O estranho assassinato de
uma criança na cidadezinha de Wind Gap, no Missouri, desperta o faro do editor
de um jornal em Chicago, que manda sua repórter investigar o caso, esperando
novos desdobramentos (e vítimas). Escolhida a dedo por ser nativa de Wind Gap,
Camille Preaker tem de voltar a cenários de sua infância, à relação conflituosa
com a mãe dominadora e estabelecer laços com sua irmã adolescente, que ela mal
conhece.
Primeiro romance da
autora de Garota Exemplar, Objetos
Cortantes é um thriller clássico de investigação jornalística. Chega a ser genérico no primeiro quarto do livro,
até que começam a ser revelados traços bizarros dos personagens, como a
tendência de Camille de se mutilar e a prática precoce das meninas da cidade no
sexo e drogas. Não é uma transição sutil, e deixa a impressão de que a autora
decidiu “vitaminar” a trama no meio do processo, para fugir da banalidade. E não
é o único problema do romance, que tem diálogos bastante artificiais e um tom
geral que beira o surrealista, mas resvala no kitsch.
Ainda assim, Objetos Cortantes não deixa de trazer
surpresas. A identidade do criminoso oscila durante todo o livro entre três ou
quatro personagens e a autora joga bem com isso. Há também um erotismo latente,
todos os personagens têm moral dúbia e flertam uns com os outros. A própria
protagonista é uma alcoólatra depressiva e jornalista medíocre, que mais se
envolve com o caso como vítima do que como heroína.
É uma boa história,
escrita de forma pouco convincente. Bem adaptada, pode gerar um filme melhor do
que o livro. A impressão final da obra é que Gillian Flynn é aquela “garota
exemplar”, que faz o dever de casa, mas que não convence querendo posar de
drogadinha.
OBJETOS CORTANTES, de Gillian Flynn
Intrínseca
Avaliação: Regular.