Depois de 11 anos, volto à FLIP, desta vez à convite do Sesc. Tenho uma mesa domingo, 10h, na Casa de Cultura, com Rafael Gallo e Nereu Afonso, mediados por Fred Girauta.
Muitos amigos bacanas vão estar por lá - Raphael Montes, Marcelino Freire, Luisa Geisler, Simone Campos, Emilio Fraia - a maioria na programação paralela do Sesc, que você pode ver aqui:
http://www.sesc.com.br/portal/cultura/flip/programacao/domingocontent
Só estive mesmo na primeira FLIP, primeira mesa da primeira FLIP, aquela de 2003, que ainda não era tudo o que é hoje, mas já era mais hypada do que qualquer outra festa literária brasileira. Para mim, que havia acabado de lançar meu primeiro romance, foi uma vitrine inigualável. A Editora Planeta investiu mesmo em nós (eu, Cuenca e Chico Mattoso) como os jovens autores da vez, e lá estávamos, nas capas dos cadernos de cultura de todos os jornais.
O Globo.
Folha.
Eu caía literalmente de paraquedas, não conhecia ninguém, ninguém do meio (só fui pescado pela Planeta por indicação da Beatriz Resende, que foi juri do prêmio literário que lançou meu romance) e nessa FLIP tive o primeiro contato com colegas que viriam se tornar amigos, colegas que viriam a se tornar colegas. Conheci o bróder Marcelino por lá, para você ver; Joca Terron, Antonio Prata, Edney Silvestre, Patricia Melo, Bernardo Carvalho, e mesmo o curador da vez, Paulo Werneck.
Com Edney Silvestre e Cesar Ferragi.
De lá para cá foram mais SETE livros, sempre fazendo o que acredito, sempre indo contra a corrente ou as panelinhas, aos poucos firmando meu estilo e minha personalidade literária. Mas ainda acredito muito no conto que lancei por lá ("A Mulher Barbada", que foi incluído no Pornofantasma).
"Eu não sou escritora, Paulo Roberto, sou apenas
mulher. Sou o bastante e estou viva, finalmente, posso contar minha história.
Posso vivê-la intensamente, em páginas amassadas, em papel de pão. Posso deixar
a barba crescer sobre o meu rosto e o peso do corpo envergar minhas costas.
Minha cama. E enquanto eu tiver esses dedos, enquanto eu tiver vontades, você
vai ter de me ouvir."
As vontades continuam - embora longe do entusiasmo de outrora. Gosto de eventos literários - de participar e de assistir - por isso mesmo sei que há outras oportunidades de ver essa gente durante o ano. O povo todo que lota a FLIP perde semanalmente eventos literários mais baratos, mais tranquilos. Mas será importante para mim voltar finalmente. Vamos ver o que a FLIP reserva para mim dessa vez. Vamos ver como me encontrarei agora na FLIP, como um escritor de meia idade, cansado; serei capaz de caminhar por aquelas ruas pedregosas?
Jornal do Brasil... ainda era impresso.