30/11/2007

FAQ


Ludov featuring Nazarian



Os queridinhos do Ludov estão de clipe novo. O show de lançamento foi nesta quinta, com direito a participação vocal de amigos, fãs e personalidades. Eu sou amigo e fã de longa data, e paguei o mico de cantar uma música com eles.

O clipe vocês pode conferir aqui:


www.ludov.com.br/urbana

Leandro "Multiplex", Vanessa "Ludov" e eu, ontem.




Vanessa e eu, hoje.

Outros amigos queridos que lançaram clipe (e disco) é o Vampiros e Piratas. O deles vocês podem ver aqui:

http://www.youtube.com/watch?v=bLnUG3FF5KQ



Mudando totalmente de assunto, estou fazendo há algum tempo um FAQ. Como "jovem autor", leitores sempre me fazem certas perguntas, e achei que era mais fácil colocar aqui como um guia. Assim, quando me perguntarem de novo, eu só mando o link do post. Vai lá:


- O que é FAQ?

“Frequently answered questions” –Perguntas freqüentemente respondidas. Ou “Frequently asked questions” – Perguntas freqüentemente formuladas.

- Como registro meu livro?

Entre no site da Biblioteca Nacional (http://www.bn.br/site/default.htm ), clique no link “serviços a profissionais” e “escritório de direitos autorais”. Lá há um formulário para preencher com os dados da sua publicação e do pagamento que você tem de fazer no Banco do Brasil. Depois de ter feito o pagamento e preenchido o formulário, mande tudo com seu livro, cópia de seu RG, CPF e comprovante de residência para o endereço da Biblioteca Nacional no Rio. Em mais ou menos três meses eles enviam para a sua casa um comprovante com o número de registro.

- Para que serve o registro?

Para nada. Só é uma proteção contra plágio/uso indevido. Na verdade, a Biblioteca Nacional não vai fazer nada com seu livro, não vai ler, só vai arquivar. Caso algum dia surja uma denúncia (sua ou de outro) de plágio, uso não-autorizado da obra, etc, o arquivamento feito por eles é uma prova da sua autoria. O que vale é a data. Se você tiver registrado em setembro de 2007 por exemplo, e em março de 2008 alguém lança um livro igual ao seu, você pode abrir processo por plágio. Agora, se essa pessoa tiver um registro anterior (por exemplo, agosto de 2007) do seu livro, ela é que tem os direitos. Sim, uma mesma obra pode ser registrada duas ou mais vezes, por pessoas diferentes, porque, como eu disse, eles não avaliam o conteúdo, isso só é feito em caso de processo judicial.

- Preciso ter registrado meu livro para mandar para uma editora?


Não. A editora nunca vai nem saber disso. E dificilmente alguém vai roubar seu livro. Sério. Dificilmente alguém roubaria até um livro do Paulo Coelho. Pense bem, um livro daqueles que ele escreve vende em grande parte por causa do nome dele. Se você conseguir roubar antes e publicar como Roberto Silva não vai vender merda nenhuma. Em geral, publicar/divulgar um livro é tanto trabalho para tão pouco retorno financeiro, que se você não estiver fazendo isso por tesão, por algo que tenha criado realmente com suor, não vale a pena. Mas enfim, registrar um livro não é caro, então sempre é melhor se precaver, você pode ter um ex psicótico que queira roubar tudo o que é seu.

- Quantas páginas mais ou menos deve ter meu livro?

Essa é uma das perguntas que mais me fazem. Eu posso dizer que mais de 8 páginas já pode ser considerado algo mais do que um folder. Hoje em dia há muitos escritores (publicados) que não escreveram nada mais do que meia dúzia de frases... e podem dizer que fazem micro-contos. Agora, o número de páginas pode variar não só de acordo com o que está escrito, mas com o tamanho e estilo da fonte, espaçamento, margens da página, etc. Você pode transformar um romance de 150 páginas num romance de 300 num clique, só dobrando o espaçamento. Também não existe um método exato de se calcular quantas páginas um original de Word dará em livro, isso depende do projeto gráfico que a editora fizer. De qualquer forma, as editoras calculam um tamanho de livro mais pela quantidade de toques do que pelo número de páginas.

- O que é quantidade de toques e como posso saber isso?

