18/02/2015

SONS DE CINZA



Chega de folia! Agora é hora de cinzas e tenho afundado no sons deprês das minhas playlists. A “Bibas Deprimidas” é um clássico, e está sempre sendo atualizada e reinventada. Músicas de fossa com cantores gays. Tem brasileiros inevitáveis como Ney Matogrosso, Cauby; alguns amigos queridos; clássicos como Boy George, George Michael e Elton John; até Michael Jackson arrisco pôr. Mas deixo aqui a dica dos estrangeiros mais bacanas, mais alternativos ou menos conhecidos. 




THE IRREPRESSIBLES 



My friend Jo / was a crazy bitch / Wore her heart on sleeve / with an ounce of kitsch. Assim começa a primeira faixa do primeiro álbum dessa banda semi-sinfônica gay da Inglaterra, com dois álbuns e alguns EPs lançados. O vocalista já gravou várias faixas com o Röyksopp, e foi aí que conheci. O trabalho do grupo é orquestral, barroco, kitsch, dramático e bem bonito. Lembra muito Antony and the Johnsons e um pouco James Blake. Certeza de que ainda vão ser mais cultuados, quando tiverem um som mais acessível. Mas já tem faixas de chorar. É o que mais tenho ouvido ultimamente. 




ANTONY AND THE JOHNSONS 



Não podia faltar. Já é mais conhecido, mas é essencial. Uma banda de “pop de câmara” de Nova York com um vocalista gordo, transgênero e genial, que soa como uma mistura de Nina Simone com Brian Ferry. Cantam a vida e morte de travestis, sexo, sadomasoquismo e amor com uma poesia e melancolia sem igual. 




KLAUS NOMI



Pode ser considerado um precursor desses todos. Cantor alemão que misturava cabaré, ópera e pop kitsch, com um vocal em falsete e um visual bem absurdo. Morreu em 1983, uma vítima dos primeiros tempos da AIDS. 



JOHN GRANT



Cantor quarentão americano, radicado na Islândia. Conheci pela Sinéad O’Connor, que regravou “Queen of Denmark”, faixa que dá nome a seu primeiro disco solo e começa com I wanted to change the world / But I could not even change my underwear. Faz um som entre o folk, country e eletrônico, com um humor depressivo muito peculiar. Remember walking hand in hand side by side / We walked the dogs and took long strolls to the park / Except we never had dogs / And never went to the park, ele canta em outra faixa. Seu primeiro disco é inteiro maravilhoso. O segundo já é mais ou menos, mas se salva com faixas foda como GMF (de “Greatest Mother Fucker”). 




MARC ALMOND



Cantor britânico clássico dos anos 80, que com o Soft Cell teve o grande hit “Tainted Love”. Mas o trabalho solo dele tem uma pegada cabaré dramática deliciosa. Não há drama maior do que ele cantando “Yesterday When I Was Young”. 



DAVID MCALMONT



Cantor negro de soul que fez algum sucesso nos anos 90, na Inglaterra, em parceria com Bernard Butler, do Suede. Juntos lançaram dois álbuns - o primeiro está no meu top 10 da VIDA. Já o trabalho solo é bem irregular; regravou vários Standards, mas também narra belas crônicas da vida gay em algumas de suas músicas. 



PATRICK WOLF



Não dava muito por ele até assistir a um show no gelado inverno de Helsinque, em dezembro de 2011. Seu álbum “Lupercalia” se tornou dos meus favoritos da VIDA. Ele tem outros bacanas e um bom flerte do pop com o barroco. É um jovem músico gay britânico bem consistente, toca viola, violão, piano, harpa – inclusive tem excursionado como músico de apoio da Patti Smith. 








Cantor americano que teve UM hit nos anos 90 ("Strange World", recentemente regravado pelo Him) e só. De toda forma foi o suficiente para eu comprar o álbum na época, baixar os dois seguintes e escutar com frequência desde aquela época. Tem uma voz andrógina e um som difícil de classificar, entre o Indie rock, pop, com traços de R&B. Está meio desaparecido desde o começo dos 2000, mas troquei ideias com ele pelo FB esses dias. 



PERFUME GENIOUS



Na verdade esse entrou aqui pelo drama e viadagem, mas ainda não consegui gostar muito. Perfume Genious é pseudônimo de Mike Hadreas, um artista solo de Seattle. Fica aqui para fechar dez artistas sem ter de recorrer a outros mais óbvios.

RUFUS WAINWRIGHT



Ok, esse é bem óbvio, mas não deixa de ser alternativo. Criado no Canadá, Rufus veio de uma família de músicos e tem uma erudição sem igual. Já compôs ópera, gravou standards, e seus álbuns sempre têm elementos de música erudita. Gay assumido, canta sobre amores perdidos, amores casuais e até sobre a paternidade entre homossexuais. Assisti nas duas vezes que veio ao Brasil. Obrigatório.







NESTE SÁBADO!