

SOBREVIDA

Só ontem fiquei sabendo de um amigo que se matou há algumas semanas. Um impulso me levou a procurá-lo nos "friends" do Orkut. Ele ainda está lá, ainda ligado a mim e com o perfil mais do que ativo. Achei um pouco assustador. Continuam surgindo scraps para ele, não de gente que não sabe o que aconteceu, mas coisas como "seja feliz nessa nova vida", "que agora você encontre a paz", "ontem sonhei com você".

Não é muita fé dessas pessoas continuar escrevendo? Mesmo elas acreditando no "depois", acham que o céu tem banda larga?

Fiquei pensando sobre isso, lendo, e, no final, achei bonitinho. Acho que é mais uma forma das pessoas ficarem em paz consigo mesmas, ou de mostrarem para outros que visitam a página dele o que elas sentem. Você vê como a tecnologia já faz parte desses processos. Eu mesmo quase escrevi por lá, pedindo desculpas a ele por nunca ter marcado o café que ele me cobrava. Mas agora já foi...

Acredito que depois de algum tempo sem login dele, a página desaparecerá. Mas é assustador pensar que não, que o Orkut acabará acumulando perfis de pessoas mortas por anos e anos (além dos seres fictícios).

Eu também já tive a curiosidade mórbida de visitar perfils de gente acusada de assassinato. Aquele cara que matou o colega na USP, por exemplo, tinha perfil lá. E o livro favorito dele era "O Talentoso Ripley". Isso é humor negro ou o quê?

Bem, bem, seu eu morrer, matar ou for abduzido, podem fazer a festa nos meus scraps. O difícil é ler tudo enquanto a gente ainda está por aqui...

Hoje tô azedo. Tô triste e com sede de vingança. Preciso de amor urgente, em seringas hipodérmicas.

(ps - Não vi "Brokeback Mountain" e acho que nem vou ver. Aqueles cowboys não me apetecem, e esses filmes de Oscar não fazem diferença. Se todo mundo viu, não forma repertório individual pra ninguém.)

MESA

Neste sábado, 15h, na Martins Fontes da Consolação, tenho uma mesa com o querido Ricardo Lisias . Debateremos (e relançaremos) os livros la...