Chega de folia! Agora é hora de cinzas e tenho
afundado no sons deprês das minhas playlists. A “Bibas Deprimidas” é um
clássico, e está sempre sendo atualizada e reinventada. Músicas de fossa com
cantores gays. Tem brasileiros inevitáveis como Ney Matogrosso, Cauby; alguns amigos
queridos; clássicos como Boy George, George Michael e Elton John; até Michael
Jackson arrisco pôr. Mas deixo aqui a dica dos estrangeiros mais bacanas, mais
alternativos ou menos conhecidos.
THE IRREPRESSIBLES
My friend Jo
/ was a crazy bitch / Wore her heart on sleeve / with an ounce of kitsch. Assim começa a primeira faixa do primeiro álbum dessa banda
semi-sinfônica gay da Inglaterra, com dois álbuns e alguns EPs lançados. O
vocalista já gravou várias faixas com o Röyksopp, e foi aí que conheci. O
trabalho do grupo é orquestral, barroco, kitsch, dramático e bem bonito. Lembra muito
Antony and the Johnsons e um pouco James Blake. Certeza de que ainda vão ser
mais cultuados, quando tiverem um som mais acessível. Mas já tem faixas de
chorar. É o que mais tenho ouvido ultimamente.
ANTONY AND THE JOHNSONS
Não podia faltar. Já é mais conhecido, mas é
essencial. Uma banda de “pop de câmara” de Nova York com um vocalista gordo,
transgênero e genial, que soa como uma mistura de Nina Simone com Brian Ferry.
Cantam a vida e morte de travestis, sexo, sadomasoquismo e amor com uma poesia
e melancolia sem igual.
KLAUS NOMI
Pode ser considerado um precursor desses todos.
Cantor alemão que misturava cabaré, ópera e pop kitsch, com um vocal em
falsete e um visual bem absurdo. Morreu em 1983, uma vítima dos primeiros tempos da AIDS.
JOHN GRANT
Cantor quarentão americano, radicado na Islândia.
Conheci pela Sinéad O’Connor, que regravou “Queen of Denmark”, faixa que dá
nome a seu primeiro disco solo e começa com I
wanted to change the world / But I could not even change my underwear. Faz
um som entre o folk, country e eletrônico, com um humor depressivo muito
peculiar. Remember walking hand in hand
side by side / We walked the dogs and took long strolls to the park / Except we
never had dogs / And never went to the park, ele canta em outra faixa. Seu
primeiro disco é inteiro maravilhoso. O segundo já é mais ou menos, mas se
salva com faixas foda como GMF (de “Greatest Mother Fucker”).
MARC ALMOND
Cantor britânico clássico dos anos 80, que com o
Soft Cell teve o grande hit “Tainted Love”. Mas o trabalho solo dele tem uma
pegada cabaré dramática deliciosa. Não há drama maior do que ele cantando
“Yesterday When I Was Young”.
DAVID MCALMONT
Cantor negro de soul que fez algum sucesso nos anos
90, na Inglaterra, em parceria com Bernard Butler, do Suede. Juntos lançaram dois álbuns - o primeiro está no meu top 10 da VIDA. Já o trabalho
solo é bem irregular; regravou vários Standards, mas também narra belas
crônicas da vida gay em algumas de suas músicas.
PATRICK WOLF
Não dava muito por ele até assistir a um show no gelado
inverno de Helsinque, em dezembro de 2011. Seu álbum “Lupercalia” se tornou dos
meus favoritos da VIDA. Ele tem outros bacanas e um bom flerte do pop com o
barroco. É um jovem músico gay britânico bem consistente, toca viola, violão,
piano, harpa – inclusive tem excursionado como músico de apoio da Patti Smith.
KÉ
Cantor americano que teve UM hit nos anos 90 ("Strange World", recentemente regravado pelo Him) e só.
De toda forma foi o suficiente para eu comprar o álbum na época, baixar os dois
seguintes e escutar com frequência desde aquela época. Tem uma voz andrógina e
um som difícil de classificar, entre o Indie rock, pop, com traços de R&B. Está
meio desaparecido desde o começo dos 2000, mas troquei ideias com ele pelo FB
esses dias.
PERFUME GENIOUS
Na verdade esse entrou aqui pelo drama e viadagem, mas ainda não consegui gostar muito. Perfume Genious é pseudônimo de Mike Hadreas, um artista solo de Seattle. Fica aqui para fechar dez artistas sem ter de recorrer a outros mais óbvios.
RUFUS WAINWRIGHT
Ok, esse é bem óbvio, mas não deixa de ser alternativo. Criado no Canadá, Rufus veio de uma família de músicos e tem uma erudição sem igual. Já compôs ópera, gravou standards, e seus álbuns sempre têm elementos de música erudita. Gay assumido, canta sobre amores perdidos, amores casuais e até sobre a paternidade entre homossexuais. Assisti nas duas vezes que veio ao Brasil. Obrigatório.