É quanto de espaço o texto ocupa (é o texto, mais quebra de parágrafos, mais espaço entre capítulos). Claro que você pode fazer um texto imenso aumentando o espaço em branco entre capítulo, fazendo parágrafos menores, etc. Para saber a quantidade de toques do seu texto, vá em “arquivo” do Word, clique em “propriedades” e “estatísticas”. Lá dará o número de caracteres com espaço (igual a “toques”). Como exemplo, posso dizer que “Mastigando Humanos” tem 300 mil toques, tinha 130 páginas na minha formatação de Word e isso deu 224 páginas de livro editado (mas, de novo, esse foi o padrão usado pela Nova Fronteira para esse livro, não é uma regra de cálculo).

- E agora, como publicar meu livro?

Não faço idéia. Haha. Há milhares de possibilidades. Muita gente paga editoras para publicar a primeira edição, às vezes é a melhor alternativa para entrar no mercado. Tem gente que lança seu próprio selo/editora, agora que as tecnologias de publicação estão mais baratas. Você pode tentar também mandar para as editoras. Elas lêem? Lêem, claro, eles precisam publicar, não é? Mas claro que recebem muita coisa, e seu livro pode ficar perdido lá entre vários outros, então ajuda conhecer alguém na editora (se você não tem um nome conhecido no mercado) ou ter boas indicações. Outra alternativa são os concursos literários que premiam com a publicação (ou com dinheiro). Daí é mandar seu livro e torcer para ser considerado bom (ou que os outros concorrentes sejam muito ruins). Eu comecei a publicar mandando para um concurso.

- Que formatação/formato/método devo usar no original do meu livro?

Bem, não vai escrever a mão, né? Digitado em Times New Roman tamanho 12 espaçamento 1.5 é uma pedida bem padrão, mas não precisa ser necessariamente essa. Para mandar para uma editora, basta estar impresso em sulfite com espiral (e páginas numeradas, por favor). Se você tem uma arte boa e já tiver uma capa, etc, pode ajudar, mas pense bem. De repente sua idéia de boa capa pode ser vista de outra forma pela editora... Mandar o arquivo em Word por email nunca, nunca. Você perde controle das cópias do seu livro e é chato para qualquer um ter de imprimir por você ou ler na tela do computador. (Ok, eu costumo mandar para minha editora por email, mas eles já são minha editora e já vão precisar do arquivo para reformatar lá).

- Eu mando pra editora o texto prontíssimo ou posso mandar uma coisa meio inacabada?

(Essa tive ajuda do fofinho André Tanaka) - Mande o melhor que você for capaz. Sempre. Claro que sempre será feita uma revisão ortográfica, pode haver alguns erros, etc e tal, mas mande o texto quando você achar que fez tudo o que podia por ele, principalmente se for sua primeira publicação. Afinal, ninguém está pressionando você para publicar, não há pressa, então se empenhe ao menos em mostrar seu melhor. Não espere que a editora venha ajudar você com o final do seu livro ou com algum dilema de personagem. Isso é trabalho do escritor. Aliás, é bom lembrar, esse é um trabalho, então espera-se que você, como profissional, saiba o que fazer. A editora, a rigor, só dá os retoques finais, publica e distribui. Não basta ser alfabetizado para ser escritor.


- Você pode me indicar para alguma editora?

Não. Quer dizer, quando eu gosto muito de um livro inédito eu tento indicar. Mas é tanta, tanta gente que me pede. E se a gente nunca trepou, por que eu faria isso por você? Como eu disse, eu nunca tive padrinho, mandei pra concurso, então recomendo que faça o mesmo. Até porque, estou longe de ser poderoso...

- Pode me dizer os concursos que existem por aí?

Não. Concursos vêm e vão. Surgem e desaparecem todos os anos. Se você é uma pessoa bem informada, leia jornal e procure na Internet, você vai encontrar.

- Como funciona o pagamento/direitos?

Praxe é autor ganhar 10% do valor de capa de cada livro vendido. Autores já publicados, um pouco mais conhecidos, geralmente recebem um adiantamento desse valor (digamos 5 mil reais) que vai sendo descontado do que o livro vende. Então se um livro custa 50 reais, o autor recebe 5 reais por livro vendido. Se recebeu adiantamento de 5 mil, precisa vender mais de mil livros para voltar a receber da editora. Os acertos variam de editora para editora, em geral são feitos de três em três meses.

- Qual é o tamanho de uma edição?

