Ops, não deu tempo de subir o serviço do show do querido Dan Nakagawa, no Crowne Plaza. Já passou. Foi hoje. Acabou de acabar. Mas estava lotadíssimo, então nem dava para você ir mesmo.
Legal ver o Dan novamente nos palcos, cantando. Banda afinadíssima. Uns bichos bizarros no palco. Para quem quiser conhecer mais o trabalho dele: http://www.dannakagawa.com.br/
Agora tô até aproveitando o embalo e ouvindo Yoko Ono.
Ouvindo Yoko ono e tomando chimarrão.
Esta semana volto para Porto Alegre, fico lá até o final da semana que vem, fazendo as legendas de uma mostra de cinema. A programação está bem legal. Vão passar inclusive "Cada um com Seu Cinema", reunião de curtas sobre cinema com participação de grandes diretores, entre eles alguns dos meus favoritos, como Tsai Ming-Liang, Roman Polansky, Gus Van Sant, Chen Kaige e Wong Kar Wai.
Se você é de Porto Alegre, procure a programação inteira do festival por aí. De repente a gente até se cruza.
Vai ser bom voltar, rever os amigos. É a terceira vez que vou pra Porto Alegre em menos de seis meses, dá pra matar bem as saudades de quando eu morava lá. Fora que essas viagens de festival são ótimas para escrever, porque passo tanto tempo com o laptop em salas de espera, em salas de cinema vazias, em aeroporto, que aproveito bem para revisar meu livro novo.
E meu livro novo está precisando de uma bela revisão. Um dia acho que está perfeito, dia seguinte acho uma merda. Não sei se o problema é comigo, com meus dias ou com meus capítulos. Acho que são meus capítulos mesmo. Os capítulos ímpares estão melhores do que os capítulos pares. Uma coisa, assim, numerológica. Alguns capítulos parecem que não fluem, não se encaixam. Estou relendo tudo, tentando lubrificar as engrenagens, engrenar as lubrificagens, umidecer as páginas, lambendo o dedo, molhando árvores derrubadas.
Árvores derrubadas...
Tenho pensado muito nisso, nas árvores, nos passarinhos, no futuro do Planeta...
Da última vez que pensei no meu futuro na Planeta, mudei pra Nova Fronteira, hohoho.
Nah, tenho conversado com minha editora, feito algumas pesquisas, pensado em alternativas, imaginando o que fazer daqui pra frente. Nós já sabemos qual é o futuro dos escritores no Brasil, nós já sabemos como os escritores podem se salvar: migrar para a TV, para a publicidade, para a auto-ajuda... Mas o problema é: como salvar os livros em si?
Talvez não haja mais salvação...
E, de qualquer forma, o planeta está com os dias contados. Eu deveria abandonar essa coisa de arte e me preocupar só em ser feliz. Abandonar as profundezas da profundidade e boiar na superficialidade do prazeeeeeeeeeeeer... Oh!
Pensamentos apocalípticos à parte, tenho pensado mesmo em alternativas. Tenho 30 anos, vou publicar meu QUINTO romance, e então? Claro que surgem sempre novidades empolgantes, meu livro saindo na Itália, no México. Mas enfim, cheguei ao quinto livro e vou continuar fazendo isso, sexto romance, sétimo romance, vigésimo terceiro romance até morrer? É o que gosto de fazer... mas como fazer diferente, como manter a relevância?
Quero transformar. Me transformar. E QUERO SER FELIZ ANTES QUE TUDO SE ACABE!
Não sei. Acho realmente triste o futuro do escritor ser no cinema, na TV. Ando pensando mais nos palcos, no teatro, em gente que trabalha tão bem seu próprio texto, que transforma o texto numa performance, Denise Stoklos, Michel Melamed...
Mas e os livros?
Bem, uma alternativa de leitura se tornou a Internet. As pessoas lêem muito mais do que liam há dez anos, agora na tela. Mas a velocidade da internet exige que os textos sejam mais rápidos, mais fáceis, parágrafos mais curtos, recheados de imagens... Não são poucas as pessoas que dizem adorar meu texto, mas que leram nada além deste blog. E este blog não é o meu trabalho. Eu não escrevo este blog com o compromentimento de um livro. Com a intenção de um livro. Com o talento que se exige de um livro.
E eu não ganho um centavo pelo acesso a este blog.
Talvez essa também seja uma alternativa, blogs patrocinados, pagos pelo número de acessos. Sei que (o escritor) Marcelo Mirisola tentou fazer isso informalmente com seus leitores, fazer com que cada leitor do blog depositasse um quantia mínima em sua conta. Parece que não deu certo. Eu, se recebesse um real por cada leitor que entra aqui diariamente, viveria bem.
Mas daí sim, teria de me comprometer com este blog...
E blog não é literatura...
E o que fazer da literatura?
Tô pensando...