18/08/2020

VIREI VEGANO E OLHA NO QUE DEU!

(Clickbait do caralho. É mentira, desculpe.)


Eu gosto muito de cozinhar, de comer, me interesso pela gastronomia como cultura, por isso estou sempre pesquisando, vendo tendências e possibilidades.

Sinto que o veganismo é uma tendência crescente, de modo até que faz a gente pensar se daqui a algumas décadas (anos?) não se torne norma. O impacto da pecuária na questão ambiental, o modo cruel como os animais são tratados, talvez em pouco tempo consumir carne se torne algo como possuir escravos. Mas me restam certas resistências:

O principal para mim é que a lógica vegana não faz sentido. A questão de “amar” todos os seres vivos. Me parece um argumento bicho-grilo que esbarra no religioso (eu como ateu). “Por que você ama esse e come esse?” Dizem propagandas veganas mostrando um cachorro e um porco. Bem, AMAR é uma eleição, uma escolha. Você não pode amar a tudo e a todos. Quem ama a todos não ama ninguém. Então não entendo essa lógica vegana de amar porco, vaca, cachorro, peixe, barata...

A empatia, a solidariedade, se torna mais fácil de entender quando se vê as condições que esses animais ((de abate) sofrem, dá para associar o porco ou mesmo o frango de granja ao cachorrinho que você tem em casa. Mas essa questão ideológica ainda não se resolve.

Se a pecuária é cruel para o meio ambiente, se as condições em que os animais de abate são criados são desumanas, se o consumo de carne até pode ser considerado prejudicial à saúde, não me responde por que consumir "proteína animal em si", é pior do que consumir proteína vegetal.

E sim, daí podemos chegar até aos insetos.

Porque num mundo de escassez de alimentos e procura por proteínas alternativas, não entendo por que a resistência do consumo de insetos, além do “nojinho” e da ideologia vegana de “todos os bichos são lindos”.

É em pontos como esse que a ideologia vegana para mim se torna totalmente inválida. Dando o mesmo valor a vida de um boi (ou de um humano) a um inseto, pregando esse amor incondicional, que se torna literalmente bicho-grilismo.

(Você não mata barata? Não mata mosquito?)

Ainda acho muito cruel a forma como os animais são tratados na pecuária. Tenho acompanhado e estudado as alternativas propostas do veganismo. Mas ainda acho tudo num terreno muito pouco racional, muito “bandeiroso”. Talvez o futuro seja mesmo poupar os bois, mas qual é o problema da cochonilha? E se comemos insetos por que não camarão de cativeiro? E se camarão por que não cachorro? São fronteiras que para mim não estão muito certas, mas que partem do princípio tosco de que “mas se matamos uma alface’...” porque afinal estaremos sempre consumindo outros seres vivos.

(e sim, já comi gafanhoto, camarão, boi, urso, rena, rã, jacaré, pato, peru, coelho... tendo uma coelha em casa.)

Adoraria debater mais com gente como o Fábio Chaves (alguém faz chegar a ele), o Marcelo Maluf, a Daniela Pinotti Maluf. Pena que veganos geralmente sejam tão agressivos, pouco abertos ao debate, como se estivéssemos comendo as mães deles, que mais afastam do que agregam. 

MESA

Neste sábado, 15h, na Martins Fontes da Consolação, tenho uma mesa com o querido Ricardo Lisias . Debateremos (e relançaremos) os livros la...