24/06/2013

A CURA GAY



O mundo gay está cheio de doenças, a começar por Marco Feliciano. Dizer que ele é um gay enrustido, mal-resolvido, já virou senso comum e parece mera provocação, mas revela algo bem sintomático. Ele aparenta ser gay. Independentemente da biografia dele, dos estereótipos que se cria, da diversidade da homossexualidade, o fato é que o visual e os modos dele despertam essa provocação. E isso já é mais do que emblemático.

Talvez Marco Feliciano seja hétero. Mas que já cansou de ser chamado de gay é algo inquestionável. EU já cansei de ouvi-lo ser chamado de gay. Talvez ele ouça desde a infância, a adolescência, e talvez daí venha sua obsessão doentia com o tema. É inegável que Marco Feliciano sofreu “bullying”, sendo chamado de viadinho. Sinceramente, talvez ele seja hétero, e ache que ache todos os gays são como ele, que fazem a sobrancelha, fazem chapinha, mas podem transar com mulher se sofrerem um bom redirecionamento/lavagem cerebral/terapia de cura.

Ser gay não é fácil. Mas também não é fácil ser negro, ser gordo, albino, qualquer padrão que fuja da grande maioria ou do que é considerado bacana. Aqueles “bem intencionados” que dizem “não tenho nada contra gays, mas não gostaria que meu filho fosse” poderiam falar o mesmo de gordos, de vesgos, de cantores de axé. Acho que o que pega para os pais é principalmente uma identificação. Eles gostariam de olhar para os filhos e se identificarem. Para muitos pais caretas e/ou homofóbicos isso é impossível com um filho gay. Eu não só tenho certeza de que minha mãe, que sempre amou literatura, que sempre foi contestadora e contra os padrões se identifica comigo, como ela mesmo já disse isso. Eu sou o filho com quem ela mais se identifica.

Você esperar que seu filho seja o “mais integrado e menos conflituoso” possível é um ponto de vista mega coxinha, cagão e escroto. Acho mais bonito as mães que esperam que o filho transforme o mundo (mesmo que, obviamente, ele tenha de enfrentar sofrimentos e obstáculos para isso); é até um ponto de vista mais CRISTÃO. E o que um filho gay sofre vem principalmente de casa, de como os pais lidam com isso.

Na escola, ser chamado de bicha (como o Feliciano) não é algo exclusivo de futuros homossexuais, é algo com que qualquer menino mais delicado, sensível ou bonitinho passa, independentemente da sexualidade - sei, claro, não só por mim mesmo, mas por tantos amigos héteros. O “peso da delicadeza” vem muito antes da prática sexual. E acho mesmo que a coisa melhora bem quando a sexualidade é encontrada – seja o hétero que percebe que o rótulo de viado não se encaixa nele, seja o gay que percebe que ele é viado mesmo e pode ser feliz/ter prazer/ser amado assim.

Acredito que o maior problema para o gay é quando ele nem mesmo tem certeza de ser gay. É a questão de assumir para si mesmo, depois para os amigos, a família. O resto fica mais fácil. Mesmo. Pode continuar não sendo fácil, mas é fácil ter alguma sexualidade? Tanto hétero reclamando da dificuldade em entender e se relacionar com as mulheres. E daí tem o hétero que curte um sadomasô, ou que se só curte meninas que nunca o curtiriam. Sexualidade nunca é fácil. E “algumas homossexualidades” podem ser muito mais fáceis, tranquilas e normais do que “muitas heterossexualidades.”

O problema principal para muitos gays (e pais de gays) é a questão da procriação. Os evangélicos mais pau no cu (no mau sentido) vem com aquela história de que “se o mundo todo fosse gay, a humanidade acabaria”. Eu nem deveria estar discutindo isso no meu blog, que eu já pressuponho que seja lido por uma minoria inteligente, mas...  Se a humanidade acabasse, qual é o problema?!! O mundo ficaria com as plantas, e os peixes, e os coelhinhos... Nah, o que eu diria (se eu tivesse de contra-argumentar esse argumento tosco) é que este mundo densamente populado não poderia ser procriado por filhos de lésbicas com gays? (Fossem feitos naturalmente, por inseminação artificial ou whatever?) E que... Ah, por favor, ALGUÉM, por mais evangélico que seja acredita mesmo que nossa grande ameaça hoje é A EXTINÇÃO DA RAÇA HUMANA PELO SEXO ANAL?!!!

Felizes-anus para vocês.

