Terminou nesta quarta mais um curso que fiz com o
jornalista Carlos Primati no MIS, desta vez sobre A História do Cinema de
Horror no Brasil.
Achei ainda melhor do que o passado (sobre
História do Cinema de Horror em geral), porque, talvez pela aridez do tema, deu
para se aprofundar mais, gerou mais discussões, e pude assistir a pérolas que não
se encontram com tanta facilidade, como o novo Fabulas Negras, antologia de curtas de Rodrigo Aragão, Peter
Baiestorf, Joel Caetano e Jose Mojica Marins.
Um dândi brasileiro.
Claro, “Cinema de Horror no Brasil” gera de
antemão a dúvida: mas há o que discutir? Quão muito além de Mojica/Zé do Caixão
se pode ir, ainda mais em cinco aulas de três horas? Nas duas primeiras
permaneceu essa dúvida; antes do cinema do Mojica se pode basicamente localizar
filmes com referências de terror, um
suspiro sobrenatural, mas não exatamente do gênero. Porém as produções da Boca
do Lixo e, principalmente, ao meu ver, as produções mais atuais provam que
existe uma produção de terror no Brasil, ainda que bastante marginalizada.
Só de toda a discussão e reflexão que o curso
gerou, já valeu bem. Primati é especialista no gênero e sempre é muito bem
embasado no que fala. Um cara com quem tenho de estender as discussões por
Facebook e além, porque é sempre tão raro alguém com consistência focado nesse
universo. Acho que valia bem ele lançar um livro sobre o tema, principalmente pelo momento...
"Amor Só de Mãe" obra prima de Dennison Ramalho... com um título infame característico do cinema nacional.
Foi especialmente divertido conhecer mais das
obras do Dennison Ramalho e do Rodrigo Aragão, dois militantes do gênero com
uma produção bem intensa e pegadas diferentes. E a gente repara como nesse meio
todo mundo se conhece, começa a trabalhar junto. Fiquei pensando em como eu
mesmo (como fã, autor e roteirista) me encaixo, daí foi só lembrar que sou
vizinho e amigo do Marco Dutra (de “Quando Eu Era Vivo”), que os direitos do meu “Feriado
de Mim Mesmo” estão com o Rafael Primot (de Gata Velha Ainda Mia) e que estou
sempre trabalhando com quem trabalha com o Dennison, só para citar alguns
discutidos no curso. Dá para sentir que tenho um papel nessa nova geração,
principalmente com o início dos trabalhos no filme de BIOFOBIA.
"Quando Eu Era Vivo", do Marco Dutra.
O que sempre me incomodou foi a ditadura do realismo. O Brasil não tem a menor
tradição no fantástico, seja na literatura, no cinema ou o que seja. Nunca. Então
não acredito que seja por aí que o cinema de horror possa se desenvolver.
Talvez o mais viável seja um terror calcado no psicológico, na loucura, na
violência do ser humano, mais do que no sobrenatural. E isso me interessa. (Você
vê, até Zé do Caixão, o maior símbolo do horror nacional, é um personagem que
rejeita o fantástico, o sobrenatural.)
Aí, o único still que você vai ver do único curta que eu dirigi-escrevi-atuei, na faculdade. Um torture-porn videoclípico que ainda está no Imdb, "Ame o Garoto Que Segura a Faca" (1998). (Do título eu ainda gosto.).
OBS: Quem tiver interesse no tema, confira no Facebook:
Filmoteca do Horror Brasileiro. Lá o
Primati está postando preciosidades da produção nacional.