Varia. Autores de bestsellers têm edições imensas. Mas uma edição normal de literatura fica em torno de 3 mil livros (sim, só isso, inclusive para autores premiados, e vender 3 mil livros no Brasil não é fácil... tristeza).

- O livro sai como eu quero ou a editora interfere muito?

Depende do livro e depende da editora. Acredito que hoje em dia a editora queira interferir o menos possível, para ter menos trabalho. Mas há muitas editoras que gostam de padronizar a capa/projeto gráfico de seus livros. Há editores que gostam também de mexer bem na história. Se você confia/respeita seu editor o suficiente, pode aceitar as sugestões (que nunca devem ser feitas como imposições, afinal, o livro sairá com seu nome). E se as sugestões feitas forem consideradas incabíveis por você, o melhor é desistir da editora. Em geral, acredito que o ponto em que os autores têm menos autonomia é o projeto gráfico/capa, mas muitas editoras consideram um alívio terem autores que cuidam dessa parte. Eu sempre cuidei do projeto gráfico de todos meus livros (com exceção de "Olívio", que foi feito todo pela editora, e que acho uma merda).

- É importante ter agente?

Não sei. Eu sempre fiz tudo sozinho, sem agente. Mas talvez seja importante para autores muito grandes (que não conseguem administrar sozinhos suas obras) ou autores que ainda não têm muita penetração no mercado. Eu tenho agente internacional apenas, que negocia a venda dos meus livros no exterior. Para mim isso é importante, já que eu não tenho contato com os editores lá de fora. Mas agente internacional só faz sentido para quem já está publicando por aqui.

- Como funciona o trabalho do agente literário?

Basicamente é uma pessoa com contatos. Ele negocia a venda do seu livro para as editoras e ganha um percentual por isso. Ele pode negociar também os direitos para cinema/TV, etc.

- Meu primeiro livro está saindo, como divulgá-lo?

Uma boa editora tem uma boa assessoria de imprensa que manda para as pessoas certas (jornalistas/críticos que têm o perfil do seu livro, que podem ajudar a promovê-lo, etc). Claro que você também deve ajudar, correr atrás de quem você conhece, mandar o livro para quem você gosta/admira. Mas lembre-se de que quem trabalha com isso (escritores, jornalistas) recebem muita coisa, podem demorar ou não conseguir ler seu livro. Cada vez mais surgem também técnicas alternativas de divulgação (trailer no cinema, publicidade, edições diferenciadas, etc). Enfim, é uma batalha sangrenta.

- Fala a verdade, a editora não paga para sair resenha do livro? Ou é preciso ser amigo dos jornalistas?
Meu amor, eu já lancei livro em que a editora não quis pagar nem convite pra lançamento. Duvido que eles paguem as revistas pra sair resenha. Os números envolvidos no meio editorial são sempre pequenos (pagamentos, tiragens, etc), não compensa para uma editora pagar uma matéria em revista ou jornal. Até porque, matérias de livros não ajudam tanto a vendê-lo, servem mais para promover o autor no (restrito) meio literário. Por esse mesmo motivo não se vê anúncios de livros de literatura, a não ser que sejam grandes bestsellers. Agora, ser amigo de jornalistas ajuda sim. Eu me tornei amigo de vários... porque eles gostaram dos meus livros.
- Meu livro saiu. Como faço para ser convidado para Flip, bienais, Programa do Jô, sofá da Hebe, ganhar Jabuti e ficar milionário?
Hum... Hum... Como eu disse, ter uma boa assessoria de imprensa ajuda. Editoras grandes também têm mais penetração nas premiações, bienais e eventos literários, mas nem sempre. Ter amigos no meio ajuda. Saber dançar o Chachachá ajuda. Ter um rostinho bonito ajuda. E ter um ótimo livro ajuda um pouquinho também. Ou seja, é uma batalha sangrenta, muita coisa é publicada, muita gente quer ser lida, e o que você tiver a mais para diferenciar seu trabalho dos outros é ponto a favor. Isso passa também pela escolha da capa (para chamar a atenção na livraria), pelo método de distribuição, nome do livro, etc.

- E Internet/blog, é uma boa alternativa para meus textos serem conhecidos?

