Em plena forma, sobre duas rodas, na ilha da magia.
Até os doze anos, andei sobre quatro patas, dois pés, rodinhas acessórias na minha bicicleta. Foi tarde eu sei, pois ainda lembro do meu amigo Frederico, aos doze anos, me empurrando num ruazinha do Jardim América - sou garoto dos jardins, o que fazer - para eu aprender a andar sobre duas rodas. Aprendi, peguei gosto e já pedalei por várias ciclovias do mundo. Por isso fiquei pensando sobre a polêmica atual das ciclovias na cidade de São Paulo.
Atacama.
Helsinque.
Se perguntassem a minha opinião, se eu fosse dizer mesmo o que eu penso, diria que São Paulo não tem solução, então não adianta ciclovia, aerotrem ou bomba atômica. Mas tento ser um pouco menos niilista, tento acreditar em opções que deixem a cidade mais transitável.
Floripa.
Li o post da Lucia Santaella, li as respostas a ela. O povo gosta de demonizar quem contradiz ou quem diz uma coisa ou outra equivocada. Não é pra tanto. Acho que ela tem um ponto e talvez tenha sido um pouco irônica, não sei. A forma apressada como as ciclovias foram feitas, talvez tenham buscado mais visibilidade do que real necessidade, talvez não tenha sido feito um estudo sério das melhores rotas para ciclistas. Só posso especular.
Em Jyväskylä - bicicleta do Scandic; os hotéis daqui poderiam/precisariam incentivar e deixar bicicletas à disposição dos hóspedes.
Como ciclista, já rodei por diversas cidades do mundo. No tempo que passei em Helsinque, Finlândia, fazia tudo de bike, mesmo nos três meses de neve que peguei por lá. A ciclovia lá é pela calçada, que acaba sendo usada para amontoar a neve nos períodos mais frios. Em Copenhague há uma ciclofaixa por toda a cidade, que também é usada para motos, funciona (embora seja um pouco tenso para o turista que quer pedalar despreocupadamente). Em Tóquio, não há muita organização, mas há toda uma organização, o ciclista tem de se embrenhar no meio da multidão de carros e pessoas. Tudo funciona em Tóquio, mesmo em meio a multidão de carros e pessoas. Puxando agora, lembro que rodei pelo Chile, Japão, Finlândia, Alemanha. Dinamarca, Noruega, Suécia, Estônia...
Tallin, Estônia.
Também não dá para ficar só culpando os políticos, o PT, Haddad e Jesus pelos problemas. A verdade é que o povo é preguiçoso, e coió, e não está disposto nem a ir até a padaria sem o carro. Eu faço tudo o que posso a pé; sei guiar e já tive carro, mas desisti há mais de uma década. Ônibus eu não pego, que sou fresco. Metrô e táxi quando inevitável. Esta semana tive uma reunião na Vila Madalena, fui a pé aqui da Frei Caneca - demora, mas às vezes pode demorar menos do que ficar no trânsito. E é menos estressante. E queima calorias. Tem gente diz que "não é seguro"; bem, acho que os assaltantes miram mais em quem está parado no trânsito. Outros dizem que "vou chegar todo suado"; bem... isso é verdade.
Floripa. |
Confesso que de bicicleta em São Paulo eu não ando. Não me sinto seguro com o trânsito, nem com as ciclovias. Fora que o ar daqui não é dos mais favoráveis à prática de atividades aeróbicas - delícia pedalar com o ar acre da Rebouças no rosto. Mas ainda é uma alternativa... Agora, já que estão fazendo, poderiam fazer mais direitinho.
Tóquio, em pleno cruzamento de Sibuya