09/02/2015

OBJETOS CORTANTES

Resenha que assinei na Folha deste final de semana:


O estranho assassinato de uma criança na cidadezinha de Wind Gap, no Missouri, desperta o faro do editor de um jornal em Chicago, que manda sua repórter investigar o caso, esperando novos desdobramentos (e vítimas). Escolhida a dedo por ser nativa de Wind Gap, Camille Preaker tem de voltar a cenários de sua infância, à relação conflituosa com a mãe dominadora e estabelecer laços com sua irmã adolescente, que ela mal conhece.
Primeiro romance da autora de Garota Exemplar, Objetos Cortantes é um thriller clássico de investigação jornalística. Chega a ser genérico no primeiro quarto do livro, até que começam a ser revelados traços bizarros dos personagens, como a tendência de Camille de se mutilar e a prática precoce das meninas da cidade no sexo e drogas. Não é uma transição sutil, e deixa a impressão de que a autora decidiu “vitaminar” a trama no meio do processo, para fugir da banalidade. E não é o único problema do romance, que tem diálogos bastante artificiais e um tom geral que beira o surrealista, mas resvala no kitsch.
Ainda assim, Objetos Cortantes não deixa de trazer surpresas. A identidade do criminoso oscila durante todo o livro entre três ou quatro personagens e a autora joga bem com isso. Há também um erotismo latente, todos os personagens têm moral dúbia e flertam uns com os outros. A própria protagonista é uma alcoólatra depressiva e jornalista medíocre, que mais se envolve com o caso como vítima do que como heroína.
É uma boa história, escrita de forma pouco convincente. Bem adaptada, pode gerar um filme melhor do que o livro. A impressão final da obra é que Gillian Flynn é aquela “garota exemplar”, que faz o dever de casa, mas que não convence querendo posar de drogadinha.

OBJETOS CORTANTES, de Gillian Flynn
Intrínseca
Avaliação: Regular. 

MESA

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