15/08/2020

NOTAS SOBRE O APOCALIPSE



A live de ontem foi com Ivana Arruda Leite. 


- Neste ano em que estamos todos trancados em casa, minha agenda de encontros e debates está das mais movimentadas. 

- É que agora é tudo por “lives”, né? Instagram, Zoom. Não tem de pagar passagem, não tem de pagar cachê, daí fica mais fácil convidar.

- Não que eu seja dos autores mais caros... Se for um lugar bonito, já topo pela passagem/hospedagem + um boquete...

- Mas acho que o povo tem é medo dessas besteiras que eu falo. Me falta certo filtro, eu sei, mas também não é parte da graça?

- (Nunca vou esquecer quando falei isso pro querido Rodrigo Lacerda, que achava que muitos eventos literários não me convidavam por medo e ele disse que sentia o contrário. “Eu acho que não me chamam porque me acham sem graça.” Cada escritor tem sua cruz e seus complexos.)

- O foda é que esse esquema novo está abusando das novas conexões de Wifi, celular, câmera, microfone. Eu não sou nada tecnológico (lembra que até ano passado não tinha nem Whatsapp, e fiquei quase dois anos até sem celular!) e estou me desdobrando para dar conta com um iPhone 6S. Na entrevista que eu gravei pro Metrópolis eles queriam até que eu arrumasse DUAS câmeras, para ter dois ângulos diferentes. Ontem me fodi aqui gravando uma entrevista pro Arte1 e o vizinho marretando na casa em frente.


A entrevista no Metrópolis que foi ao ar na TV foi bem curtinha. Mas no Instagram deles tem mais sobre o livro. 

- Se as coisas continuarem assim, vou ter de investir em câmera, microfone, iluminação...

- O pior fruto da pandemia é esse, vai nos transformar todos em YOUTUBERS!

Recebendo o prêmio da Unesco no Rio, em março, com minha editora na Melhoramentos. 

- Saudades dos eventos literários. Não só das mesas, mas de encontrar os colegas no hotel, na piscina, nos bares (ao menos tive uma ótima despedida disso, no Rio, em março, quando fui receber o prêmio da Unesco). A gente sempre trabalha tão sozinho, que é fundamental esses encontros para trocar experiências (trocar complexos), daí a gente vê que não está tão sozinho, tão fodido.

No Rio em março também teve festinha com Samir Machado de Machado e Raphael Montes. 

- Por sinal, acho tão curioso que, agora que tá TODO MUNDO sozinho, todo mundo fodido, parece que o povo é mais solidário com o outro. Eu vivo tantos momentos de solidão, trancado neste apartamento, tive tantos momentos de falta de dinheiro, de falta de trabalho, e o povo todo parecia que estava cagando. Os amigos deixavam claro que eu estava incomodando.

- Agora ao menos estou numa fase boa de trabalho, já há um bom tempo, mas... solidão né, minha filha? Pelo menos não sou só eu que estou sozinho. Pelo menos posso culpar a quarentena. (Porque provavelmente se não tivesse quarentena eu estaria da mesma forma, trancado sozinho, abandonado nesta casa...)

Gravando entrevista pro Arte1.
Gravando entrevista pro Arte1. 

 

NESTE SÁBADO!