Já foi negada a homossexualidade como doença há anos pela psicologia, então a “cura gay” proposta por Feliciano só vêm retroceder o país ao Brasil das tribos, crenças e curandeirismo.


O resto de toda a dificuldade em ser homossexual hoje em dia é por causa de mentalidades atrasadas, burras, restritas. Eu, sinceramente, da família que venho, no trabalho que tenho, no meio social em que transito, praticamente não sinto. Mas ainda sou sujeito a leis de um país com uma realidade bem mais atrasada do que a que eu vivo. Por mim, seria melhor que evangélicos só fizessem sexo anal.

E SE SEU FILHO sofreria pelo preconceito contra os gays, você já ajudaria muito dentro de casa. 

Termino com um vídeo emblemático, de um menino de Singapura.



Grande menino. Queria um filho assim.


17/06/2013

A GUERRA ESTÁ GANHA

A guerra acontece na porta de casa, mas como estava no exterior, acompanhei tudo pelas redes sociais.  Meu namorado, inclusive, gravou da janela do seu apartamento a polícia correndo atrás e bombardeando manifestantes que fugiam. Não era contenção, era perseguição.

Na Espanha, em Frankfurt, na Colômbia, e em todos os lugares que estive como autor nos últimos anos, sempre me perguntam sobre "a ótima situação do Brasil", e eu sempre tenho de destilar certo ceticismo. "É visível o desenvolvimento do Brasil em termos do crescimento da economia, o consumo," eu costumo dizer. "Mas ao mesmo tempo, parece um crescimento superficial e não-sustentável. Aumentou-se o crédito, até a renda, mas não se vê um investimento em estrutura, transporte, educação, saúde, o que torna esse crescimento insustentável a longo prazo. Faltarão profissionais capacitados, faltará qualidade de vida." O Brasil como sede da Copa e das Olimpíadas é um ótimo exemplo. Gasta-se com estádios, mas o transporte, os aeroportos estão na mesma. Esses eventos deixarão benefícios permanentes nas cidades em que ocorrerem? Duvido. O que acontecerá será o "jeitinho brasileiro" de sempre. Criarão linhas especiais de ônibus, estruturas temporárias para suprir as necessidades dos turistas, que serão desmontadas pós-evento.

Então eu costumava dizer que acreditava que a crise brasileira tinha data para acontecer: "No dia seguinte em que o Brasil perder a Copa. Se o Brasil ganhar a Copa, talvez a crise aconteça um ano ou dois depois."

Otimista estava eu; ao meu ver, a crise já começou.

As demissões na Abril, MTV, contenções em diversas outras editoras e meios de comunicação mostram que uma crise mais profunda já está acontecendo. O brasileiro aumentou seu poder de consumo, sim, mas os setores de informação e cultura não estão se beneficiando disso. O gasto é com camaro amarelo e bolacha recheada.

Mas daí há razões para um novo otimismo.

O tiro saiu pela culatra. Esse investimento na imbecilização do povo está mostrando seus efeitos colateiras. O povo que virou classe media e ganhou crédito para comprar tablet, iPhone, agora grava as condições do transporte público, da saúde, das escolas, posta nas redes sociais.

As manifestações dos últimos dias ressaltaram o poder revolucionário da internet. Não há mais um "grande irmão" transmitindo a verdade, não há mais a versão oficial do governo nem de "meios de comunicação de massa". Cada manifestante pode gravar, postar e discutir sua visão pessoal dos acontecimentos. Esse é o lindo efeito colateral da supremacia do consumo.

Não entendo muito quem critica as manifestações dizendo que "foram feitas por filhinhos de papai que nem pegam ônibus." Sim, talvez não peguem ônibus porque aumentou-se o crédito e a facilidade de comprar carro, enquanto que se abandonou o transporte público e, consequentemente, fodeu-se de vez com o trânsito das grandes cidades. O lindo milagre brasileiro parece anunciar: "Hoje menos pessoas dependem do transporte público. Então essas que se fodam!"

Talvez hoje mais pessoas POSSAM comprar um carro, até pagar uma escola particular, mas isso não quer dizer que DEVERIAM. Até porque, quando a conta chegar, esse povo vai voltar a depender de algo em que o estado não investiu.

Talvez grande parte do povo que vai às manifestações não ande de transporte público. Mas se não anda é porque não há condições de andar. Em país de primeiro mundo, todo mundo utiliza o transporte público. Aqui, o governo prefere incentivar a compra de carro. E quem não utiliza transporte público paga caro por isso. E quem não utiliza transporte público sofre pela falta de transporte público, com o trânsito, a poluição.

