18/03/2006

ELEKTRO BRASILIS

Ontem fui a mais um show da Karine Alexandrino, no Studio SP, festinha organizada pela Fabbie, minha ex oficial. Além de ver a Karine, tive o prazer de ganhar o novo single do Multiplex, em duas partes. Coisa contagiante, principalmente a faixa "Particularidades", com um refrãozinho cheesy anos 80 e uma deliciosa guitarra funky.

O Multiplex é banda que mistura elektro, disco e glam, com os vocais retrô de Leandro Cunha - que parece um filho de Marc Almond, Cauby Peixoto e Scott Walker. E eles têm muitas influências desses artistas, desse som de fossa, mas atualizando com batidas eletrônicas. Fossa Nova, baby.

A Karine Alexandrino também tem algo de elektro e também muito de kitsch, mas com influências mais de jovem guarda e cantoras francesas dos anos 60. As letras são hilárias, com títulos como "Como me Tornei uma Adúltera" e "Tenho Fome, Mas Vou Buscar Nosso Dinheiro".

Karine está em SP para shows, mas é do Ceará, assim como o Montage, outra banda de elektro, essa com muito de punk e elektrogoth. Daniel Peixoto, vocalista, tem uma performance impressionante no palco, se esfregando só de cuequinhas nos alto-falantes e cantando coisas como "I Wanna Fuck You So Hard". Eles também fizeram um funk pronto para tocar no Globo Esporte, "Ginastas Cariocas", em homenagem/sátira a Daiane dos Santos e Danielle Hipólito.

E tem vários outros amiguinhos fazendo música eletrônica. Um dos que eu mais gostava era o Real Madrid, do Ronaldo Estevam. Era um som assim... meio abertura de programa de socialite, tipo Amaury Junior ou Ataíde Patreze. Lounge kitsch finérrimo. Eu até deixei tocando no lançamento do "Feriado", ano passado. Mas não sei por onde anda atualmente.

Tem também o Jumbo Elektro, que apesar do nome não é tão elektro assim. É uma banda inteira, com bateria, baixo , guitarra, apesar dos samples. O som é uma mistura de Karnak, Devo e B52's. Lançaram um álbum bem legal. E os shows são um espetáculo. Mas também não sei o que andam fazendo.

Totalmente eektro é o No Porn, projeto da queridíssima Liana Padilha e do Luca Lauri. Eles estão bem inseridos no mundo da moda, um som muitas vezes perfeito para desfiles, com letras que fazem referência ao underground paulistano, como "Baile de Peruas" ("peruas, peruas, peruas").

E uma das duplas que trabalha a eletrônica a mais tempo é o Tetine. Há alguns anos estão com base em Londres, e ultimamente flertam com o funk carioca. Mas eu gostava mais quando eram trevosos e suas músicas eram histórias sinistras baseadas em Brecht, como no excelente cd "Música de Amor", de 98 (meu favorito).

Quem mais? Cansei de Ser Sexy, claro, a mais bem produzida dessa bandas. Têm tudo para estourar. É algo como uma "Kelly Key from hell". Se eu fosse eles, faria urgentemente um clipe da música "Superafim", para grudar na cabeça do povo o refrão "superafim, superafim, superafim de mim".

E eu mesmo já tive meu projetinho elektro, antes mesmo de saber o que era isso. Em 98. Chamava-se Silhouetics, e era uma porra. Haha. Mas divertido. Eu estudei piano, então fazia tudo, teclado, programações e vocal em Spoken Word. Vai aí uma das letras toscas, inspirada naquele carro que vende pamonha:

CORN CREAM COMES

I've Done My Best to Look androgynous
I've tried so hard to look Britsh
But I can't pretend to be what I'm not
when the car with the corn cream comes
right through the streets I'm working in

Eu sou um menino, latino, cassino, albino, suino...
I've tried so hard
But I haven't tried the castration

TIREM AS CRIANÇAS DA SALA

(Publicado na Ilustríssima da Folha deste domingo) Do que devemos proteger nossas crianças? Como não ofender quem acredita no pecado? Que ga...