Não sei. Acho que já é um meio bem saturado. Gente demais tem blog. Já passou aquele boom, das editoras procurarem blogueiros de sucesso. Mas pode ser uma alternativa para ao menos ter os primeiros leitores, as primeiras impressões. Pessoalmente, eu não gosto de ler textos longos na tela e sempre usei meu blog mais como divulgação/reflexão do que como espaço de produção literária.

- Queria ser escritor, mas nunca consigo terminar meus livros/ nunca acho meus livros bons/ tenho boas idéias, mas não consigo colocar no papel.

Hum, isso não é uma pergunta, né? Mas sempre me vêm com essa. Bem, por que não tenta dançar na boquinha da garrafa? Sério, no Brasil isso é mais valorizado, é mais fácil você ganhar dinheiro, fama e prestigio. Em outras palavras, se você não escreve por absoluto tesão, não faz porque não consegue evitar, sugiro que faça qualquer outra coisa.

Hum, acho que são essas, né? Se eu lembrar de outras, coloco aqui.
Aproveito para avisar:
ANTECIPE SUAS COMPRAS DE NATAL
Voltei a vender "Olívio", 25 pila, já incluido frete e dedicatória (só tenho "Olívio", sim, os outros não tenho pra vender). Quem quiser, me mande um email:
(santiagonazarian(arroba)gmail.com)

24/11/2007

COBRAS TAMBÉM SÃO CANINOS


"Gosta de répteis? Claro que gosta, você tem aquela lagartixa verde, não é? Oh, menino, não podia ter um animal mais normal? Um cachorro, um gato, um hamster que fosse? Bem, já que gosta de répteis vou te levar para os jacarés..."



Oh, passei mais uma agradável tarde de sábado no Instituto Butantan. Fui gravar uma entrevista entre iguanas, cobras e aranhas.

Meu livro novo também tem várias referências herpetológicas. Mas nesse os animais não falam. E há mais insetos do que répteis. Mais uma vez eu trato da adolescência, num estágio anterior, a passagem da infância. Depois dos laboratórios com alunos de 7ªs e 8ªs, tenho lido bastante sobre “crianças com necessidades especiais” e estou procurando laboratórios também nessa linha.

De qualquer forma, o livro já está escrito e entregue para a editora. Agora é só mesmo afinar, reler, corrigir. E nessa fase, uma pesquisa extra é sempre bem vinda.

Falando nisso, acabei de ler “Nascido num Dia Azul”, livro de memórias de Daniel Tammet, um autista britânico, daqueles geniais em cálculos e idiomas. Parecia mais interessante do que realmente é. Isso porque, obviamente, quem é tão genial em matemática não poderia ser na literatura. O livro é recheado de chavões, imagens gastas, e nem mesmo oferece um ponto de vista curioso do autista. O tom de “sempre me senti diferente dos outros meninos” parece normal, o mesmo que qualquer um que escreve poderia adotar. E quando o autor se revela homossexual, a diferença dele em relação aos outros meninos (como não gostar de brincadeiras violentas, preferir ficar sozinho lendo, etc, etc), parece suficientemente fundamentada. A mensagem final que fica é de identificação (“os autistas são como nós”), e já que chegamos nela sem grandes revelações, o livro se torna um nada.

Continuando nos livros, recebi aqui a edição de estréia da Granta em português, uma das publicações literárias mais importantes do mundo, com contos de jovens autores norte-americanos. No Brasil, ela deve ser lançada a cada seis meses pela Alfaguara/Objetiva, cada vez com um tema diferente. Ainda não li o primeiro número, mas tem autores bem interessantes, como Jonathan Safran Foer, Gary Shtheyngart (de quem já traduzi uma entrevista) e Daniel Alarcón (que esteve comigo em Bogotá).

Outro livro que recebi foi o segundo volume de contos de Tony Monti, “O Menino da Rosa”, lançado pela Hedra. É bem bonito, ligeiro (mas não rasteiro) deixando um perfume suspenso no ar. Isso porque eu peguei assim, sentado na minha mesa para dar uma olhada. E fui lendo os contos - que são pequenos mas não “micro” , nem no tamanho, nem na fórmula, que foge da piada literária, são como prosa poética - e acabei fisgado. Olha só um pedaço de um pedaço:

“Raramente sonho com você. Sonho só com a casa, sempre. Diferente de você, a casa sou eu.”

