Art, o palhaço assassino de Terrifier. |
Foi difícil competir com o terror da vida real, este ano. Mas o cinema teve ótimas produções - algumas bem mainstream - e o pós-terror se consolidou.
Como sempre, faço minha listinha de melhores do ano, a tempo do Halloween. (O novo "Halloween" mesmo me decepcionou - divertidinho, até, mas naaada de novo e tem um final arrastaaaaado - então não entrou nos 10 melhores.
A lista, como sempre, é absolutamente pessoal, nem tudo é ótimo - tem coisas bem trash, mas que trazem alguma inovação ou ousadia.
Quero muito ainda ver o novo do Lars Von Trier, mas só conseguirei amanhã. Qualquer coisa reedito a lista para encaixá-lo - mas já ouvi muito mal...
Vamos então com os melhores de 2018:
MANDY
Filme de vingança com Nicolas Cage... e uma
viaaaagem completa de ácido. Ele é um lenhador que mora com sua esposa na
floresta, até que uma seita mucho loca sequestra e mata a mulher. Violento,
ultra psicodélico, com um fiapo de roteiro. Deve ser incrível ver no cinema
(ainda sem previsão), com os aditivos certos.
HEREDITÁRIO
Apesar de ser filmão mainstream (com
possibilidades de Oscar), não pega leve: é impactante, perturbador com
excelentes atuações (da Toni Colette, principalmente). Gosto mais de toda a
latência dos primeiros atos do que da conclusão. Mas ainda assim é fodão.
A QUIET PLACE
Outro filmão hollywoodiano com um clima incrível,
com a tensão mantida pelo silêncio. Consegui ver numa sala de cinema vazia (14h
no meio da semana sempre é infalível), o que faz toda a diferença.
TERRIFIER
Slasher sobre um palhaço assassino que mata garotas
na noite de Halloween. Tem um pé no trash, nenhuma grande novidade, mas é bem
hardcore e o “monstro” é ótimo. Fico ansioso para ver mais dessa franquia (que
começou com o filme-antologia “All Hollows Eve”).
NOVEMBER
Filme de arte estoniano em preto e branco, sobre
uma menina que se apaixona platonicamente por um rapaz e faz um feitiço para
ficar com ele. Tem muito de folclore, de contos de fadas, parece um pesadelo lindo e
inquietante.
AS BOAS MANEIRAS
Os brasileiros Marco Dutra e Juliana Rojas seguem
no “pós-terror”, contando a história de uma jovem supostamente grávida de um
lobisomem, que só pode contar com o apoio da empregada. Um pouco longo, parece dois
filmes em um, mas é corajoso e a melhor coisa do terror brasileiro em muito
tempo.
STEPHANIE
Nos primeiros cinco minutos achei que seria o
melhor filme da vida. Começa com uma menina pequena, sozinha em sua casa,
tentando preparar seu café da manhã com todos os perigos de uma cozinha. E a
primeira meia hora do filme é isso: só uma atriz mirim numa casa. O
desenvolvimento como filme de epidemia não é tão recompensador, mas ainda assim
é corajoso e impactante, e merecia ser mais conhecido. (E estranhamente NÃO há nenhum trailer no youtube, só trechos como esse).
O ANIMAL CORDIAL
Um assalto no final do expediente de um
restaurante revela jogos de poder entre patrão e funcionários, numa tensão
crescente. Adoro todo o clima do filme, mas meio que não vai para lugar nenhum.
De todo modo, é um excelente exercício de minimalismo e mais um pós-terror
nacional para se comemorar.
BOARDING SCHOOL
A premissa é excelente, algo que eu gostaria de
ter escrito: um colégio interno para freaks, enviados por pais que querem se
ver livres. O protagonista também é bacana: um garotinho crossdresser. Mas o
filme não desenvolve bem a trama e ficam muitas ideias jogadas... Ainda
assim... vale estrelinha.
TILT
Desempregado, e com a mulher grávida, um jovem tem
sentimentos crescentes de violência, que descambam para assassinato. Um terror
do cotidiano, muito bem executado, com um final matador.
E um retardatário (que só consegui assistir no 01/11):
THE HOUSE THAT JACK BUILT
Das coisas mais cínicas que já assisti, engraçado, por vezes desagradável e tolinho. É um bom Lars Von Trier, (depois dos fiascos de Ninfomaníaca) para quem conseguir não levá-lo tão a sério. (E um bom Lars Von Trier vale como um ótimo [pós] terror.)
Aproveitando o post (e o Halloween): Nesta quarta 31 estarei com Marcos DeBrito e Reynaldo Damazio discutindo o pós-terror no Centro Cultural da Juventude, Deputado Emílio Carlos 3641, às 15h.