17/08/2012

AO PARANÁ E ALÉM...




Semana que vem faço uma pequena turnê no Paraná, à convite do Sesc, debatendo sobre literatura juvenil com Eliane Brum e em seguida autografando Garotos Malditos. Muito bacana porque não conheço Ponta Grossa (sem trocadalhos) nem Guarapuava e faz ANOS que não vou a Curitiba. Estava devendo um lançamento lá.

E pessoas perguntam "e no Rio?" "Porto Alegre?" "Recife?" É o que eu SEMPRE falo, cabe a VOCÊS organizarem, proporem, convidarem. Eu vivo da escrita, não tenho nenhum outro trabalho para bater cartão, então estou sempre disposto a viajar; eu GOSTO de viajar de encontrar leitores, mas tem de ter algum evento, passagem, hospedagem, cachezin...

- Sim, músico ganha para fazer show, mesmo que esteja divulgando seu CD. Escritor também tem de ganhar para fazer palestra/debate. Escritor também come.

- Não, a Editora raramente paga passagem e hospedagem para o autor divulgar o livro em outras cidades. É como esperar que a gravadora pagasse para o músico fazer show, em vez da produtora que o contrata.

- Não, evento não é uma NOITE DE AUTÓGRAFOS numa livraria de uma cidadezinha. Noite de Autógrafos só rende mesmo em lugares onde o autor tem muitos amigos, familiares. As pessoas só lotam uma livraria para pegar um autógrafo de um escritor se ele for MUITO conhecido, tipo bestseller, ou se elas forem amigas. Um evento como um debate ou palestra já atrai um pouco mais - se for bem divulgado e bem pensado - pela curiosidade. Não há o compromisso de comprar e elas podem conhecer um pouco mais o autor, saber o que ele tem a dizer.

- QUEM organiza esse eventos? Vocês. Leitores, amigos, gente que gosta desses livros e vai atrás de patrocínio, apoio, ou indica meu nome em eventos que já estão sendo organizados por outras pessoas.

Sério, é muito mais fácil você saber o que está acontecendo e ter contatos na sua cidade do que eu conseguir ir atrás da organização da Feira do Livro de Garanhuns. A Editora também -infelizmente - tem um alcance bem limitado - e não costuma trabalhar a carreira do autor, só o livro.

Digo tudo isso porque tenho viajado muito menos do que eu poderia, porque as pessoas sempre cobram, mas nunca propõem. Não há carreira mais solo do que a de um escritor. Estou sempre sozinho, ninguém está trabalhando minha carreira, ninguém está me arrumando esses eventos, sou apenas eu. A editora só cuida da venda e distribuição do livro. Tenho uma agente internacional que cuida das coisas lá fora - fora do Brasil. Aqui só tenho mesmo meus leitores e minha própria força de vontade... que admito que já foi bem maior.

Para um escritor de médio porte se manter rentável (ou pagar as contas) tem de ser assim, não dá para contratar assessoria, não dá para ter funcionários. Eu não tenho nem esposa, nem namorado e estou sem faxineira. Então não posso contar com ninguém mesmo.

Quando falo de cachezin e muitas vezes é cacheZIN, coisa pouca, só para eu não gastar mais saindo de casa, pegando táxi para aeroporto, comendo fora. E estou de saco cheio também de ficar recebendo spam no meu email de festa literária na puta que pariu. Se têm meu email para mandar a programação, tinham meu email para me convidar para participar.

Esta semana mesmo recebi um email do LONDRIX, festival literário em Londrina, bem quando vou estar no Paraná. NUNCA me chamaram para essa bagaça. Por que me mandam a programação? Vou estar no Paraná até, podiam ter economizado bem em passagem e me colocado numa mesa.

Enfim, o recado está dado.

E o resto é só amor.


7 filhos. Muito orgulho. 

MESA

Neste sábado, 15h, na Martins Fontes da Consolação, tenho uma mesa com o querido Ricardo Lisias . Debateremos (e relançaremos) os livros la...