E recebi “Hiato” do Abílio Marcondes de Godoy (que não conheço), volume de contos da Coleção Rocinante (fazia tempo que eles não mandavam nada para cá). Este eu vou ter de sentar e ler com fôlego.

Mas tenho nadado sempre... Tenho corrido tanto... Que fôlego só me falta quando me derramo. Sobre você e sobre seu pranto.

(Bléeeeee, isso eu tirei agora, daqui, preso entre os dentes)

Que mais? Assisti coisas bem bizarras no festival Mix Brasil. Talvez a melhor delas tenha sido o documentário (premiado) "69 - Praça da Luz" de Carolina Marcowicz e Joana Galvão, sobre prostitutas da terceira idade. É divertidíssimo, nem um pouco para baixo, ainda que bem real e humano. Outro dos premiados foi o querido Felipe Sholl com seu "Tá...", mas esse eu não vi. Então só fica meus parabéns.


No mais, já estou arrumando as malas para o reveillon. Tem convite? O mais certo é que vá para a casa de um amigo em Floripa.
Pati-beijo.

18/11/2007

MÚSICA PARA DROGADOS, VIADOS E OUTROS DEGENERADOS


Traga formigas ao meu piquenique!

Ai! Nesta manhã florida de domingo Prodigy não faz muito sentido... Estava tão bom ontem de noite, vendo o DVD, bebendo com amigos, comendo batata Sensações sabor champagne (para você ver, como é séria essa coisa de esquizofrenia dos alimentos. Anyway, a batata, como minha amiga Maíra bem disse, tem gosto de chips de festa, sobre a qual foi virada uma latinha de cerveja). Hoje, sobraram apenas as migalhas e as formigas, e eu sentado neste PC, tentando escrever ao som de Prodigy, me perturbo um pouco com o som.

A alegria de ontem no meu apartamento (detalhe, Priscila-vaca segura um livro chamado "El Chupacabra").


Prodigy já há algum tempo acompanha em paralelo minha vida. Fui ao show deles aqui em SP em 98 (98?), com minha namorada da época. No meu aniversário de 23 anos, discotequei no DJ clube (na falecida festa de Márcio Custódio e Erika de Freitas) e acabei mixando uma versão de "Smack My Bitch Up" com guitarras e bateria ao vivo da banda Space Invaders (que entraria no palco depois do meu set). Aquele foi um bom momento musical da minha história pessoal.


Desde então, quantas carreiras segui, quantas pastilhas engoli, quantos neurônios queimei ao som de Firestarter?


Prodigy continua fazendo efeito. Só que agora, aos trinta anos, dá ressaca.

De qualquer forma, para os não iniciados, recomendo os álbuns. "Fat of the Land", que tem vários hits, e foi um álbum importante para a música eletrônica, e meu favorito, o mais recente, "Always Outnumbered, Never Outgunned", de 2005. O DVD em si ("Their Law") é uma coletânea de todos os clipes + bastidores + um show inteiro ao vivo + faixas ao vivo esparsas. Só pelo clipe de "Smack my Bitch Up" já vale. E ainda estou procurando os easter eggs.




(É verdade, eu tenho uma formiguinha tatuada um pouco acima do mamilo esquerdo, mas não é a formiguinha do Prodigy não. É a minha. )



Em termos digamos, assim, mais... culturais, consegui assistir coisas bem bacanas neste final de semana. Começando pela nova peça dos Satyros, uma bad trip só (no bom sentido, sim, isso é possível). É basicamente a história de uma trupe que aproveita para lucrar em cima de um deficiente, das maneiras mais surreais possíveis. Me lembrou um pouco Dennis Cooper, essa idéia vampiresca-antropofágica-abutre de sugar um ser mais fraco até a carcaça... e até a carcaça apodrecer. Os Satyros constroem sempre ótimos personagens alegóricos, seres no limite, seres além do limite. Vale a pena não apenas conferir esta, mas seguir o trabalho deles. É o que eu venho fazendo há uns dois anos.




Belo cartaz.



