12/03/2009

OS MELHORES PIORES FILMES QUE VOCÊ NUNCA VIU



Chegamos a mais uma sexta-feira 13. Na passada, falei sobre o Jason. E como nessas datas o povo sempre traz (e procura) listas de filmes de terror, resolvi colocar alguns dos meus favoritos, que ainda são um pouco obscuros. Não coloquei nenhum clássico, ok? Embora coisas como "Bebê de Rosemary", "Evil Dead" e "Massacre da Serra Elétrica" estejam entre meus favoritos, já são bem conhecidos. Mando 13 filmes de terror e suspense que talvez você ainda não tenha visto...



Audition (Audition, 1999, Takashi Miike, Japão)

Este já falei várias vezes aqui. Um dos meus filmes favoritos de todos os tempos, de todos os gêneros, do mundo todo. É uma insanidade. 1h de comédia romântica fofinha e 30 minutos finais de um terror onírico escabroso. A história de um viúvo que decide arrumar uma nova esposa e, para isso, monta um falso processo de seleção de atrizes para um filme. Na procura pela mulher perfeita, ele acaba encontrando uma psicótica das melhores (ou piores). É uma aula de cinema, subvertendo os gêneros e repetindo cenas com novos enfoques, fazendo o espectador questionar o que assistira anteriormente. Uma pérola.




O Cubo (The Cube, 1997, Vicenzo Natali, Canadá)

É uma coisa meio surrealista, meio Clive Barker, meio videogame, onde nada é explicado, o que deixa tudo mais interessante. Um grupo acorda preso numa armadilha imensa em formato de cubo, e tem de desvendar enigmas para conseguir passar para cada próxima sala. “Jogos Mortais” bebeu muito daí.


Palhaço Assassino (The Clowhouse, 1988, Victor Salva, EUA)

Filme tosco, tosco, tosco, mas que se encaixa perfeitamente na palavra “creepy”. É basicamente um bando de palhaços psicóticos que ficam correndo atrás de meninos de cuequinha num casarão escuro. O filme ganha um subtexto ainda mais creepy quando se sabe que o diretor Victor Salva foi preso logo depois desse filme, por abusar sexualmente de um dos atores (de 12 anos). Salva seria libertado anos depois e dirigiria a franquia “Olhos Famintos” (onde um monstro canibal passa o filme.... querendo comer menininhos).



Funny Games (Funny Games, 1998, Michael Haneke, Áustria)

Também já comentei desse aqui, quando estreou o remake, no ano passado. O original é praticamente igual, mas um pouco melhor. Dois jovens abordam uma família em férias numa casa de campo e os torturam de todas as formas possíveis. Tenso, denso e com uma metalinguagem cínica deliciosa.

Batalha Real (Battle Royale, 2000, Kinji Fukasaku, Japão)

Num futuro próximo, os adolescentes se tornaram rebeldes incontroláveis e o governo instituiu um programa chamado “Batalha Real”. É uma espécie de reality show, onde uma turma de estudantes é confinada numa ilha e tem de se matar uns aos outros. Cada um recebe uma mochila com mantimentos e uma arma – que pode variar de um estilingue a uma metralhadora. Ganha o único que sobreviver. Beeeeeem divertido. E tem o Takeshi Kitano fazendo o professor sádico da turma.


A Menina do Outro Lado da Rua (The Little Girl who Lives Down the Lane, 1976, Nicolas Gessner, EUA)

Filme bem estranho, que parece ter sido feito para ser peça de teatro. Uma Jodie Foster de 14 anos mora num casarão com seu pai. Entretanto, ele nunca aparece e os adultos por perto – a proprietária da casa, um policial, um pedófilo de plantão – começam a duvidar da existência dele. O filme tem um questionamento filosófico sobre a formação do indivíduo e a maioridade. É tão bom quanto o livro (de Laird Koenig, que ganhei da querida leitora Virginia Reis). E Jodie Foster, como sempre, mata a pau.




A Cabana do Inferno (Cabin Fever, 2002, Eli Roth, EUA)

Eli Roth é um dos nomes de maior destaque da nova safra de cineastas de terror. Foi ele quem dirigiu “O Albergue”. O primeiro filme dele é esse, “Cabin Fever”, recheado de humor trash. Um bando de jovens vai acampar num chalé no meio do mato, começam a se infectar por uma estranha doença e rebatem um ao outro como batata quente que ninguém quer segurar. Divertidíssimo, meio nojento, e com um loirinho pitelíssimo.

