(Ilustração de Alexandre Matos para "O Prédio, o Tédio e o Menino Cego".)
Saiu ontem no Estadão:
Sete meninos, pais ausentes, escola em greve e uma professora serial killer. É na união desses personagens que se desenrola o novo livro do escritor Santiago Nazarian. “Um romance existencialista bizarro”, como define o próprio autor - existencialista por si só. Com pitadas líricas e ar thriller, O Prédio, o Tédio e o Menino Cego relata a passagem da infância para a adolescência de amigos do mesmo prédio. “Nunca tive professora assassina (risos), mas a história tem, sim, pitada autobiográfica, já que trata da fase da formação da identidade masculina”, conta. A Nova Fronteira lança no segundo semestre de 2008."
Falando em meninos, adolescência e assassinato, fui ver esta semana "Paranoid Park", novo filme do Gus Van Sant. Fenomenal. Talvez o melhor dele. Gosto muito de "My Own Private Idaho" e de "Elefante", mas achei "Last Days" um pouco chato (e nem perdi tempo em ver coisas como "Gênio Indomável"). Mas em Paranoid Park ele mata a pau, segue suas obsessões com muito mais beleza, talento e classe do que outros obsessivos como Larry Clark e Gregg Araki (que eu até gosto).
"Paranoid Park" conta e reconta a história de um skatista adolescente que é investigado pela morte de um segurança nos trilhos de uma estação de trem. Indo e vindo, a narrativa desenvolve todos os acontecimentos, sublinhando as paranóias do menino, seu desconforto existencial, os desdobramentos disso. Van Sant é ótimo na direção de atores, nos diálogos banais (uma das coisas que ferrou seu romance, "Pink", que eu traduzi, repleto de banalidade) e neste filme consegue ser mais lírico e divertido do que nos anteriores (que estavam caminhado para o minimalismo áaaaaaaaaarido).
Eu diria que é o melhor filme do ano... Mas o ano está apenas começando... (Bem, não ouvi semana passada num telejornal que "hoje foi o dia mais frio do ano"? Não brinca.)
Para quem for ver "Paranoid Park" no Frei Caneca, aproveite para dar uma espiadinha na parede do saguão, uma exposição fenomenal de gravuras e desenhos do artista português (radicado no Brasil) Pedro de Kastro. É uma coisa meio comics, meio Escher, com um quê apocalíptico pop-tétrico. (É, o cinema Unibanco Arteplex conseguiu montar - bem- numa única parede uma exposição que o Mube espalharia por seu espaço inteiro... E que conseguiria foder na iluminação.)
E hoje fui ver a estréia de "Vestido de Noiva", montagem também apocalíptica-pop dos Satyros para o texto clássico de Nelson Rodrigues, com participação especial de Norma Bengell. Foi ótimo vê-la no palco, os Satyros no palco, longe da Praça Rosevelt, no Itaú Cultural, deu outro tom para a peça, para o trabalho deles.
Mas parece que fica pouco tempo em cartaz, então corre.
Bem falei de literatura, cinema, artes plásticas, teatro então... Música:
Estou ouvindo
And my life is gone, darling
and now I´m free
Do Brett Anderson. É só pra dar um tempo no cd do Rufus, e da Siouxsie. Porque tem sido só Rufus/Siouxsie, Siouxsie/Rufus. Até Kylie eu larguei...
Sobre minha vida sexual...
Ainda que fosse jovem, ainda que fosse andrógino, era pálido e desengonçado, uma magreza desencaixada, com formas que ficariam um pouco fora de esquadro na praia. Oh, mas ele sim, ele sim, emitiria a mais intensa das belezas na fosforescência de uma sala de aula, enquanto que os professores, eles não, em lugar algum, em lugar nenhum, em nenhum lugar.
Oh, não, não, isso é do meu livro.