São Paulo do alto... do hospital. |
Tenho passado dias morosos e melancólicos no hospital. Do alto da varanda do 13o andar, olhando a vista de São Paulo enquanto escrevo...
Minha irmã se cuidou bem mais contra a covid do que eu, mas teve um problema grave no pâncreas e teve de operar em plena pandemia. Foi tudo bem, e agora está passando uma semana internada. Eu fico com ela quando meu cunhado tem de trabalhar (minha mãe está com minha sobrinha).
Até que é gostoso, esse clima convalescente. Enquanto minha irmã cochila, eu trabalho nas traduções. Quando ela acorda, assistimos às notícias do apocalipse, a chegada da vacina, Pazuello sem saber flexionar “as duas milhões” de doses... Especialistas dizem que este ano deve ser mais difícil do que o ano passado. Nós não precisamos de especialistas para isso.
Fico pensando como será quando eu mesmo for internado; eu nunca tive nada, mas a idade vai chegando... uma hora chega. Ano passado minha última avó se foi de covid, este ano começou com minha irmã mais velha no hospital, a fila vai diminuindo...
Também farei menos falta no mundo. Todo escritor é melhor morto. Só deixo a escrita, não deixo família, não tive filhos, não transmiti legado de miséria nenhuma, blábláblá. Se eu fosse internado, nem sei quem ficaria no hospital comigo. (Então, se acordo de madrugada com uma dor estranha no peito, se sinto um tumor no cérebro, eu apenas deito e espero passar.)
A vista de noite... |
Marco voltou semana passada para o sul, para a casa dos pais. Foi uma relação intensa, mundos muito diferentes, não só pela diferença de idade, o que não deixou de tornar tudo mais interessante. Deixa saudades e muito carinho.
A melhor notícia do ano parece ser que já temos um novo presidente para 2022. QUALQUER coisa é melhor do que a reeleição do indigente. Agora Dória disparou na frente e, longe de ser uma boa notícia, parece que é a melhor que teremos, ainda com um longo caminho para as vacinas trazerem normalidade. Ano novo difícil de fato...