14/02/2020

MATADOR DE PASSARINHO



Na adolescência, descobrimos que havia um rato na nossa casa. Minha mãe comprou algo como um mata-mosca gigante, com uma cola para grudar o bicho. Colocou ração de cachorro. Ideia mais idiota possível. Acordei um dia escutando pios. Havia um passarinho, um sabiá, todo grudado na cola. Eu tentei soltá-lo, mas parecia que os ossos iam estalando, quebrando. Com lágrimas nos olhos, peguei uma telha e matei o bicho.

Na mesma casa, nossa gata deu cria. Passados alguns dias, a gata começou a jogar os filhotinhos na piscina. Matou alguns, tentou afogar outros. Minha mãe se desfez da gata. (Acho que depois disso é que tivemos ratos.)

Uma década atrás, eu estava num fim de semana depressivo, sem dinheiro, saí para dar uma volta numa noite de domingo. Na porta de casa, vi uma gata branca e estendi a mão para acariciá-la. A gata saiu correndo para a rua, passou um carro e eu virei o rosto. Dei alguns passos e, infelizmente, tive a ideia de virar o rosto de volta. A gata estava estrebuchando esmagada no asfalto. Nunca vou esquecer disso.

Já contei essa história aqui, mas quando minha primeira coelha morreu, coincidiu de ser o dia seguinte da eliminação do falecido no Masterchef Brasil. Saímos com ela numa caixa de sapato, procurando pelo bairro um veterinário para deixar o corpo. E as pessoas iam parando a gente pelas ruas, querendo tirar foto com o falecido, achando que ele estava chorando por ter sido eliminado.

Hoje fiz minha boa ação do dia. Morro de nojo de pomba, mas vi uma parada, com a cabeça presa num saquinho plástico. Pisei na ponta do plástico, pra ver se ela puxava, mas ela foi se enrolando mais. Tive de PEGAR a pomba (eca) e rasgar o saco da cabeça dela. "Agora voe, amiguinha, vá transmitir doenças a algum bolsominion..."




MESA

Neste sábado, 15h, na Martins Fontes da Consolação, tenho uma mesa com o querido Ricardo Lisias . Debateremos (e relançaremos) os livros la...