11/05/2006

BEM-VINDO À UNIVERSIDADE DO HAMBURGUER

Eu não disse? Eu não disse? Já chegou o ano novo. E passo esta virada sozinho em casa, sem fogos de artifícios nem bebidas espumantes. Não me peça para sacudir nem derramar, que já fiz isso todos os anos anteriores. Neste eu vou confeitar. Aproveitar o glacê para enfeitar o bolo. Assar. Dourar. Crescer. Quem sabe assim não sobra um pedaço para você?

Estava escrevendo agora mesmo sobre isso, sobre uma classe de lulas (não uma "luta de classes", classe de LULAS). Mas não daqueles sem dedo, daquelas com tentáculos, braços para interagir. Pena que os professores as vejam apenas como anéis empanados, para continuar falando através... como num bar, sem se dispersar...

Ai, desculpe pelas sinapses assassinas.

Já recebi uma meia dúzia de trabalhos acadêmicos sobre meus livros. Hoje um sobre "A Morte Sem Nome". Fico lisonjeado das pessoas dedicarem tempo e empenho para analisar minhas obras, mas a participação da universidade mesmo pouco me importa. Aliás, não lembro o nome de nenhuma onde essas teses foram apresentadas.

Também me parece um pouco hipócrita levar a vida em estudos e pesquisas, sendo que minha maior ocupação mesmo continua sendo queimar oxigênio e absorver proteínas animais. Digo, dormir, acordar, comer, me esquecer e me lembrar continuam sendo minhas grandes motivações e ocupações, mas eles direcionam minha vida como se o sentido dela fosse esclarecer uma grande questão, que eu nem mesmo sei qual é. Um jogo, uma brincadeira. Então de duas em duas horas eles desmontam e dizem: "vamos tomar café".

Isso aí é de "Mastigando Humanos", na verdade, um romance sobre a adolescência, com uma grande crítica à vida acadêmica. Tem muito escritor acadêmico, intelectual, que acha super bonitinho seguir as bibliografias. Mas pra mim o que importa mesmo é escrever a minha própria - Viver! E escrever. Claro que as referências existem, mas eu mesmo as escolho. Não preciso que me digam o quanto de vermelho há em Bataille.

Isso tudo deve ser porque estudei comunicação. Só pode ser. Aliás, não é um paradoxo, "estudar comunicação"? Eu achei. Ciências humanas - hahaha! Nao há nada de científico no homem, só erros a apagar. Mais paradoxal foi quanto entrei em Letras na USP. Aquilo sim não poderia dar certo. Por sorte, Deus me deu tatuagens e não roubou minhas madeixas. Assim pude ascender pelo underground.

Ai , ai, adolescência... Mais um ano de rebeldia adolescente.

Onde estava mesmo? Ah, sim, no meu apartamento, na madrugada, num ano novo, como sempre...

NESTE SÁBADO!