31/03/2009

CACHORRO TAMBÉM É GENTE

Jurema, a nova filha da família.

Depois que Fábio acidentalmente deletou o Malcolm, meu cachorro virtual, minha mãe tratou de arrumar cão novo para a família em sua residência campestre.

Pegou uma cadelinha vira-lata abandonada na rua e deu o nome de Jurema. Eu queria chamar de "Shanoa", mas minha mãe disse que era nome de travesti.


Mas travesti também é gente!!!

Veja só onde mora o preconceito... que não passa nem na casinha de cachorro...


Guru, o vira-lata sênior.


Agora são três cachorros por lá, e é bom que não preciso alimentar, não preciso cuidar, só apareço de vez em quando para dar um hello.

Tomé, o adolescente problemático.

Mas ainda choro pelo Malcolm deletado...



Pac-man comeu.




Falando em cachorro, ontem estava vendo um debate sobre a polêmica atual do aborto. Não acho que eu preciso ter uma posição sobre isso - mato meus vermes todo o final de semana bebendo uma garrafa de vodca - mas sempre é interessante acompanhar essas discussões, porque parece que nunca os debatedores chegam exatamente no ponto, os debatedores nunca PODEM chegar em pontos cruciais, porque o debate com a sociedade sempre tem de ser raso, simplista e objetivo.


Por exemplo:

- Quem é contra o aborto diz que o ser-humano-mãe não tem direito de tirar a vida de outro ser humano, mesmo que seja um feto. Defendem que a vida se inicia com a concepção intra-uterina, portanto o aborto é um assassinato.


Ok, mas e daí?


Como bem colocou uma jurista no programa, o cidadão já tem direito de matar em determinados casos (como na legítima defesa), e se formos um pouquinho mais maleáveis nessa reflexão vemos que o ser humano mata diariamente (e sem culpa) milhões e milhões de outros seres vivos, seja para se alimentar ou não. O feto, como um ser ainda sem consciência sobre si mesmo, teria qual grau de equiparação com os animais? E como ser subordinado a outro ser vivo (a mãe), pode interfir até qual ponto na vida deste?


- Paulo Moura, um leitor deste blog, me mandou um ótimo argumento por email: "o problema é que quem é contra o aborto é contra o aborto dos outros! Mesma coisa que não ser gay, mas ser contra o casamento gay dos outros! Sou contra o aborto E a favor de leis que o legalizem para que grávidas a favor do aborto possam abortar."


- Muita gente que é a favor da descriminilização do aborto diz que é um assunto de saúde pública. Que as mulheres já o realizam (clandestinamente) e que a legalização seria apenas uma forma de tornar a prática mais segura.

Esse é um pensamento um pouco falacioso...

Em primeiro lugar, porque todo mundo sabe que o sistema público de saúde não consegue nem atender nem a casos emergenciais, quanto mais a casos de aborto. Provavelmente as gestantes ficariam 9 meses na fila para conseguir abortar.

Depois, porque, por esse raciocínio, podemos defender também a descriminilização das drogas. As pessoas já usam, não vão deixar de usar. A repressão só faz aumentar a violência, o perigo e a má qualidade das drogas. Se as drogas pagassem impostos, tivessem controle de qualidade e fossem compradas livremente, os riscos diminuiriam.

No caso específico da menina de nove anos, e da família e médicos que foram excomungados, qual é o drama? Se a pessoa é otária o suficiente para levar a sério essa igreja e se preocupar com a excomunhão em si, então que siga suas leis e pague o preço (tenha os filhos). Se realmente pensam que o tal bispo tem a palavra de Deus, e vivem pela palavra de Deus, que sofram as conseqüências. Se acham que a vida delas é regida por um Deus que permite que um pai estupre uma filha mas que não permite o aborto, que não faça o aborto. Aceitem que o seu Senhor é um CANALHA.

A família pode ter sua religiosidade e ainda achar que está certa, que a igreja está errada; assim nem se preocupar com a excomunhão. Seria uma religiosidade muito mais saudável.

Esses casos são bons para o povo relativizar o que a igreja prega, ver racionalmente como a verdade pregada está longe da realidade. Até porque, até os mais beatos estão com seus pecados rigorosamente em dia.

A mim, não me surpreendeu, nem foi choque algum a decisão do Bispo de excomungar os praticantes do aborto. Se temos um papa que HOJE EM DIA ainda proibe o uso de camisinha...

Você está esperando o que para largar esse terço e se entregar a uma vida de devassidão?

NESTE SÁBADO!