(Falando em seguir, ontem estava lendo o blog da Phedra - atriz transexual cubana que integra a companhia - é bem curioso e divertido. Vai lá: http://phedra.zip.net/)



(Sim, uma das minhas irmãs - de sangue - se chama Fedra, mas é outra, sem "ph")

Outro programinha cultural desses dias foi "A Incrível História do Cinema Gay", que passa no festival Mix Brasil. Eu esperava mais. A história não é tão incrível assim. Mas vale como registro da importância dessa segmentação, ainda nos dias de hoje. Quem está de fora costuma dizer que hoje em dia a homossexualidade está inserida até demais, que até está na moda ser gay, blablablá, mas essas pessoas não olham além dos Jardins, o povo sendo (literalmente) apedrejado na rua, os adolescentes (nos colégios dos Jardins) que são invariavelmente caçoados pelos colegas, gente que recebe pena de morte em vários países apenas por causa da opção sexual. Além do fato óbvio de não haver NENHUM galã de porte, por exemplo, que tenha assumido sua homossexualidade. Só isso já não torna óbvio que a sociedade ainda não é tão inclusiva assim? Que a homossexualidade ainda enfrenta grandes resistências? Que ainda hoje o moleque que precisa se assumir não encontra exemplos positivos?

Eu, por exemplo, sou um exemplo negativo.

(Hum, curioso, agora no meu som Marina canta: "Eu, tô grávida, grávida de um beija-flor...")



O filme traz questionamentos mais interessantes sobre esses aspectos do que sobre o cinema (e os filmes) em si. É legal ver a posição (ops!) de alguns cineastas como John Waters e Gus Van Sant. Ver que nem todos têm as mesmas buscas, as mesmas questões de militância. John Waters, por exemplo, diz que preferia quando ser gay era uma coisa marginal. Van Sant acha que grandes galãs não devem assumir a (homo) sexualidade, porque pode quebrar a fantasia do público (eu acho isso bem discutível, até porque uma mulher pode muito bem desejar um gay, e um gay pode muito bem se atrair por certas mulheres.)

E hoje? Hoje ainda dá tempo de teatro. Vou ver a peça do querido Arlindo Lopes. Taí:





De resto, chupacabra, claro. Ainda mais agora que meus sete meninos (literários) me deixaram.

Oh... solidão!



Dá pra acreditar?

16/11/2007

CADA TAÇA COM QUE BRINDAMOS SERÁ QUEBRADA


4 dos sete...


Feriadão em SP tem:



E tem:



Eu, depois de uma maratona de bienais e legendas em festivais, quero aproveitar ambas apenas como espectador. Afinal, em cada sessão de cinema que vou, depois das 68 que fiz em SP e Brasília, ainda me dá tiques nervosos de operação de legenda. Ontem inclusive fui ver um animê bizarríssimo do Mix. A programação deste ano é voltada para o cinema oriental. Bom para quem gosta de comer de palitinho.


O resto do feriado vai ser dedicado ao chupacabra. Christiano Metri e eu estamos mergulhados no roteiro do longa. As coisas estão se encaixando. Não me perguntem quando o filme ficará pronto, isso é sempre uma incógnita no Brasil. Mas a coisa é pra valer, e demorará o tempo que for necessário para ficar bala.


No terreno literário, o quinto romance está terminado. 510 mil toques (algo como 400 páginas?), 21 capítulos, 3 partes, 7 protagonistas. Me dá ganas de postar mais aqui, trechos, sinopse, as primeiras idéias de capa (sim, já estamos trabalhando na capa e nas ilustrações). Mas ainda é cedo. E você nem leu todos os outros....


Aliás, parece que "A Morte Sem Nome" está esgotado... E não sei se haverá reedição.

Ok, a ilustração lá de cima - isso, essa aí do post - faz parte do primeiro estudo de capa do livro novo. Não vai ser por aí, mas vai ser por aí.


Este post está chocho, por isso eu o estava evitando há alguns dias. Hehe.


Minha garganta dói. Lá fora chove. E não há mais nada aqui dentro.



Maestro Strausser e eu, por aí.

11/11/2007

O PEIXE DO MEU DESEJO


Nada se compara...


Um abrir e fechar de olhos, um suspiro mais vigoroso e a semana já se dissolvia em flocos. O final de semana chegava como uma promessa frustrada. E eu me pegava em frente a esta tela, em frente a tubarões de antigos mares, antigos oceanos. Onde eu achava que iria me afundar, mas não, foi apenas um abrir e fechar de olhos. Foi apenas um suspiro mais vigoroso e a semana já se dissolvia em flocos, em promessas frustradas...

