31/01/2010

PITUS E PITÉUS

Era uma lenda da Praia, sim, lenda que as mães contavam para assustar os filhos: “Se ficar brincando até tarde na praia, o Homem-caranguejo vai te pegar.” “Pára de comer porcaria, ou vai virar um homem-caranguejo.” Mas o que poucas crianças sabiam é que o Homem-caranguejo realmente existia. O Negro, que ficava até tarde na Praia, sempre o via. Quando caía a noite, ele vinha dançando, com suas longas garras, seu corpo disforme...

Não! Não! Isso não é um caranguejo! Nem um homem-caranguejo! Nem um camarão. É um pitu, camarão de água doce da minha infância bittersweet.

Lembro de minhas férias de infância em Ilha Bela. Meu tio tinha casa lá e a gente ia caçar pitu de noite, nos riachos. Era levar uma lanterna, um arpão, iluminar a água para ver os olhinhos crustácicos brilhando. Era um brilho no olho de deslumbramento para morrer. "Amo a ti e teu facho de luz, então perfuras-me com teu arpão..." Hum, mais ou menos isso. A questão é que matávamos o pitu e comíamos sem nenhum amor em especial.

Então nesse final de semana resolvi preparar com todo amor um risoto de pitu. (Aproveitando, lógico, o arroz arbóreo que sobrou de Parati.)

Olha que bonito o bicho.


Prepara-se como se prepara qualquer risoto (que já dei receita aqui). Claro, compra-se com a casca, porque qualquer crustáceo sem casca perde o sabor. No Pão de Açúcar (merchandising espontâneo) compra-se o quilo de pitu (com casca) por 30 reais. Um quilo é pouco (porque você vê que é um bicho com exoesqueleto forte, garras, etc). Mas para duas pessoas, rende um risoto. Limpe, tire a carne (que quebrando a crosta sai facilmente), tire a meleca da cabeça e jogue rabo e garras numa panela com água para ferver. Acrescente na fervura gengibre, caldo de legume e um pouquinho de caldo de peixe. Isso é o molho para umidecer o risoto. O arroz, como sempre, eu faço com manga, cebola, palmito pupunha, e champagne.

Uma boca para a manga, cebola e pitu; uma boca para o arroz, uma boca para a caldeirada de cascas de pitu.

Esse ficou mega bom.


Não posso mostrar quem comeu meu pitu (ops!) porque é um ex-namorado que é mega celebridade no Japão (sério!) e está passando férias aqui. Mas no Japão não tem pitu não.


Falando em pitus (e mudando de assunto), vi no blog do querido-amigo-pitéu-pornostar Andy O'Neil um aplicativo dos mais curiosos e bizarros: um programa que você baixa para o celular, preenche com seus dados, seu perfil, preferências e se torna uma espécie de GPS gay... Ou seja, seu celular avisa sempre que estiver perto de outros conectados ao serviço, formando uma espécie de gaydar literal.

Do blog dele (que ontem estava fora do ar):

[Um dos meus vicios] é o programa gay pra iPhone “Grindr”, super básico, fácil de usar e absurdamente viciante. Você não precisa se cadastrar nem nada, apenas instalar e preencher os dados para o seu perfil e escolher uma foto bacana, que vale lembrar não poder ser “muito sexy”. Eu já fui deletado cinco vezes! Mas eles deixam você começar outro perfil, desde que seja uma foto comportada. Perfil pronto é hora de descer para o playground! O programinha mostra, usando o GPS do iPhone (também funciona no iTouch com wi-fi) os meninos próximos a você! Ai é só clicar na foto e começar a bater-papo. O barato do programinha é descobrir a galera que está por perto. E pra onde eu vou agora, assim que chego eu dou uma olhada pra ver quem tá na área. - http://mixbrasil.uol.com.br/blogs/andy


Além das pegações, penso que será uma tendência para os sites de relacionamento como um todo (imagine seu celular apitando sempre que você cruzar na rua com alguém adicionado ao seu Orkut ou Facebook). Essa coisa gay só não vai funcionar aqui pela Frei Caneca... Imagino que meu celular vá sobrecarregar por aqui...


Eu e Andy, mês passado, na passagem dele pelo Brasil. (Ei, não foi ele quem comeu meu pitu não!)

NESTE SÁBADO!