Depps says: "Querida, acho que me meti numa fria. Está na hora de eu voltar a fazer galã enquanto ainda é tempo..."
Fui ver Sweeney Tood. Gostei. É bonito. Tem aquele tom gótico-grafite dos filmes do Tim Burton. Aliás, Tim Burton é provavelmente o gótico mais bem-sucedido do planeta, ao menos em termos de fama e fortuna. Mas ele tem filmes melhores, bem melhores, como “Peixe Grande” e “Ed Wood”.
O problema principal de Sweeney Todd é o mesmo de todos os musicais do Tim Burton: as músicas são chatas. Eu tinha esperanças com este, já que a trilha não ficou a cargo do Danny Elfman (que faz basicamente a mesma coisa, seja para Batman, Spider-man, Beetlejuice ou Edward Mãos de Tesoura. É compositor de uma trilha só), mas a trilha de Sweeney também é chata, os cantores-atores são péssimos, e você nem grava o tema principal.
Enfim, vale pela direção de arte... e pelo coadjuvante Jamie Campbell Bower.
Quero dois desse.
Do Johnny Depp eu já tô meio cansado...
(Aproveitando: sabe que tem uma história real, parecida com essa, do Sweeney Todd, aqui no Brasil? É a história da Rua do Arvoredo, em Porto Alegre. No final do século XIX, um açougueiro matou várias pessoas por lá, e sua mulher fez linguiças com a carne das vítimas. Parece que as linguiças eram as mais famosas da cidade. Tudo isso tem no livro "O Maior Crime da Terra", do Décio Freitas, publicado pela Sulinas. Ele fez uma extensa pesquisa histórica sobre o fato. E parece que a coisa foi real mesmo.)
Agora, filme incrível, do caralho, FODÁSTICO (hehe) é “Cloverfield”, putz, bom demaaaaaaais. Não é nada novo, uma mistura de vários filmes já feitos, mas o resultado é perfeito. Mostra Nova York sendo destruída por um monstro gigante, pela perspectiva de uma câmera amadora (de um nerd pentelho pra dedéu). É basicamente uma Bruxa de Blair meets Godzilla, lembrando bem as imagens amadoras do 11 de setembro. É até espantoso de ver os americanos, 6 anos depois, fazendo um filme desses, mostrando Nova York totalmente destruída. Faz pensar um pouquinho sobre a função da arte, a função do cinema, a função do gênero de horror. Esse lance de exercitar o sadismo, o voyeurismo macabro, como uma sublimação da realidade. (Aliás, lembrei agora, o trabalho do Pedro de Kastro, que eu falei no post anterior, tem um pouco a ver com Cloverfield também.) Faz pensar ainda na fusão de gêneros (no caso o documentário realista + terror catástrofe) como uma alternativa de renovação.
Cartaz-teaser.
Continuando, o que também faz pensar na fusão de gêneros é o show de Tiê e Thiago Le Petit, que vi esta semana, no Loveland. O show misturou spoken word, tango, MPB etérea e projeções de vídeo para representar a trilha sonora do curta metragem musical,"3:17" (que eu ainda não vi). Me lembrou um pouco o Tetine no início de carreira, nos shows que eles faziam no final dos anos 90, aqui em SP, quando a Eliete era possuída e recitava Brecht na voz da Pomba-gira. Mas Tiê e Thiago seriam um Tetine depois do exorcismo, um “Tetine do bem”, com o que isso tem de bom e o que isso tem de ruim. É algo para se acompanhar, principalmente pela bela voz dos dois e por essa nova alternativa de fusão: música + cinema + poesia. Acho que os escritores deviam ficar mais atentos a isso. Acho que os artistas, de maneira geral, deviam ficar mais atentos a essas novas possibilidades. Bem, o Marcelino está aí, fazendo o espetáculo “Cantos Negreiros” (Até o dia 23, sextas e sábados, às 19 horas. na Alceu Amoroso Lima.). Acho que são esses os caminhos.
Tiê e Thiago. Saindo do underground...
Eu estou preparando um show de strip. Aguarde. Strip com sangue. Vou tirando a roupa, depois arrancando a pele. (Ei, eu já fazia isso antes do cantor Robin Williams, tá?)
Voltando a Tiê e ao Thiago, valeu também para eu conhecer o Loveland, um cabarézinho bem com cara de cabaré, ao lado do Love, lugar ideal para ver um show desses, beber drinques exóticos e petiscar. Teve até performance de uma pin-up linda chamada "Fascinatrix" (uau!). São Paulo precisa de lugares assim. São Paulo precisa de barzinhos aconchegantes. Botecos eu não freqüento. Botecos eu me recuso.
Para terminar: O PRÉDIO, O TÉDIO E O MENINO CEGO, meu quinto romance, ficou confirmado para agosto, na Bienal. Mas os leitores mais fiéis (ou ansiosos?) poderão comprar antes, em condições especiais. Aguardem novidades aqui. Aguardem.