Minha atual obsessão em DVD é o “Goodnight, Thank You. You’ve Been a Lovely Audience” da Sinéad O’Connor. Está longe de ser o melhor registro dela. Ela não está na melhor forma, nem física nem vocal, mas já vale só pelos clipes hipnóticos minimalistas do álbum Sean-Nós Nua, como “Peggy Gordon” e Molly Malone. Não pode existir melhor cantora-compositora na face da terra...

Daí chego na casa de um amigo e ele está vendo MTV americana (?), uma dessas cantoras brancas/negras genéricas de R&B, e ele comenta como ela é genial, como é fantástica, que voz incrível. E certamente essa cantora está vendendo milhões, é adorada por milhões, ela sim se torna uma referência...

Merda.

Coisas como essas é que reforçam nosso caminho particular, a convicção que ainda podemos fazer algo significativo, construtivo, mesmo que não mudemos o mundo inteiro. O mundo inteiro não precisa ser mudado, só precisa ser destruído. Não vale a pena fazer arte para tentar mudar milhões, só para salvar a meia dúzia que importa.

Mais ou menos como a Yoko Ono. Lembro que quando eu era pequeno, tínhamos o LP de “Double Fantasy”, dela com o John Lennon. As faixas do Lennon eram consideradas pelos meus irmãos como as “de qualidade”, as faixas dela eram consideradas as toscas. E escutando hoje, as faixas do Lennon são o pop bem-feitinho de homem maduro, que lembram milhares de outras coisas. Enquanto que as faixas da Yoko continuam estranhas, diferentes, originais (como “Kiss Kiss Kiss”).

(Aliás, fiquei sabendo da Yoko Ono no CCBB aqui em SP...)

Eu poderia citar milhares de outros exemplo. Os Beatles mesmo, a banda que “revolucionou o mundo”, mas que nunca teve importância alguma em minha vida (nem mesmo no meu cd player). Enquanto que o Suede... alguém coloca na lista?

Ou Machado de Assis, Guimarães Rosa, Clarice Lispector, ...

Woody Allen, Fellini, Almodóvar, Tarantino...

Caetano, Chico, Gal, Madonna…

Hum, por que estou atacando as unanimidades mesmo?

Ah, acho que só queria ficar sozinho aqui, com você...

E quando acho que poderei ficar tranquilo - meu tigre na minha garrafa - só deitado no sofá olhando para Sinéad, vem o café e a vontade, a necessidade, de me perder por aí...
Talvez só para poder voltar.

Então eu volto. Me espere aí que eu volto. Mesmo que eu demore. Eu sempre volto. Com postas de cação para guardar no congelador.


(Outro dia comprei um monte de peixinhos pequenininhos inteiros, com cabeça, tronco e membros e olhos e espinhas e escamas, que deslizavam por entre meus dedos enquanto eu os jogava sobre o azeite e alho na frigideira. Me deu certa aflição - e certo poder - perceber que eu poderia comê-los assim, inteiros, como seres humanos, partindo seus esqueletos com meus dentes e engolindo sem nem travar a minha garganta. Engoli. Mas acho que prefiro continuar só com os filés.)

(Será que é o mesmo que estou procurando em você, entre os meus lençóis? Você é o filé de tantos seres humanos que engoli com cabeça, tronco e membros, partindo os esqueletos sem nem mesmo travar minha garganta?)

(Agora estou indo ver “Lady Vingança”, que aluguei)


Livre-me dessa garrafa. Materialize meu gênio. Fique comigo e não me deixe sozinho. Não me abandone numa prateleira empoeirada. Esse é meu desejo atendido.

05/11/2007

TANTAN-TANTAN-TANTAN-TANTAN-TARAN-TANTAN, TARAN...


Recife? Não, Brasília.


Escrevo este post no avião, ouvindo a trilha de “Meu Vizinho Totoro”.

Brasília acabou dando certo. Depois de tanto calor, depois de tanto sofrimento, cheguei ao último dia enturmado, localizado e aproveitando um agradável clima de outono.

Eu não moraria por lá. Acho que deve ser um local muito solitário para se viver, pior ainda sem carro. Tudo é longe, ermo, vazio, melancólico. Eu tinha de caminhar horas todos os dias, para almoçar ou ir na academia, e não encontrava mais ninguém caminhando na rua (mas encontrava calangos, ratos, sapos, papagaios e corujas, o que me lembrava sempre que eu estava no meio do cerrado. Por sinal, me disseram que Brasília é uma cidade grande que acha que é uma cidade do interior. Eu não sei se não é o contrário, uma cidade do interior com ocupações de cidade grande. As pessoas ainda se encontram nos parques – dentro de seus carros – comem cachorro-quente na praça....).