Alta Tensão (Haute Tension, 2003, Alejandro Aja, França)

Alejandro Aja também é um bom nome no novo cinema de horror. Dirigiu o remake “Viagem Maldita”, que é melhor do que o original (“Quadrilha dos Sádicos”). Esse Alta Tensão tem aquele enredo de muitos filmes atuais - psicopata caminhoneiro sujão tortura meninas gostosinhas por estradas empoeiradas – mas consegue ser bem tenso, com altas doses de violência, e ainda traz grandes surpresas. Bem bacana.

Morte ao Vivo (Tesis, 1996, Espanha, Alejandro Amenabar)

Amenabar tinha VINTE E TRÊS anos quando dirigiu esse esplendoroso thriller sobre snuff movies - aqueles filmes onde pessoas são torturadas e mortas de verdade. Uma estudante de comunicação está fazendo uma tese sobre violência nos meios de comunicação e encontra um desses snuffs. Acaba se envolvendo numa investigação para descobrir a origem da fita e se seduzindo por esse mundo obscuro. Um daqueles filmes em que você suspeita de todos. Lida de forma bem inteligente com o sadismo do próprio expectador. Depois disso, Amenabar iria dirigir, entre outros, "Os Outros", nos EUA.







O que Tem para o Jantar? (Parents, 1989, Bob Balaban, EUA)

Uma comédia meio sem graça, terror meio sem medo e suspense sem mistério. Mas tem aquele clima meio estranho, que dá a impressão de que há algo de errado que não podemos ver (o que já serve para um bom filme de terror). Estranhíssimo. É sobre um garoto vegetariano que tem pais canibais. Só isso. Quer mais?

Aconteceu na Suíte 16 (Suíte 16, 1996, Dominique Deruddere, Bélgica)

Esse é outro dos meus filmes favoritos de todos os tempos. Super wildeano, embora não se baseie diretamente em nenhum texto de Oscar Wilde. Foca a relação entre um jovem michê gostosão e um velho milionário doente. Inicialmente, o velho é mantido como refém pelo garoto, que está fugindo da polícia, mas o poder intelectual e financeiro do ancião vai aos poucos invertendo a situação, e explorando de forma perversa a juventude do pitéu. Dorian Gray passa por aqui.


Cloverfield (Cloverfield, 2008, Matt Reeves, EUA)

Mistura de Godzilla com Bruxa de Blair. Mostra o ataque de um monstro gigante à Nova York, pelas lentes de uma câmera amadora. Hiper realista, nervoso, delicioso, e muito bem feito.

Abismo do Medo (The Descent, 2005, Neil Marshall, Inglaterra)

Filme com forte subtexto lésbico. Uma mulher perde a família num acidente de carro e tenta superar com a ajuda de “amigas destemidas”, que decidem explorar uma caverna “intocada pelo homem” (hummmmm...). Mas a caverna está cheia de DSTs... digo, criaturas malignas. O filme é mais legal (e mais assustador) no começo, quando os monstros ainda não apareceram e o medo está todo na claustrofobia da caverna; mas depois também tem o gore intenso, poças e poças de sangue, satisfazendo doentes de todos os gostos.



PS1:

Só hoje fui ver "Benjamin Button", que merda, que merda. Sério, quem gosta desse filme é do tipo que gosta de literatura de auto-ajuda, que manda corrente por email, que gosta daquelas frases que se creditam a Clarice Lispector e das letras atuais dos Titãs... Só isso.



PS2:


Falando em cinema, para quem é de Porto Alegre e arredores começa neste dia 12 de março o 5o Festival de Verão de Cinema Internacional, beeeeeeem bacana, com vários filmes inéditos (e exclusivos) passando até o dia 19 de março. E o legal é que não se restringe a POA, também tem exibições em Santa Maria, Caxias do Sul, Erechim e Rio Grande.



Eu estive em duas edições, fazendo traduções e legendas. Posso dizer que as salas estavam todas VAZIAS, o que é uma pena (o povo aí não prestigia, depois esses eventos acabam e dizem que essas mostras só acontecem nos grandes centros). Este ano estou fazendo apenas a tradução de um dos filmes, e não vou estar lá pessoalmente (o que é uma pena, estou com saudades de Porto Alegre), mas dê uma olhada na programação e VÁ ao cinema prestigiar coisas diferentes, porque Brad Pitt não precisa de você:





NESTE SÁBADO!