Del Fuego, Tracy, eu e meu mestre Furtado na Feira do Livro do Pacaembu. |
Tá tipo a Flip, só que do lado de casa.
Eu dei só uma passada, nos dois domingos, para encontrar
amigos, colegas, fazer a social e tentar ser finalmente feliz. Bate um pouco
aquele clima “Malévola", né? De uma feira paulistana, muito da panelinha Quatro-Cinco-Um-Companhia-Todavia,
da qual eu não faço muito parte. (Meu livro tava lá, o Veado, no estande da
Companhia, meio escondidinho, mas tava.) Vejo muito autores se queixando disso,
da panelinha, os mesmos debates/convidados de sempre. Mas acabam convidando
quem está vendendo. Para discutir as pautas (exaustivas) do momento. E quem
se alinha com a linha editorial da organização... O que eu acho meio limitante.
Isso porque esses debates parecem ser sempre mais de auto-exaltação,
buscar mais um consenso entre os participantes do que uma discussão. Eu entro
numa discussão quando acho que tenho algo diferente a acrescentar (como no caso
sobre a Censura aos Livros), mas o meio editorial brasileiro é um meio pequeno
e frágil, que tenta sobreviver e não está interessado na contestação. (Pelo
menos essa fama de “sincerão” tem me rendido muito job de leitura crítica – em privado,
ainda querem saber o que tenho a dizer...)
Mas a feira também serve para essas discussões privadas.
Encontrei muita, muita gente legal, editores, agentes, autores, amigos,
leitores gatinhos e até minha sobrinha tava saracoteando por lá (e tive de
puxá-la para uma foto, porque criança e cachorro sempre aumentam engajamento, e
cachorro eu não tenho). E a gente pôde discutir coisas como essas nos
bastidores, nos estandes. Sempre falo isso: acho imprescindível o autor
participar desses eventos, trocar ideias com os pares, afastar (ou confirmar)
paranoias, ver que não somos tão especiais ou desprezados assim. Não dá para
esperar sempre (ou nunca) estar na programação oficial; dá para ir ouvir os colegas
da vez, e continuar a discussão nos bastidores.
Danilo, Valentina e o Biajoni, na social louca de domingo. |
E claro que faz toda a diferença eu estar numa região
central, em São Paulo, ser só uma caminhada para ver a Tatiana Salem Levy e a
Tati Bernardi falarem na Megafauna, ou o Marçal e o Bonassi na Livraria na
Nuvem. À Feira do Pacaembu eu chego em 40 minutos, caminhando tranquilo, ouvindo
um suedezinho, com meu GALAXY BUDS PRO 2 – que garante até três horas de música
com redução de ruídos (Use o cupom: NAZA20 e peça o seu com descon... Mentira).
Essa diferença da FLIP faz toda a diferença: dá pra eu ir,
passar duas horinhas e voltar. Porque para passar dias naquele circo de
vaidades, com todo mundo tentando se vender, como na FLIP, eu acho que não
tenho mais energia... (Todo ano eu penso ano em ir, todo ano eu desisto, todo
ano me arrependo, mas penso que se tivesse ido me arrependeria mais.)
Aproveitando, este ano quem primeiro me puxou para a feira foi a querida Tracy Mann, autora norte-americana que escreveu um livro FODÁSTICO, que eu traduzi: “O Mundo Todo É Bahia.” É um livro de memórias dela nos anos 70, quando veio fazer um intercâmbio aqui em São Paulo e se apaixonou pelo país. Acabou fugindo para a Bahia (naquele sonho de viver na praia, tão arquetípico de meninas no final da adolescência) e conheceu Gil, Caetano, Wagner Tiso, Milton Nascimento, Tom Jobim e mais uma porrada. Virou uma espécie de Forrest Gump da MPB. O livro acaba sendo tanto um romance de formação quanto um registro da cena musical da MPB, em plena ditadura. Eu traduzi direto de encomenda para ela – tem algumas editoras lendo, mas parece que ela ainda não fechou a publicação no Brasil (fica a dica).
Tracy e eu. |
Del Fuego, Tatiana e sua filha procurando meu coelho... |