16/05/2016

CAUBY! CAUBY!


1931-2016
Perdemos Cauby Peixoto. Para quem é fã do kistch, sempre foi um prato cheio. Se sua voz era indiscutível, o repertório e a interpretação passaram por todo tipo de coisa, a carreira teve seus altos e baixos. Mas não se pode esquecer de que, quando ele queria, também sabia ser delicado e sutil, inclusive em gravações mais recentes.

Assisti ao Cauby pela primeira vez em 2001, em Porto Alegre. Debilitado por uma ponte de safena, cantou o show todo sentado, e eu agradeci poder conhecer essa lenda que, imaginei, estava com os dias contados.

Eu e ele em 2007. 
Foi-se mais de uma década depois. E nesse tempo o assisti mais algumas vezes no Bar Brahma, sempre cantando sentado, com a voz grave afinadíssima - já não mais tão potente -; tive ainda o privilégio de entrevistá-lo para a Joyce Pascowitch em 2007 (de onde guardo essa foto).

A entrevista não rendeu tanto quanto eu esperava. Cauby soltava frases feitas, fugia das questões mais pessoais, com décadas de prática, parecia um personagem pré-programado. Tudo bem. Completei a matéria com depoimentos de amigos (entre eles o biógrafo Rodrigo Faour e meu querido amigo Arlindo Lopes, que fazia o musical dele no teatro).

Hoje acordei com a notícia de sua morte. Aos 85 anos e com tanta história, não se poderia pedir muito mais. Compartilho assim algumas de suas melhores (e piores) músicas, algumas das mais curiosas.



No começo dos 2000, debilitado, Cauby gravou um disco de canções suaves: "Cauby Canta as Mulheres", só com faixas com nomes femininos (incluindo Lígia, Carolina, Dindi e uma versão soft de Conceição). Tenho aqui em casa e, para mim, é uma prova de que ele não dependia dos excessos para brilhar.


"Meu Coração É um Pandeiro" é um álbum lançado mais ou menos na mesma época, onde ele revisitava grandes clássicos do samba. Os arranjos são de muito bom gosto. E tem a interpretação definitiva de "Retalhos de Cetim", na voz dele.



Indo aos antigos sucessos, a tarantela "Canção do Rouxinol" é das representações mais kitsch (e divertidas) da obra dele.


Dos álbuns mais recentes, o disco de sucessos de Roberto Carlos também é bem delicado. Ganhei de presente do querido Marcelino Freire, há um par de anos.


Cauby ressurgiu nos anos 80 puxado por esse sucesso que gravou com Ellis Regina, "Bolero de Satã". Ele entra apenas no final da música, mas arregaça com tudo.


Uma das parcerias mais bizonhas (e toscas) foi com a banda Tokyo, do Supla, nos anos 80.



Já a versão dele de "Cheek to Cheek", com Caetano, é deliciosa.



Sua parceira mais frequente era Angela Maria. O disco deles de 1982 é um clássico.


Um dos maiores sucessos da carreira dele é "Bastidores", escrita por Chico Buarque, que ele cantava mais contido nos últimos anos. Para você mesmo ver como não é fácil, experimente aí essa versão karaokê.



E não poderia encerrar sem… CONCEIÇAAAAAAAO… aqui no auge de sua potência vocal, com o mestre Sílvio.


 Ficam assim suas gravações, já que um substituto não será possível.

NESTE SÁBADO!