Podem me chamar de elitista, mas o povão que ainda depende de transporte público não vai mudar o Brasil e não vai ajudar nem a si mesmo. O povão não está indo para as ruas, não. O povão está indo pra igreja universal, está ouvindo sertanejo universitário, assistindo ao Datena, votando em Marco Feliciano e Jair Bolsonaro. Podem me chamar de elitista, mas não acho mesmo que quem nunca teve acesso à cultura e educação pode ter inteligência e bom senso.

Os policiais estão, em sua grande maioria, nessa esfera. Vêm de classes mais baixas que os manifestantes, recebem ordens, estão em menor número e armados. Não podem ter inteligência e bom senso. Eu arriscaria dizer até que "são duvidosas as razões que podem levar alguém a querer ser policial hoje em dia", mas se são duvidosas, são discutíveis, e até podem ser validadas. Eu mesmo tenho um amigo PM, um doce de menino...

O que importa é que, mesmo com tiros, prisões, vandalismo, registrou-se com quem está o poder. Não está com o governo - o governo está mais do que perdido; não está com os policiais. Pode não estar com o "povão" - eu digo, o "povão" está com Marco Feliciano. Mas, ao que parece, esse crescimento da classe média agora está começando a mostrar seu valor.

UPDATE: Fui à manifestação de hoje, na Faria Lima. E acho que me equivoquei em parte. O que eu vi me pareceu um movimento da classe média, sim, mas principalmente de estudantes, grande parte dos quais não parecia nem ter idade para ter um carro, por isso talvez pegue de fato o transporte público. Faz sentido, é legítimo, e está certíssimo. 

15/06/2013

MASTIGANDO AS ÚLTIMAS MORDIDAS...


Já estou de volta a São Paulo, antes que a cidade acabe. E faltou registrar os melhores pratos dessa rápida passagem pela Europa. Dessa vez não teve nada de extravagante ou bizarro, como carne de urso, mas deu para comer muito bem, especialmente em Portugal. No momento Ivana de hoje (da época em que a Ivana de fato registrava essas coisas em blog), destaco:

Tartar de atum com arroz de sushi: Comi em Zaragoza, depois da minha participação na Feira do Livro. É como um sushizão, frio e bem gostoso. 


Churros com chocolate quente: Dá confeitaria Valor, em Salamanca. Os churros espanhóis - sem recheio - perdem para os portugueses (que são mais próximo dos nossos), mas molhados nesse denso chocolate quente fazem a festa. 

Lula e camarões fritos: Almoço em Valladolid. Gordo, gorduroso, mas bem gostoso. 


Polvo a lagareiro: é um povo grelhado, leve e delicioso. Meu primeiro jantar em Lisboa. 


Pasteizinhos: os pasteizinhos de Belém daqui são conhecidos como pastéis de nata lá. Perdi a conta de quantos comi. E quase todos eram igualmente incríveis. 

Esse foi meu último café na cidade, tigelada. Parece um pastelzinho de nata, mas é na verdade uma espécie de... omelete doce. Gostosin. 


Espetada de lula e camarões: esse foi meu último almoço em Lisboa. Leve e delicioso. 

Voltando a SP, foi hora de comemorar atrasado o dia dos namorados. Ganhei um hofolote laser para animar as noites aqui em casa. Dei uma série de lembrancinhas da Europa. E preparei uma paella nazariana, melhor do que qualquer uma que já comi, em qualquer lugar do mundo. 


Frutos do mar trazidos da Península Ibérica... tá, mentira. 


E o resultado. 

Agora é voltar para a academia para (tentar) queimar todas essas calorias. 


 Nós. 


12/06/2013

LISBOA

Botando os pés pela primeira vez em Portugal. 

 E Portugal é o 24o país que eu visito. Demorou; eu sempre procurei conhecer os países menos reconhecíveis; achava que mais cedo ou mais tarde surgiria algum convite para vir para cá. Até publiquei A Morte Sem Nome, em Portugal, em 2005, mas nada de eu vir. Então achei que já era a hora. Aproveitei a proximidade (e as passagens) da Espanha e estiquei para um feriadin de mim mesmo em Lisboa.



Restaurentezins. 

E Lisboa é INCRÍVEL. Das cidades mais lindas que conheci, mesmo. Reconhece-se muito do Brasil, mas com todo o charme europeu. Tem algo do Rio de Janeiro, de Olinda, de Ouro Preto, esse Brasil antigo, que veio daqui. Fora que é das cidades mais apetitosas do mundo – eu só rivalizaria com Paris – com uma pastelaria a cada esquina, restaurantezinhos super charmosos. Um mimo. 


