09/05/2007

GONE

(Nazarian diz: "Fui embora. Não me escreva. Nem me mande parabéns. Deteeeeesto parabéns.")

“Agora estou aqui, estudando as possibilidades, pacientemente, numa batida de maracujá. Vendo o mar ir e voltar, esperando você. Nós dois moramos no mesmo prédio, mas você nunca está em casa. Nós dois olhamos para a mesma praia, mas você faz parte dela. Nós dois queimamos sob o mesmo sol, mas você nem sente. Antigamente...”

Não, este não é trecho do meu livro novo, mas quase. É trecho de um conto longo, ou de uma novela pequena, que sairá ainda este ano, dentro da antologia que estou organizando com o Marcelino.

Este conto serve como prévia do que será meu próximo romance. Aliás, em geral meus romances nascem de contos. Ou melhor, meus contos são mais exercícios, preparando terreno para narrativas mais longas.

Eu mesmo não ando escrevendo conto algum. Fiz uma crônica para a revista do Shopping Iguatemi, resenha pra Rolling Stone, entrevista pra Joyce, sigo com meu quinto romance. Mas de conto, nada. Ando até de birra com meus contos antigos. Acho que o formato conto não satisfaz minhas necessidades. Preciso de personagens que me façam companhia...

E agora, viajo sozinho. Meu primeiro destino é Santiago, Chile. Devo atualizar meu blog durante esse período de viagem, mas não sei com qual freqüência. Comprei uma digital, se conseguir, postos fotos. (já ta aí, minha foto saindo do apartamento). Aqui em São Paulo já está nevando, preparando-me para férias polares. Eu até imaginava que poderiam ser tropicais. Mas...

Como sonhar com mares de Caribe quando o que se encontraria lá seriam apenas sonhos oficiais, sonhos realizados, que deixariam de ser – com tantos outros desejos alheios, escondidos, distantes? Você se coloca numa cadeira e num coco e numa rede contemplando o mar turqueza-pérola-diamante, imaginando que do outro lado, além dele, em algum lugar do mundo alguém que realmente importa está sonhando com o lugar onde você está. E você está lá, no sonho de tantos, mas sozinho, enquanto meninos sonham como patos molhados, numa praia empestiada, com as bermudas escorrendo aos calcanhares...

(Sim, esse é trecho do meu próximo romance. Lançamento só no segundo semestre do ano que vem, ainda não cheguei nem na metade. Temos tempo...)

TIREM AS CRIANÇAS DA SALA

(Publicado na Ilustríssima da Folha deste domingo) Do que devemos proteger nossas crianças? Como não ofender quem acredita no pecado? Que ga...