Depois de quinze dias trabalhando por lá, estabeleci uma rotina, contatos, fiz amigos que surgiram tantos entre leitores quanto entre o público da mostra e gente que conheci por acaso. Foi bom viver essa vida paralela, é bom ainda poder ter outras vidas. Lá eu era o tradutor que fazia legendas no cinema, morava na asa norte, treinava na academia Dom Bosco...

A mostra em si foi cansativa, bem cansativa. Fiz 68 sessões (incluindo as de São Paulo), além de ter visto todos os filmes antes, e traduzido. Então no final os filmes se tornaram insuportáveis, e eu só conseguia acompanhar as sessões com um enorme copo de café ao lado (e veja só, ainda ouço a trilha do Totoro).

Teve o lado interessante, claro, o público fiel que você encontra todo dia, que acaba virando uma turma, como colegas de escola. Também é interessante acompanhar o mesmo filme passado várias vezes, com diferentes públicos. Você já sabe quando o pessoal vai rir, quando vai chorar, estranha quando eles não reagem, sentem as diferenças de cada sessão. Acho que deve ser parecido com a experiência de ser ator de teatro.

E o público de Brasília foi muito mais educado do que o de São Paulo. Todo mundo aliás, os funcionários do cinema, os seguranças, gente simpática e solidária. E olha que tivemos vários problemas com versões de filmes, de legendas, com pane nos equipamentos...




Queridinhos de Brasília.



Já os programas em Brasília não foram muitos, e não foram grande coisa. Acho que o mais legal foi beber vodca de madrugada na Esplanada dos Ministérios, vendo as corujas, os monumentos, ouvindo Cláudia Wonder cantando “eu não sou uma dama, eu sou um travesti”, me sentindo num plantão ébrio do Jornal Nacional. E como a cidade é pequena, encontrava várias vezes as mesmas pessoas. No final, posso dizer que formei uma turma de amigos. Vou sentir falta deles.

Queridinhos parte 2.


E dia desses, quando caminhava por lá, peguei uma chuva de rachar. Fui me abrigar no Museu Nacional e... veja só, estava tendo a mostra de premiação da Fundação Conrado Wessel. Para artes e fotografia, o prêmio é bem tradicional, e continua com tudo. Para literatura, que eu saiba, só teve o ano em que eu ganhei. Acho que não deu muito certo. Acho que eu dei azar ao prêmio. Hahaha. Também devo dizer que o prêmio não teve muita repercussão na época. Acabei aparecendo mais pela participação na Flip naquele ano (pela iniciativa da Planeta) do que pelo prêmio em si (bem, de certa forma a Planeta me descobriu pelo prêmio, então está valendo).

Agora é voltar para a (falta de) rotina de minha vida paulistana. Talvez seja hora de voltar a sair por lá, reencontrar os amigos que ficaram distantes, os amores que não tenho, aquele que suspira do outro lado de tela... Mas antes de tudo, terminar meu livro novo (a primeira versão, claro, para eu rever e retrabalhar até o lançamento no segundo semestre do ano que vem).

Ia contar aqui da edição dupla de “Tubarão” que trouxe e assisti no laptop – com horas e horas de bastidores, erros de gravação, cenas excluídas, ótimo – mas não entra no ritmo do post... Ah, bem, agora já entrou. Então recomendo. É ótimo não só pelo filme, mas como estudo de como se faz um filme de monstro, e uma das maiores bilheterias da história do cinema (que levou sete meses para ser filmado, quando Spielberg tinha apenas 26 anos).

No final, fica na minha cabeça a música que eles cantam:

Show me the way to go home

I'm tired and I want to go to bed
I had a little drink about an hour ago
And it got right to my head
(Quando eu falo que as crianças de hoje em dia são mais felizes... Hoje em dia tem um jogo do Tubarão para PlayStation em que você É o tubarão. Se fosse no meu tempo, eu teria sido uma criança bem mais feliz.)

( hum, agora lembrei que estou com um laptop, este vôo está demorado e tenho o DVD de “Snakes on a Plane” na minha bagagem...)

De volta.

NESTE SÁBADO!