Lisboa.  

E a oferta de gulodices não se restringe à comida. Lisboa deve ser a cidade com maior número de traficantes por metro quadrado. No centro, não consigo andar um metro sem um curió vir oferecer haxixe, maconha, cocaína. Não conferi, mas acredito que a qualidade não seja a mesma dos pastéis de nata. 


Lisboa antiga. 

O charme antigo de Lisboa também tem o lado negativo do antiquado. Foi só eu chegar aqui e um caixa eletrônico engolir o meu cartão. Dois dias depois, a gerente do banco me devolveu e disse que “era normal isso acontecer.” Como assim? E se eu não tivesse outro cartão e dinheiro para pagar as contas/comer/viver?


Lisboa antiga. 

A cidade também tem um sistema de wifi bem limitado. Pode parecer frescura, mas o Google Maps é uma mão na roda quando estou numa cidade desconhecida. E sem um número de celular aqui, fica difícil me comunicar com os amigos da cidade sem acesso à internet.


Lisboa moderna. 

Estou hospedado no Hotel Flamingo, que é central e reservei na sorte. O preço é bem ok, o quarto é grande, tem uma banheira deliciosa, mas o café da manhã é vergonhoso quando se compara com o que cada cafezinho de rua oferece. Além disso, só tem um serviço de wifi cobrado a 5 EUROS A HORA. Como alguém poderia TRABALHAR num hotel desses? Bem, felizmente o sistema é português, e não é preciso ser um grande hacker para estender essa hora gratuitamente...


Com Petra e Pessoa (ao fundo). 

Cheguei na segunda, peguei o finalzinho da Feira do Livro e encontrei a Petra, que trabalha com a Nicole, minha agente. Apesar da agenda apertada dela por aqui, conseguimos passear um pouco pela cidade.

Tiburones. 

Hoje de manhã fui ao Oceanário de Lisboa, aquário estupendo, que com certeza é meu favorito no mundo (e olha que já fui no famoso Aquário de Osaka, no Japão).

 Oceanário.

Dá meio medo de pisar nesse vidro ultra-transparente sobre tartarugas....

E, por pura sorte, amanhã é um dos feriados mais importantes do país: Dia de Santo Antonio. Esta noite o povo todo está pelas ruas, numa espécie de carnaval lusitano. Dei um pulo no Alfama, onde tem uma tradicional festa de rua, com sardinha na brasa, música e bebidas. Estava achando bem divertido, mas depois de um tempo não conseguia mais manter os olhos abertos com toda aquela fumaça de churrasco concentrada, e só conseguia pensar: “Por que diabos eu acabei de lavar o cabelo?”

Onde termina o aquário...


Amanhã é meu último dia aqui. Então voltei para o hotel para recarregar as energias e devo voltar para a festa, que hoje deve se estender pela noite toda. Queria conhecer um pouco a zona gay, mas com todas essas festas de rua não vejo muito sentido. Também estou meio cansado de sair sozinho. Não tenho mais tanta resistência para beber; não tenho vontade de caçar; estou namorando e queria mesmo estar fazendo tudo isso com certo loirin.

"Seja uma pessoa feliz, coma arroz doce da tia Beatriz!"

Mas esse é um bom motivo para voltar ao Brasil. E já gastei demais, comi demais, me queimei demais. Cheguei aqui na segunda, com 16C, hoje estava 36C e estou todo vermelho. Essa será uma viagem curta, de dez dias, mas já é mais do que o suficiente. E já tenho confirmado o 25pais da minha lista: México ! Ainda este ano. 




 Always on the road. 


09/06/2013

NA ESTRADA, NA ESPANHA


Rumo a Zaragoza. 

Está chegando ao fim a maratona da turnê de Masticando Humanos pela Espanha. Foram quatro cidades em quatro dias, cinco eventos e algumas entrevistas.

Minha editora por aqui, a Ediciones Ambulantes, é pequena e está se especializando em literatura brasileira, tanto clássicos (Castro Alves, João do Rio, Machado de Assis, Álvaro de Azevedo), como novos (Otávio Júnior). Eles têm compensado o alcance limitado com muito empenho e um trabalho dedicado ao livro e ao autor, que muitas vezes não se vê nas grandes editoras que publicam à toque de caixa. 

Então eles armaram um esquema de guerrilha, conseguiram apoios para passagens, hospedagem e alimentação e me encaixaram na programação cultural de algumas cidades bacanas. 


Victor é espanhol, casado com Aline, que é brasileira. Os dois foram meus tradutores e editores. 

