"Gosta de répteis? Claro que gosta, você tem aquela lagartixa verde, não é? Oh, menino, não podia ter um animal mais normal? Um cachorro, um gato, um hamster que fosse? Bem, já que gosta de répteis vou te levar para os jacarés..."
Oh, passei mais uma agradável tarde de sábado no Instituto Butantan. Fui gravar uma entrevista entre iguanas, cobras e aranhas.
Meu livro novo também tem várias referências herpetológicas. Mas nesse os animais não falam. E há mais insetos do que répteis. Mais uma vez eu trato da adolescência, num estágio anterior, a passagem da infância. Depois dos laboratórios com alunos de 7ªs e 8ªs, tenho lido bastante sobre “crianças com necessidades especiais” e estou procurando laboratórios também nessa linha.
De qualquer forma, o livro já está escrito e entregue para a editora. Agora é só mesmo afinar, reler, corrigir. E nessa fase, uma pesquisa extra é sempre bem vinda.
Falando nisso, acabei de ler “Nascido num Dia Azul”, livro de memórias de Daniel Tammet, um autista britânico, daqueles geniais em cálculos e idiomas. Parecia mais interessante do que realmente é. Isso porque, obviamente, quem é tão genial em matemática não poderia ser na literatura. O livro é recheado de chavões, imagens gastas, e nem mesmo oferece um ponto de vista curioso do autista. O tom de “sempre me senti diferente dos outros meninos” parece normal, o mesmo que qualquer um que escreve poderia adotar. E quando o autor se revela homossexual, a diferença dele em relação aos outros meninos (como não gostar de brincadeiras violentas, preferir ficar sozinho lendo, etc, etc), parece suficientemente fundamentada. A mensagem final que fica é de identificação (“os autistas são como nós”), e já que chegamos nela sem grandes revelações, o livro se torna um nada.
Continuando nos livros, recebi aqui a edição de estréia da Granta em português, uma das publicações literárias mais importantes do mundo, com contos de jovens autores norte-americanos. No Brasil, ela deve ser lançada a cada seis meses pela Alfaguara/Objetiva, cada vez com um tema diferente. Ainda não li o primeiro número, mas tem autores bem interessantes, como Jonathan Safran Foer, Gary Shtheyngart (de quem já traduzi uma entrevista) e Daniel Alarcón (que esteve comigo em Bogotá).
Outro livro que recebi foi o segundo volume de contos de Tony Monti, “O Menino da Rosa”, lançado pela Hedra. É bem bonito, ligeiro (mas não rasteiro) deixando um perfume suspenso no ar. Isso porque eu peguei assim, sentado na minha mesa para dar uma olhada. E fui lendo os contos - que são pequenos mas não “micro” , nem no tamanho, nem na fórmula, que foge da piada literária, são como prosa poética - e acabei fisgado. Olha só um pedaço de um pedaço:
“Raramente sonho com você. Sonho só com a casa, sempre. Diferente de você, a casa sou eu.”
E recebi “Hiato” do Abílio Marcondes de Godoy (que não conheço), volume de contos da Coleção Rocinante (fazia tempo que eles não mandavam nada para cá). Este eu vou ter de sentar e ler com fôlego.
Mas tenho nadado sempre... Tenho corrido tanto... Que fôlego só me falta quando me derramo. Sobre você e sobre seu pranto.
(Bléeeeee, isso eu tirei agora, daqui, preso entre os dentes)
Meu livro novo também tem várias referências herpetológicas. Mas nesse os animais não falam. E há mais insetos do que répteis. Mais uma vez eu trato da adolescência, num estágio anterior, a passagem da infância. Depois dos laboratórios com alunos de 7ªs e 8ªs, tenho lido bastante sobre “crianças com necessidades especiais” e estou procurando laboratórios também nessa linha.
De qualquer forma, o livro já está escrito e entregue para a editora. Agora é só mesmo afinar, reler, corrigir. E nessa fase, uma pesquisa extra é sempre bem vinda.
Falando nisso, acabei de ler “Nascido num Dia Azul”, livro de memórias de Daniel Tammet, um autista britânico, daqueles geniais em cálculos e idiomas. Parecia mais interessante do que realmente é. Isso porque, obviamente, quem é tão genial em matemática não poderia ser na literatura. O livro é recheado de chavões, imagens gastas, e nem mesmo oferece um ponto de vista curioso do autista. O tom de “sempre me senti diferente dos outros meninos” parece normal, o mesmo que qualquer um que escreve poderia adotar. E quando o autor se revela homossexual, a diferença dele em relação aos outros meninos (como não gostar de brincadeiras violentas, preferir ficar sozinho lendo, etc, etc), parece suficientemente fundamentada. A mensagem final que fica é de identificação (“os autistas são como nós”), e já que chegamos nela sem grandes revelações, o livro se torna um nada.
Continuando nos livros, recebi aqui a edição de estréia da Granta em português, uma das publicações literárias mais importantes do mundo, com contos de jovens autores norte-americanos. No Brasil, ela deve ser lançada a cada seis meses pela Alfaguara/Objetiva, cada vez com um tema diferente. Ainda não li o primeiro número, mas tem autores bem interessantes, como Jonathan Safran Foer, Gary Shtheyngart (de quem já traduzi uma entrevista) e Daniel Alarcón (que esteve comigo em Bogotá).
Outro livro que recebi foi o segundo volume de contos de Tony Monti, “O Menino da Rosa”, lançado pela Hedra. É bem bonito, ligeiro (mas não rasteiro) deixando um perfume suspenso no ar. Isso porque eu peguei assim, sentado na minha mesa para dar uma olhada. E fui lendo os contos - que são pequenos mas não “micro” , nem no tamanho, nem na fórmula, que foge da piada literária, são como prosa poética - e acabei fisgado. Olha só um pedaço de um pedaço:
“Raramente sonho com você. Sonho só com a casa, sempre. Diferente de você, a casa sou eu.”
E recebi “Hiato” do Abílio Marcondes de Godoy (que não conheço), volume de contos da Coleção Rocinante (fazia tempo que eles não mandavam nada para cá). Este eu vou ter de sentar e ler com fôlego.
Mas tenho nadado sempre... Tenho corrido tanto... Que fôlego só me falta quando me derramo. Sobre você e sobre seu pranto.
(Bléeeeee, isso eu tirei agora, daqui, preso entre os dentes)
Que mais? Assisti coisas bem bizarras no festival Mix Brasil. Talvez a melhor delas tenha sido o documentário (premiado) "69 - Praça da Luz" de Carolina Marcowicz e Joana Galvão, sobre prostitutas da terceira idade. É divertidíssimo, nem um pouco para baixo, ainda que bem real e humano. Outro dos premiados foi o querido Felipe Sholl com seu "Tá...", mas esse eu não vi. Então só fica meus parabéns.
No mais, já estou arrumando as malas para o reveillon. Tem convite? O mais certo é que vá para a casa de um amigo em Floripa.
Pati-beijo.