11/06/2014

DUPLA TREVOSA




No Sempre um Papo, ontem em SP. 


Tive no início desta semana duas participações no Sempre um Papo, grande evento de literatura organizado há trinta anos pelo jornalista Afonso Borges, que traz discussões com escritores das mais diversas vertentes. 

Já havia participado, uma vez sozinho e uma vez com a Ana Paula Maia. Dessa vez, quando Afonso me convidou para falar de Biofobia, pensei que Raphael Montes seria a dupla perfeita, e acabou se confirmando. Conversamos segunda-feira em Belo Horizonte e ontem aqui em São Paulo, no Sesc Vila Mariana. 

Em BH, mediados por Ray Ribeiro (foto: Jackson Romaneli)
Conheço o Raphael há dois anos. Ele me escreveu como leitor quando estava lançando seu primeiro romance, Suicidas, eu me impressionei com o fôlego e a trama de um autor tão jovem e fui o primeiro a resenhá-lo. Nos tornamos amigos, e hoje ele é uma das maiores revelações da literatura brasileira dos últimos anos, com seu segundo romance, Dias Perfeitos, arrasando nas vendas, nas críticas e já vendido para oito países. 

Raphael alia uma literatura comercialmente viável com densidade literária, e foi bacana encontrá-lo e conversar com ele nesse momento de sua carreira, trocar experiências - até porque estou longe de ser bestseller e é bacana saber como uma editora (no caso dele, a Companhia das Letras) promove um livro desse calibre. Estão fazendo um investimento pesado e merecido nele. 

Em Belo Horizonte, por exemplo, aproveitando que ele estaria lá, sua editora organizou também um encontro com os livreiros locais, com a presença do editor dele na Companhia (Flávio Moura, que por sinal foi meu colega de escola) que foi lá só para isso. É um trabalho que outras editoras poderiam se espelhar, porque o investimento que a Companhia faz na carreira do autor (não apenas no livro lançado) obviamente está trazendo lucros para ela. 

Raphael e seu editor encontrando os livreiros. 

(Eu assisti um pouco desse encontro. Cheguei no final, para ir com ele ao aeroporto, e me senti como Malévola entrando na festa de nascimento da Bela Adormecida. "Vocês não me convidaram para esse encontro com livreiros, por isso daqui a quinze anos sua carreira espetará o dedo numa roca!" Olha que praga de trevoso pega!)

"E o salário, ó..." (foto: Jackson Romaneli)

Fora isso, nosso encontro teve grandes discussões sobre nossos processos literários, relação com o mercado e com os leitores, que sempre são a parte mais bacana desses eventos. Muita gente participou em BH e SP, levou nossos livros para autografar. Leitores dele puderam conhecer meu trabalho e vice-versa; ótimo intercâmbio.

Uma amiga me escreveu há pouco no FB, dizendo que não gostava desses eventos, e perguntando se eles ajudam a criar mais leitores? Acho que ajudam. Muitos curiosos vão lá ver o que temos a dizer, se vale a pena comprar o livro. Leitores de um autor acabam conhecendo o outro. E para além do debate, esses eventos rendem imprensa, que rendem vendas posteriores e rendem outros eventos. (Tem também o cachê...) E eu particularmente sempre ganho como autor, sabendo como outros autores trabalham, ouvindo o que os leitores têm a dizer... etc.

Sei que muitos desses eventos podem ser chatos - eu me esforço para que sejam divertidos, engraçados, mas também depende muito da mediação e da liga com o outro convidado (e com a plateia). No caso desta semana, deu mais do que certo.


Leitores de BH

Tudo isso deve-se muito a organização do Sempre um Papo; impecável seria a melhor palavra. Desde a recepção, acomodação nos hotéis, vôos, até a assessoria de imprensa, que sempre rende horrores. Desta vez gravamos entrevistas para a Rede Minas e saíram grandes matérias nos jornais "O Estado de Minas" e "O Tempo". (Dá para ler aqui e aqui)


 "O Tempo". 

Agora a BIOFOBIA TOUR segue seu caminho. O próximo evento será em Uberaba, e já tenho marcado debates e lançamentos em outras cidades bacanas de Minas, São Paulo e Rio... É só organizar, me convidar, que eu vou. Aos poucos vou atualizando aqui na aba "agenda".

A divulgação tem sido boa, a receptividade ao livro também. Bom saber que estou conseguindo voltar ao cenário literário adulto, reconquistar meu espaço, que pode ser um espaço restrito, mas de respeito.




No "Agenda", da Rede Minas. 

ENTÂO VOCÊ SE CONSIDERA ESCRITOR?

Então você se considera escritor? (Trago questões, não trago respostas...) Eu sempre vejo com certo cinismo, quando alguém coloca: fulan...