O formato de alguns eventos aqui da Espanha me pareceu estranho. As feiras do livro de Madrid e Zaragoza, por exemplo, têm estrutura semelhante à da Feira do Livro de Porto Alegre, com estandes montados a céu aberto, na praça (em Madrid, no lindo Parque del Retiro) e foco voltado à venda ao público. Mas o esquema dos autógrafos não funciona. O autor fica sentado num estande, com os livros à sua frente, esperando que leitores venham e comprem. Claro que perdi a conta de quantas pessoas me tiravam para vendedor e perguntavam o preço de outros livros. Sem conhecer o autor, não há muito porque a pessoa comprar o livro, e é um formato intimidante, pegar o livro na frente de quem escreveu, dar uma olhada e ter de devolver (ou não) na frente dele. A maioria das pessoas nem tocava no livro. 

Autógrafos na Feira do Livro de Madrid. 

Nessas feiras há algumas leituras e debates, mas são limitados, o foco é a venda mesmo. E me causou esse estranhamento não apenas pela minha experiência, de autor desconhecido por aqui. Na feira do livro de Zaragoza (que tem o mesmo formato da feira do livro de Madrid), eu fiquei sentado num estande com um autor local bem conhecido. Ele autografou uns 3 livros... eu 5. Ele se sentiu ofendido e foi embora depois de uma hora, sem nem se despedir. 

É fundamental que esses eventos tenham debates, leituras, apresentação do autor, para que as pessoas que estejam passando possam dar uma olhada sem compromisso, saber mais sobre o livro, daí decidir se compram ou não. 

Apresentação em Madrid.  

 Felizmente tive outro evento em Madrid, que compensou bem. O grande imortal espanhol Antonio Maura apresentou minha obra na Casa do Brasil, seguido de autógrafos. Foi bacana a presença e participação do público, mas o mais lindo foi ver as impressões entusiasmadas dele, que sublinhou passagens, destacou frases e ideias (da edição espanhola).

 Com Antonio Maura. 


Ontem também tive dois eventos bem bacanas. Comecei em Valladolid, cidadezinha à noroeste de Madrid, com uma apresentação na linda livraria Oletvum. Estava cheio, a conversa (conduzida pela jornalista Veronica Mellado) foi ótima, o povo participou e comprou bem. No final, a dona da livraria ainda pediu para eu autografar cinco exemplares para os clientes da loja. Ao ver que eu estava desenhando diferentes jacarés em cada livro, ela pediu mais cinco para meus editores, fotografou os autógrafos e disse que ia divulgar no Facebook que haviam dez exemplares autografados com ilustrações exclusivas à venda na livraria. Você que está na Espanha, já sabe.


"Leia-me ou devoro-te!"


Apresentação em Valladolid. 


Aqui muitos leitores já tinham lido o livro e estavam realmente empolgados. Bem lindinho. 

Turismo com Veronica.

De Valladolid seguimos direto para Salamanca, cidade incrível onde está acontecendo o Festival Facyl, com música, performance e literatura. Ontem tinha show do Mika, inclusive, mas não pude ficar para ver. Minha apresentação foi na Casa de las Conchas, com um público legal de espanhóis, brasileiros e portugueses. Voltamos na mesma noite para Madrid. 

Em Salamanca.  


Tem sido curioso falar e ouvir sobre esse livro, sete anos depois que eu o publiquei no Brasil. Ele parece menos meu. Não é o livro que eu faria hoje, claro, mas não deixo de ficar orgulhoso. Já sinto que aqui na Espanha se fala e se discute com mais profundidade sobre ele. E, segundo me disseram, Aline e Victor fizeram um trabalho primoroso de tradução. Eu não poderia avaliar, não só pelo nível do meu espanhol, mas também porque tenho receio de reler meu livro impresso...


Exquisito, yo?


Falando em espanhol, ainda vou bem no truque, mas dá para me comunicar e discutir numa boa. Aline disse que definiria meu nível como "avançado" e muitos disseram que tenho um sotaque argentino. Que esquisito... (ou exquisito?)


Samara, estás aí?


Hoje tenho o domingo de folga. Estou pensando se vou de novo ao Prado (que visitei em 2010), se vou às compras e finalmente caio na noite. Queria ter passado a manhã dormindo, mas me peguei me revirando na cama, então era hora de atualizar o blog.

Amanhã sigo para Lisboa, só até o final da semana. O dinheiro está curto, o trabalho está pesado, mas a vida está quase boa.



Churros stay or churros go?


NESTE SÁBADO!